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De carona no passado, mistura do pagode com funk vira moda

De carona no passado, mistura do pagode com funk vira moda

Parceria entre artistas dos gêneros vem ganhando destaque

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A mistura do samba com o rap é uma das grandes invenções da cultura brasileira. De Racionais MCs e Negritude Jr em “Gente da Gente“, passando por Jorge Aragão e a canção “Tape Deck“, chegando em Marcelo D2 e Sampa Crew, que tinham um mix dos dois gêneros.

Entre os anos 1990 e o começo dos anos 2000, os gêneros andavam lado a lado. Mais recentemente, é a vez da mistura de dois derivados, o pagode e o funk, se aproximarem de vez.

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O novo fenômeno já aparece entre as músicas mais ouvidas do país, segundo o Billboard Brasil Hot 100. O funk “Samba de Malandro”, de MC Daniel, MC Paulin da Capital e MC Ryan SP, ocupa a 34ª posição na lista.

Pagodeiro”, outro projeto do gênero, acumulou mais de 60 milhões de plays no Spotify e 30 milhões de visualizações no Spotify, e ganhou uma “parte 2” que chegou a figurar no Hot 100.

Novos públicos

Os dois casos citados mostram MCs cantando na batida de funk com elementos de pagode, principalmente pandeiro e cavaco, que se tornam destaque nas produções.

No caso de “Pagodeiro”, uma das tentativas dos funkeiros é trazer para o presente sucessos do passado. Para isso, os MCs usam nas suas rimas trechos de músicas como “Caviar“, de Zeca Pagodinho, e “Eu e Você Sempre“, de Jorge Aragão, ambas lá do início dos anos 2000.

Percebendo a tendência de mistura entre funk e pagode, MC Marks lançou o álbum “Menino de Fé”, que conta com as participações dos pagodeiros Xande de Pilares, Belo, Tiee, Ferrugem e Marvvila.

“Acho que essa mistura mais recente tem a ver primeiro com as produções, que já contam com alguns pontos de cavaquinho, e a daí por ter sucesso, a galera reproduz. Outra questão é a origem dos funkeiros mesmo, uma galera tem o samba como berço, foi iniciada na música por lá”, explica Marks, em entrevista para Billboard Brasil.

O outro lado da mesa

Pagodeiros também vêm se movimentando para encontrar um espaço nesse novo fenômeno. É o caso, por exemplo, do próprio Jorge Aragão, que regravou grandes sucessos com nomes como L7nnon e Xamã. Ou do cantor Mumuzinho, que decidiu convidar MC IG, para o seu novo DVD, que será gravado no dia 3 de julho, em São Paulo.

Com o nome “Conectado”, o projeto tem a ideia de ligar o pagodeiro com outros estilos musicais.

“Tem uma conexão natural entre o samba e o funk, o rap, as músicas de rua mesmo. E acho que tem uma questão de respeito mútuo. Quando liguei para o IG, ele se mostrou muito feliz, disse que era uma honra. A honra, na verdade, é minha, de poder ter essa troca”, comentou.

No entanto, o intercâmbio não fica apenas na parceria entre artistas. O grupo Benzadeus e Lukinhas, por exemplo, investem no chamado pagode urbano. É uma mistura que mistura elementos das duas culturas.

“Desde moleque, sempre gostei e estive muito envolvido com a música e cresci cercado por muitos ritmos, principalmente o funk e rap. E uma das coisas que sempre quis fazer em minha carreira é enaltecer minhas raízes e cultura. O pagode urbano já é um gênero que traz uma linguagem que se conecta diretamente com esses ritmos do funk e do rap”, diz Lukinhas.

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