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Um dos maiores da guitarra, Lanny Gordin morre aos 72 anos, no dia do aniversário

Um dos maiores da guitarra, Lanny Gordin morre aos 72 anos, no dia do aniversário

Lanny foi um dos principais responsáveis pela identidade sonora do tropicalismo

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Imprescindível no tropicalismo, nascido na China e um dos maiores guitarristas brasileiros, Lanny Gordin morreu aos 72 anos, nesta terça-feira (28), data exata de seu aniversário. O músico estava há um mês enfrentando sintomas de pneumonia. A morte foi confirmada pela esposa do artista, Cristina Gordin.

Filho de um russo com uma polonesa, Gordin mudou-se com a família para o Brasil aos seis anos – antes, vivia em Tel Aviv, Israel. Quando chegou ao país, viu seu pai abrir uma boate chama “Stardust” nos anos de 1960, local em que conheceu Hermeto Paschoal. Foi com o bruxo barbudo experimental que Lanny aprendeu a improvisar e, assim, dez anos depois, virar peça-chave sonora da música pop brasileira.

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“Fique à vontade, Lanny. Faça como quiser.”, disse o maestro Rogério Duprat durante as gravações do álbum branco de  Caetano Veloso, de 1969. Com Gal Costa, participou dos álbuns “Tropicália ou Panis et Circencis”, de 1968, “Gal”, de 1969, “Legal” em 1070 e de uma gravação ao vivo, “Fa-Tal”. Em entrevista de 2003, à MTV, Lanny afirma que Gil “gostou” dele e, assim, o apresentou à Gal e, depois, a Caetano (veja abaixo).

Acabei de saber da passagem do Lanny Gordin, guitarrista chines mais influente da #musicabr.

Foi o responsável pela guitarra de Build Up”, de Rita Lee, em 1970, e “Carlos, Erasmo”, de 1971, além dos reencontros com Caetano em “Araçá Azul” e Gil em “Expresso 2222”, em 1972 —mesmo ano em que também participou do clássico “Jards Macalé”. Com Tim Maia, o guitarrista fez o hit “Chocolate”.

LSD, esquizofrenia, bad trip e afastamento

No meio da temporada de “Fa-Tal”, Lanny se hospedou na casa de um hippie, em Londres. Após uma trip de LSD, Lanny mudaria completamente sua forma de ver a vida. “Eu era muito criança para conhecer a realidade”, afirmou ao repórter Claudio Leal, da Folha, em 2001. A droga se tornou uma amizade colorida até o sétimo quadradinho. Um deles, falsificado, revirou sua consciência. Deu-se então o salto da psicodelia para a psiquiatria. “De mãos dadas com o pai”, conta a reportagem, Lanny baixou quatro vezes no sanatório Bela Vista, em São Paulo.

Lanny Gordin descobria-se esquizofrênico e entrava numa espiral de paranóia e confusão que o impediu de marcar presença no lugar que já estava reservado e garantido para si: de um dos maiores guitarrista da música brasileira.

Retorno

para ler ouvindo: Duos, álbum de 2007


Em 2001, por causa de Luiz Calanca, dono da loja de discos Baratos e Afins, lançou o autoral “Lanny Gordin”, com 11 faixas extraídas de 23 fitas gravadas durante suas aulas com o guitarrista. Calanca viabilizaria ainda um álbum duplo do Projeto Alfa.

Em 2006, Lanny ensaio, bem sucedidamente, um retorno após 30 anos de hiato, reaparecendo em shows, participações e projetos. Tocou na banda do sambista paulistano Rômulo Fróes e participou do elogiado disco do produtor Apollo Nove, “Res Inexplicata Volans”. Um ano após, lançou um aguardado disco solo, chamado “Duos”, em que toca a sua guitarra (mais violão e baixo) ao lado de antigos parceiros e novos fãs: Rodrigo Amarante (do Los Hermanos), Max de Castro, Fernanda Takai (do Pato Fu), Vanessa da Mata, Adriana Calcanhotto e músicos que já tinham história com Lanny, como Gal, Caetano e Gil.

Em 31 de agosto de 2016, Lanny levantou da cama e desabou no chão. O tratamento da síndrome de Guillain-Barré, doença autoimune, duraria dois anos. Depois, o guitarrista enfrentaria uma espondilite anquilosante, inflamação nas articulações da coluna, cujo tratamento foi dificultado pela pandemia — e fez o guitarrista ficar cinco anos sem sair da cama.

 

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