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Filha do sertanejo João Paulo homenageia o pai na turnê de Daniel

Filha do sertanejo João Paulo homenageia o pai na turnê de Daniel

Jéssica Reis conversou com a Billboard Brasil sobre legado do pai

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Jéssica Reis, filha de João Paulo, e Daniel em show

A morte precoce do cantor João Paulo, da dupla com Daniel, vítima de um acidente de carro, marcou com tristeza a história da música no país há 26 anos. O legado do cantor de apenas 37 anos como uma das segundas vozes mais marcantes do sertanejo é perpetuado não só por hits como “Minha Estrela Perdida”, “Eu me Amarrei” e “Estou Apaixonado”–singles de álbuns certificados como disco de ouro em 1996–, mas também pela filha, Jéssica Reis. É a veterinária, de 31 anos, que sobe ao palco para homenagear o pai na atual turnê de Daniel –em comemoração de seus 40 anos de carreira.

“É emocionante, forte, dá vontade de chorar”, ela define, em entrevista para a oitava edição da Billboard Brasil (adquira a sua aqui!). “O que me deixa feliz é a emoção do público. Quando eu solto a minha voz, o povo fica de boca aberta, surpreso! Estar no palco ao lado do parceiro do meu pai, fazendo o papel dele, e ver esse amor que as pessoas ainda têm por ele… Quando a gente finaliza a música, todos gritam pelo meu pai. Já se passaram tantos anos e, mesmo assim, ele consegue ser lembrado. Ele nunca é esquecido, virou uma lenda.”

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João Paulo e Daniel foram descobertos em 1980, em Brotas (interior de São Paulo), por Hamilton Régis Policastro, primeiro empresário da dupla. “Quando os ouvi pela primeira vez, num programa de rádio, já senti que tinha algo diferente. A segunda voz, do João Paulo, se sobressaía muito. A qualidade vocal da dupla era o diferencial. Quando eles cantavam música raiz, não tinha para ninguém. Percebi que ali nascia um grande sucesso e que precisava ser lapidado.” A dupla vendeu mais de 5 milhões de discos.

jessica joaopaulo
Jéssica Reis com os pais (Arquivo pessoal)

Hamilton define João Paulo como um homem perfeccionista, atento e carinhoso. “João gostava que as coisas acontecessem certinhas”, diz. “Era um período difícil porque tinha discriminação. A gente enfrentava e fazia o povo enxergar que o talento dele superava [o racismo]. A qualidade vocal do João Paulo unida com a simplicidade e o talento que ele tinha… Ele continuaria liderando o mercado como uma das maiores segunda vozes do sertanejo.”

João Paulo sofreu o acidente fatal em 12 de setembro de 1997, enquanto dirigia sua BMW, que capotou seguidas vezes e pegou fogo, na rodovia dos Bandeirantes, no estado de São Paulo. Antes de seguir os passos do pai na música, Jéssica, fruto do relacionamento dele com Roseni Barbosa, via a arte apenas como um passatempo e um momento de diversão com os amigos e a família, na fazenda em Brotas. João Paulo, a mulher e a filha, que tinha apenas 6 anos na época da tragédia, ouviam discos de sertanejo raiz, além de nomes do country internacional, como Allan Jackson e Shania Tawan.

“Tenho apenas algumas lembranças do meu pai, porque tirávamos muitas fotos. Ele era pedreiro na época e gostava de marcenaria. Meu pai fez uma despensa, onde minha mãe colocou todos os álbuns de fotos da época. Lá, tem muitas imagens de shows, de passeios, de momentos em casa. Com isso, eu consigo ver o amor, o cuidado e o carinho que ele tinha por nós”, conta. A primeira vez que Jéssica subiu ao palco foi em 2021, participando do projeto “Daniel em Casa”. Mas a veterinária precisou de tempo, aulas de canto e mais shows para criar confiança.

Jéssica Reis, filha de João Paulo
Jéssica Reis, filha de João Paulo, e Daniel em show (Brazil News)

“Até hoje fico nervosa [risos]. Na primeira apresentação, eu não tinha presença de palco nem nada assim. Andava arqueada, com medo e timidez. E segurava muito a voz. Com o tempo, fui me soltando. Hoje, não sinto tanta insegurança. Antes, o coração pulava da garganta!”. O ex-empresário da dupla foi surpreendido quando ouviu Jéssica cantar pela primeira vez. “Eu nem sonhava que um dia ela poderia subir ao palco e cantar. A vi nascer! Ver a mulher que ela se tornou é emocionante. É a coisa mais linda do mundo ela representar o pai. Chorei demais [quando a ouvi] e me toca até hoje só de falar nela.”

Jéssica recebe o carinho do público após as apresentações e nas redes sociais. As conversas são uma forma de a veterinária descobrir ainda mais detalhes sobre a personalidade do pai. “Os fãs contam que o conheceram, mostram presentes que ele deu, fotos, autógrafos. Isso me deixa emocionada e feliz. Borro a maquiagem de tanto chorar.” Apesar da habilidade e do carisma, além do incentivo de Daniel–, Jéssica ainda não decidiu se vai seguir carreira musical.

Morro de medo, porque as pessoas esperam que eu seja igual ao meu pai. Não é porque sou filha dele que tenho o mesmo talento. Isso é dom, não só estudo. Por mais que me mate de estudar, jamais conseguirei chegar ao mesmo nível dele”, avalia. “Estou aproveitando o presente, o agora. Quando a turnê acabar, eu vou chorar muito. Estou amando viver isso ao lado do Daniel. O futuro? Não sei o que me espera.”

Jéssica Reis, filha de João Paulo, e Daniel em show
Jéssica Reis, filha de João Paulo, e Daniel em show (Brazil News)

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