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Ele quer fazer do Brasil o maior mercado de música independente do mundo

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Ele quer fazer do Brasil o maior mercado de música independente do mundo

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Mahmundi, Alulu, Steve Stoute e Veigh; os artistas e o ceo da UnitedMasters (Divulgação)
Mahmundi, Alulu, Steve Stoute e Veigh; os artistas e o ceo da UnitedMasters (Divulgação)

Ao longo das últimas três décadas, Steve Stoute ajudou a moldar os rumos da música global. Ex-executivo da Sony e Interscope, parceiro de longa data de nomes como Jay-Z, Nas e Mary J. Blige, fundador da agência Translation e criador da distribuidora digital UnitedMasters, ele é conhecido por unir cultura e negócios de forma estratégica — sem perder de vista a autenticidade de quem está na base da pirâmide criativa. Agora, seu novo foco é a cena artística brasileira.

“Meu plano é investir no Brasil e fazer dele o maior mercado de música independente do mundo”, diz ele, em entrevista à Billboard Brasil, durante sua passagem por São Paulo para o lançamento da operação nacional da UnitedMasters. 

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“O trap brasileiro, por exemplo, é uma coisa linda. Tem o peso do trap de Atlanta, mas com identidade própria, com sotaque, com cor. A cultura daqui é vibrante, é potente. Isso não pode ser ignorado”, avalia. 

Modelo único de negócio

A UnitedMasters chega ao Brasil com uma proposta clara: empoderar artistas independentes por meio de tecnologia, dados e parcerias com marcas, sem abrir mão da autonomia. 

“Somos únicos porque somos o único selo musical que tem um braço de publicidade e marcas. E também somos a única empresa de publicidade que tem uma gravadora”, afirma Stoute. “Entendemos que, hoje, para um artista ser independente de verdade, é preciso também acessar oportunidades de marca, visibilidade, dados, ferramentas de marketing. E isso só é possível com um modelo de negócios que una todas essas frentes.”

Para ele, a mudança mais urgente está na forma como o mercado enxerga valor. “Quando o artista assina com uma gravadora tradicional, ele entrega os direitos autorais. Isso significa que, mesmo que sua música toque no mundo inteiro, ele pode acabar sem ver um centavo. A UnitedMasters propõe o oposto: manter o artista no centro, dono da sua criação e da sua trajetória. É sobre construir legado.”

Marcas + diversidade = sucesso 

Ao falar sobre cultura e negócios, Stoute é direto: “O maior erro que vejo nas marcas é que elas querem vender produtos para diferentes públicos, mas ninguém no topo da empresa se parece com essas pessoas. Então, elas perdem a conexão com quem consome de fato.” Segundo ele, a falta de diversidade nas lideranças corporativas gera campanhas ineficazes, desconectadas da realidade. “Sem pluralidade no topo (level-C), não existe diálogo verdadeiro.”

Por isso, a aterrissagem da UnitedMasters em solo brasileiro passa, necessariamente, por um olhar atento à inclusão — não só entre os artistas, mas também na formação dos times locais. “Hoje, mais de 70% dos nossos artistas exclusivos no Brasil são negros e 50% são mulheres. Sobre território, um dos focos da nossa estratégia de expansão este ano é justamente abrir novas frentes de prospecção e contratação de artistas das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país”, afirma Taisa Rennó, executiva escolhida por Stoute para liderar a operação brasileira.

Liderança com propósito

Com passagens por gigantes como Universal e Sony, Taisa é especialista na conexão entre música, marcas e tecnologia. Sua perspectiva como mulher e líder tem ajudado a moldar a UnitedMasters por aqui de forma singular. “É muito especial ver que, nos últimos anos, novas mulheres estão ocupando posições de liderança na indústria musical. Vejo que nós, mulheres, estamos trazendo novas abordagens e novos valores para gestão dessas companhias”, diz ela.

Ela cita LaTrice Burnette, vice-presidente executiva da UnitedMasters e homenageada pela Billboard Women in Music 2025, como inspiração. 

No campo da publicidade e monetização, Taisa defende parcerias autênticas entre artistas e marcas. “Sempre incentivo os artistas com quem trabalho a se fazerem algumas perguntas antes de aceitarem uma proposta: ‘Estou topando isso só pelo cachê e vou querer esconder esse post no meio de um monte de stories? Ou vou ter orgulho dessa campanha a ponto de colocar esse publi na minha timeline em horário nobre?’”, conta. Para ela, a transparência também deve partir das marcas: “Estamos prontos para levantar essa bandeira e bancar o barulho que a mensagem desse artista pode trazer?”

Segundo a executiva, o mercado publicitário tem amadurecido nessa escuta. “Vejo que cada vez mais as marcas entendem que o caminho para alcançar engajamento e conexão real é dar liberdade criativa ao artista — e permitir que a mensagem seja transmitida a partir do seu ponto de vista e linguagem, mesmo que isso exija flexibilizar um pouco os guidelines.” O trabalho com a Coca-Cola no evento de lançamento da UnitedMasters no Brasil, que reuniu nomes como Veigh e Alee no fim de março, representa, pra ela, um exemplo claro dessa conexão genuína.

Alee no Coke Studio (Divulgação)
Alee no Coke Studio (Divulgação)

Música como ponte

A proposta da UnitedMasters é simples e ambiciosa: ampliar o acesso às ferramentas certas para artistas de todos os cantos do Brasil. Por menos de R$10 por mês, o plano Debut+ permite que qualquer pessoa distribua suas faixas nas plataformas digitais e receba 100% dos royalties. Em breve, a empresa deve lançar um novo recurso com inteligência artificial, que ajudará artistas a desenvolverem planos de marketing com base no comportamento dos fãs.

“Nosso objetivo é que a cultura local encontre os meios para se espalhar globalmente — com autonomia e com lucro”, resume Taisa.

Para Stoute, é uma questão de justiça cultural. “Durante muito tempo, artistas independentes — principalmente os negros, os periféricos, os fora do eixo — foram deixados de fora dos grandes palcos e dos grandes cheques. Isso precisa mudar. E o Brasil tem tudo para liderar essa nova fase da música global”.

Steve Stoute (Divulgação)
Steve Stoute (Divulgação)

 

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