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Diana Bouth, A&R da Som Livre: ‘Gravadoras eram vistas como lado mau no rap’

Diana Bouth, A&R da Som Livre: ‘Gravadoras eram vistas como lado mau no rap’

Empresa trabalha com nomes como Filipe Ret, Gaab e MC Dricka

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Diana Bouth, A&R da Som Livre

No universo musical, o trabalho de um A&R é um dos mais complicados. Sigla para Artists and Repertoire (artistas e repertórios, em tradução livre), a função desse profissional se baseia em mapear o mercado e buscar os músicos que mais bem vão desempenhar o papel buscado por gravadoras, produtoras e selos. Recentemente, profissionais de A&R ligados ao hip hop, (ou seja, ao funk, rap e trap), se tornaram uma função muito visada em grandes gravadoras. E um dos grandes nomes nessa nova geração é Diana Bouth, da Som Livre.

Trabalhando com rap desde os anos 1990, ela se tornou referência no assunto numa gravadora conhecida pelo trabalho com sertanejo e com forte entrada em rádios e TVs –um modelo quase antagônico ao que o rap trabalhava.

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“As gravadoras eram vistas como lado mau do mercado para a galera do rap e do funk. Lembro que, no começo, meu trabalho era meio que de tecla SAP. Eu tinha que traduzir o que cada um queria, o que cada contrato indicava”, conta.

Antes do trabalho como A&R, Diana foi modelo, VJ na MTV e apresentou programas esportivos no Grupo Globo entre o final dos anos 1990 e a primeira década dos anos 2000.

Ela entrou na gravadora em meados de 2015. Numa reunião para apresentar o trabalho do Cone Crew Diretoria, Diana chamou a atenção de um diretor da empresa. Em vez de contratar o grupo, a Som Livre abriria espaço para uma profissional ligada ao rap.

“Era minha única chance de poder conversar, de explicar o que pensava sobre mercado. Falei a real e gostaram. Sinto que as gravadoras ainda têm dificuldade para entender os detalhes do funk, do rap. Mas, falando pela Som Livre, hoje tenho uma equipe 100% dedicada e que vem dessa cultura. Esse é o único caminho”.

Liderando pelo exemplo

Atualmente, a Som Livre trabalha com nomes consagrados do gênero, como Gaab, MC Dricka, Filipe Ret, além de MCs da nova geração, como Yago Oproprio e Vulgo FK. Ret, aliás, é considerado por muitos o primeiro case de sucesso na parceria entre um artista de rap e uma grande gravadora nacional.

Mas o que fez Ret dar certo dentro de um modelo mais clássico? Diana explica:

“O Ret ouviu. Essa resposta é simples. Ele soube entender que a gente está ali para somar. Creio que hoje muitos artistas já entendem isso e conseguimos demonstrar com resultado, números”, comenta.

Demora?

Dizem por aí que tem um A&R em cada esquina  procurando o próximo trapstar brasileiro. Em um momento de alta do gênero entre os jovens, as gravadoras buscam encontrar seu próximo pote de ouro.

No entanto, essa corrida se iniciou com certo atraso. Há cerca de uma década, produtoras independentes trabalhavam na carreira de nomes que apenas anos depois chamariam atenção das gravadoras.

E esse intervalo fez com selos e produtoras como Supernova e Labbel, que trabalham com nomes como Veigh e Yunk Vino, respectivamente, conquistassem a independência e mantivessem suas estrelas longe do assédio das majors.

“Não teve demora. É uma adaptação natural, leva um tempo para entender as movimentações. Hoje não somos mais vilões, somos parceiros de selos, por exemplo. É importante que eles no vejam como uma oportunidade de alcançar novos patamares”, conclui.

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