Destaque do Carnaval de Recife, Flaira Ferro lança single com o cantor Lenine
'Afeto Radical' dá nome ao próximo disco da cantora e dançarina recifense

Cantora e dançarina, Flaira Ferro é um dos principais nomes da música pernambucana nos últimos dez anos. O ponto de partida é o frevo (ritmo que ela dança com extrema) desenvoltura, mas ela se destaca em outros gêneros musicais. Flaira despontou em 2014 com a canção “Me Curar de Mim”, que ganhou repercussão nacional quando o ator Reynaldo Gianecchini compartilhou o vídeo da música em suas redes nacionais. Desde então, o nome de Flaira tem marcado presença principalmente em festivais no Recife. O mais recente lançamento da cantora é “Afeto Radical”, um “rock frevo” que ela canta em parceria com Lenine. Abaixo, Flaira fala da música, do Carnaval da sua cidade natal e de planos para o lançamento de um novo disco.
“Afeto Radical” soa como um encontro entre as pulsações do frevo e do rock. Como se deu essa mistura?
Vivo no frevo desde a infância e conheci o rock na adolescência, por influência do meu pai. A relação entre frevo e rock não foi calculada durante a composição de “Afeto Radical”, que é uma parceria com Lucas Dan. A pulsação e os caminhos melódicos foram criados espontaneamente e estão, de certa maneira, na minha minha subjetividade e formação musical. Mas para além da relação pessoal com os dois ritmos, é fato que tanto o frevo quanto o rock têm a transgressão e a rebeldia como características em comum. São manifestações que nascem do povo marginalizado em oposição aos modelos de opressão.
Qual a importância da participação do cantor e compositor Lenine em “Afeto Radical”?
Lenine é um cantor que há muito me emociona. A poesia, a ideia, o timbre da voz, a postura, os lugares pra onde ele direciona o olhar… A ligação dele com o rock e com os batuques e ritmos pernambucanos. A busca filosófica e espiritual de conexão com a natureza. São muitas camadas de identificação. Quando pensei em cantar “Afeto Radical”, ele era a única pessoa que me vinha na cabeça para interpretar com propriedade a combinação entre amor e rebeldia.
Hoje o Carnaval de Recife vai dos tradicionais frevo e maracatu ao brega funk. Como avalia isso?
A diversidade é a coisa mais rica do nosso carnaval. E ela só existe porque há mistura. A música do frevo é a combinação de ritmos como dobrado, polca e maxixe, por exemplo. O brega funk traz no nome a sua bússola. Um ritmo vai influenciando o outro e nisso vão surgindo os desdobramentos e desejos de uma geração. Acho que tradição e inovação só existem porque andam juntas. A novidade se faz em cima do que está sedimentado. É uma continuação. Às vezes como ponto e contraponto, outras complementaridade.
Qual a importância do frevo na tua vida?
Nasci no período carnavalesco e o frevo é a minha porta de entrada para o mundo artístico. aprendi a me comunicar através da escuta do corpo, pelos movimentos e passos de dança. Fiz muitos amigos e conheci dezenas de países através do frevo. É a minha universidade, é a lente que me ensina a ler o mundo. Com ele aprendo sobre desigualdades, resistência, atitude, coragem, encontro, vitalidade, irreverência, paixão, desejos de liberdade, alegria, e sobretudo, a importância das ruas. O frevo é nossa fonte cultural viva, algo que continua despertando meu interesse criativo se desdobrando em novas canções.
“Afeto Radical” é o ponto de partida para um novo disco?
É a música que dá nome ao novo álbum e que revela um pouco a instrumentação do novo disco. A sonoridade das faixas conta com arranjos de sopro, synths, baixo e bateria. O lançamento tá na boca do gol e em março de 2025 o disco tá no mundo.