Em seu 25º aniversário, o Camarote Expresso 2222 reafirmou sua importância como um espaço de celebração da cultura, do encontro, da música e da baianidade. Enquanto muitos camarotes crescem internamente e se afastam do carnaval de rua, o Expresso segue na contramão, consolidando-se como um ambiente diverso, inclusivo e multicultural. Um espaço que reverencia a cultura baiana, os blocos afros, os artistas locais e, acima de tudo, mantém-se conectado à maior festa popular do planeta: o carnaval de rua de Salvador.
Criado há 25 anos pela Família Gil para receber amigos e convidados em um ambiente íntimo, o Expresso 2222 continua sendo um ponto de encontro acolhedor, onde se reúnem aqueles que fazem, valorizam e amam a arte e a musicalidade baiana em toda a sua pluralidade. Desde a entrada, percebe-se a atmosfera amistosa e a interação genuína entre a família, os funcionários e os convidados, sem hierarquias ou egos, como destaca a comunicadora e influenciadora Maíra Azevedo, a Tia Má.

“Aqui eu me sinto acolhida, respeitada. Eu olho ao redor e vejo pessoas parecidas comigo. Me reconheço nas outras caras. O Expresso é um camarote de diversidades – e eu gosto muito de falar diversidade no plural, porque até mesmo entre a diversidade nós somos plurais. Aqui você vê pessoas negras, brancas, com deficiência, idosos, crianças. E não é só um lugar de festa, é um lugar de afeto. Um espaço onde a gente pode estar confortável, onde a gente pode ser. E ainda temos a dose extra de emoção, que é a possibilidade de ver Gilberto Gil passar por aqui a qualquer momento. Isso torna tudo ainda mais especial”, afirmou à Billboard Brasil.
Para Pedro Tourinho, empresário e ex-secretário de Cultura de Salvador, o Expresso 2222 é mais do que um evento, é um verdadeiro lar.
“Eu frequento o Expresso há mais de 20 anos, nem sei mais quantos anos eu tenho, mas é o tempo que eu venho. Aqui realmente é a casa da família Gil, mas também a casa de uma grande família de amigos. Todo mundo junto, sempre com uma diversidade incrível de pessoas. Como é um espaço só para convidados, eu me sinto muito à vontade. Todo ano bato ponto aqui.”
A atriz Taís Araújo também destaca o Expresso como um ponto de encontro essencial do Carnaval.

“Aqui a gente encontra os amigos todos, e isso é muito bom. Todo ano tem uma galera que volta, então vira um grande reencontro. E, claro, é um espaço de valorização da cultura baiana. Antes de me casar com Lázaro, eu já vinha pro Carnaval da Bahia todo ano. Amo esse som, essa energia, e acho que a música da Bahia representa resistência, identidade, cultura preta. Precisamos estimular e fortalecer isso sempre.”
Ao longo dos cinco dias de festa, era perceptível que os convidados do Expresso 2222 também eram foliões das ruas, trajando as cores dos blocos afros – seja do Ilê Aiyê, do Cortejo Afro ou dos Filhos de Gandhi. A apresentadora Rita Batista destacou essa valorização da cultura negra.

“A Família Gil tem um nome muito forte e tem esse poder de reunir as pessoas. Aqui, com a varanda, os artistas podem promover grandes encontros. Além disso, quando estamos portando uma fantasia de bloco afro, somos dispensados do uso da camisa do camarote, o que reforça essa valorização da cultura negra. O Expresso 2222 é especial porque, como o próprio Gilberto Gil diz, foi feito para ver o Carnaval – e, de repente, se tornou um lugar onde o Carnaval se vê, nesses três andares muito bem distribuídos.”
O Expresso 2222 já é reconhecido como um dos principais pontos de encontro para músicos, produtores, DJs e compositores. Para a cantora e atriz Larissa Luz, que não é frequentadora assídua de camarotes, o da família Gil é uma exceção.

“Sinto que é um espaço para amigos, artistas, pessoas que fazem arte de alguma forma. É um ponto de encontro para quem vive da arte. O Expresso tem essa energia de um espaço seguro, um lugar onde a gente se sente acolhido. Tem gente que eu não encontro o ano todo e, às vezes, encontro aqui. Então, para mim, é esse ponto de recarga para começar o ano com tudo depois de um Carnaval bem vivido.”
A cantora Melly também ressaltou o caráter especial do camarote.

“É a minha terceira vez aqui. A primeira vez que vim, tinha acabado de lançar ‘Azul’, e as coisas estavam ganhando uma relevância legal. Aqui é cheio de gente muito bacana, de artistas incríveis, e é sempre muito bom estar perto daqueles que a gente admira e respeita. Então eu adoro o 2222.”
A cantora Majur, que frequenta o Expresso desde 2019, destacou sua conexão com o espaço.
“O primeiro camarote que me abraçou foi o Expresso 2222. É uma família que sempre me acolheu. É muito significativo estar aqui, ainda mais celebrando os 40 anos do Axé.”
Já para a estreante na folia baiana, a cantora Ju dos Santos, a presença no Expresso teve um significado especial.
“Minha primeira vez no Expresso 2222 e no Carnaval de Salvador. Ser uma mulher trans e receber um convite desses pra cantar com uma banda só de mulheres é uma estreia de muito sucesso.”

O Expresso 2222 também foi palco da estreia da cantora Juliette, que celebrou o momento.
“Eu sempre ficava olhando para cá e querendo estar aqui também. Sempre acontece alguma coisa muito especial no Expresso 2222.”

A vocalista da banda Sambaiana, Ju Moraes, banda residente do camarote, reforçou sua importância para a visibilidade de novos talentos.
“É uma vitrine absurda! Você tem os artistas não só no palco, mas também curtindo o Carnaval. Vem gente do Brasil todo, do mundo todo assistir. É uma grande oportunidade para mostrar o nosso trabalho.”

Essa troca entre gerações também foi ressaltada pelo músico João Gil.
“É um lugar que crescemos frequentando, então existe esse valor emocional, essa memória afetiva agregada. Mas ao mesmo tempo, é um espaço onde acontecem muitos encontros. Podemos ver tudo o que está acontecendo no Carnaval, escutar artistas novos e também reverenciar os clássicos. É um lugar de muita música, muita cultura.”
Todos esses valores também foram refletidos nos sets da DJ Libre Ana, residente pelo segundo ano consecutivo:
“Eu sempre trago como referência no meu set muito axé, já que estamos celebrando 40 anos do gênero. Muita música brasileira e o que eu chamo de ‘música popular rebolativa’, que é tudo que faz o corpo balançar. O Expresso é um lugar que abre espaço para artistas locais. Muitos camarotes trazem atrações de fora e esquecem que Salvador é riquíssima em talentos. O Camarote Expresso 2222 faz diferente e valoriza a música daqui.”
Em mais um ano, o Expresso 2222 prestou homenagem à cultura baiana e ao carnaval de rua, refletindo essa essência em sua programação musical. Dos repertórios dos DJs às apresentações dos convidados, a festa celebrou a diversidade da MPB, do samba, do arrocha, do pop e, claro, do grande protagonista deste Carnaval: o axé music.