Depois de brilhar nos palcos, Xand Avião se consagra como empresário do forró
Cantor e dono da produtora Vybbe estrela capa da #8 edição da Billboard Brasil
Dedicado à carreira solo desde o fim do Aviões do Forró, em 2018, Xand Avião enfrenta para uma maratona de 33 shows durante o São João. Além disso, ele se divide entre diversas frentes que assumiu recentemente como empresário. Xand é um dos nomes por trás dos maiores eventos do gênero durante as festividades de junho Brasil afora.
Campina Grande? Petrolina? Eusébio? Todos foram produzidos pela Vybbe, empresa orgulhosamente nordestina fundada por Xand ao lado dos sócios Carlinhos Aristides, Everton Silveira e Kleryston Pontes. Teve até a exportação do São João do Nordeste para a Marquês de Sapucaí, no Rio, com público de 50 mil pessoas, no início de junho.
“A gente é doido [risos]. Mas, quando idealizei a Vybbe, eu queria estar dos dois lados da moeda, ser o artista e o produtor. E em 2024 a gente está produzindo o São João de Petrolina, que é o maior. É como se fosse o Carnaval do Rio de Janeiro, as maiores atrações do São João estão lá”, explica Xand, para quem, porventura, não sabe do que se trata uma das mais importantes manifestações culturais do país.
Um cara humilde, lembra? “Sempre foi meu sonho cantar no São João de Campina Grande e hoje a gente produz a festa.”
No restante do ano, Xand e seus sócios pretendem investir ainda mais em eventos. Como um Perry Farrell (vocalista do Jane’s Addiction e criador do Lollapalooza) do forró, o cantor segue realizando o Fantasy, festa de Halloween que nasceu na época do Aviões. “A última edição foi toda produzida pela Vybbe. Queríamos mostrar que sabemos fazer eventos com qualidade.”
Por isso também criou o Viiixe, festival itinerante dedicado ao forró e seus desdobramentos, como o popular piseiro de João Gomes e Barões da Pisadinha. Realizada ao longo de 2024 nas principais capitais do Brasil, a terceira edição do Viiixe já passou por São Paulo, São Luís e Salvador, com uma média de público de 30 mil pessoas por praça.
Em janeiro, lançou um novo evento, o Mixtura, que segue a tendência dos festivais nacionais de juntar artistas de diferentes segmentos em apresentações inéditas. A ideia é que, assim como o Viiixe, a festa rode o país. “Já vivi de tudo, já toquei para 50 mil pessoas, já fiz nove turnês internacionais. E eu quero mais, quero alguma coisa que me dê tesão de sair de casa. Por isso estou sempre inventando coisas novas.”
Discípulo de Dominguinhos e Luiz Gonzaga no forró, Xand tem também como inspiração o empresário Roberto Medina, criador do Rock in Rio, festival que comemora 40 anos na edição de 2024. “Eu me espelho muito no Rock in Rio. O Medina é um cara visionário. Nos primeiros anos do evento, ele levou um pau, chegou a pensar em desistir, e deu tudo certo”, diz ele, que não está no line up do tão falado Dia Brasil do festival, que junta alguns dos maiores nomes da música popular brasileira. Uma pena.
“Tanto eu quanto os meus sócios, que são loucos como eu, queremos quebrar a cara até mostrar que dá certo. Queremos levar o Viiixe para o exterior ainda neste ano.”
Então o plano é dominar o mundo? “O mundo, não, mas um pedaço dele com certeza.”
Empresário de novos fenômenos
Além de ter dominado o mercado de festas juninas do Nordeste, a Vybbe de Xand Avião ainda é responsável pelo lançamento de novos fenômenos do gênero. “Por amor à música, eu sempre quis contribuir com algum artista novo, ajudar na realização de um sonho”, explica ele sobre esse apadrinhamento meteórico, mas não tão repentino.
“Eu nunca tinha me metido com isso antes porque não tinha tempo nem para a minha carreira, quanto mais para outra, né? Mas na pandemia a gente passou quase três anos parado e foi quando nasceu a Vybbe. Começamos com o Zé Vaqueiro e deu certo. Foi o cantor mais ouvido de 2021 no YouTube.”
Depois do vozeirão do hit “Letícia” (do maravilhoso refrão “pra onde você vai com aquele mototaxista?”), vieram Nattan, Felipe Araújo e Mari Fernandez, entre outros. Todos estourados. Os pupilos de Xand somam quase 3 milhões de fãs na Deezer, 45 milhões de ouvintes mensais no Spotify e 9,5 bilhões de visualizações no YouTube.
“A gente não dá talento a ninguém, a gente só mostra para o Brasil. E acho que a gente ainda sabe o que o povo quer ouvir”, diz o empresário, na tentativa de explicar as apostas certeiras da Vybbe, que, somadas, farão mais de 170 shows no mês de junho.
O mercado concorda. “O diferencial do Xand é que ele se coloca como um padrinho estratégico do artista e, com isso, passa toda a sua experiência, se envolve na escolha de repertório e na construção da carreira”, opina Polly Ferreira, editora sênior da Deezer no Brasil e especialista em sertanejo e forró.
