Conheça Nídia Aranha, a fada-madrinha dos artistas
Eles sonham e a diretora criativa faz acontecer


A música, assim como o contexto em que ela está inserida, carrega uma série de significados. Ela pode trazer mensagens –explícitas ou implícitas– que os artistas querem comunicar aos fãs por meio de outros elementos que ultrapassam as notas e os versos. E a identidade visual é um aspecto importante em um projeto musical.
Artistas imaginam e criam conceitos, buscando contar histórias por meio de seus álbuns, clipes e até mesmo em grandes shows. Mas nem sempre trazer os pensamentos à tona e dar forma a esse universo é uma tarefa fácil –e isso nem pode ser feito isoladamente. Nesses momentos, muitos contam com uma ajuda. É aí que entra a fada-madrinha Nídia Aranha.
Carioca da Baixada Fluminense, natural de Itaguaí, no Rio de Janeiro, ela tem 30 anos, é travesti, diretora criativa e pesquisadora. Em sua carreira, já trabalhou com grandes estrelas da música brasileira atual, como Iza, Gloria Groove, Ludmilla e Pabllo Vittar.
Devido à sua pesquisa, apresentações como performer e trabalhos com ourivesaria –a habilidade de fazer joias–, ela se considera, primeiramente, uma artista. Apaixonada por esse universo desde sempre, é uma entusiasta do cinema, da moda e da arte contemporânea.
Formada em design de produto e comunicação visual pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), antes de se aventurar na música, assinou trabalhos com marcas influentes nos setores da tecnologia, cosmética e entretenimento.
Felipe Sassi, diretor de clipes importantes do pop nacional, como “Gueto” e “Sem Filtro”, da cantora IZA, foi o responsável por apresentar Nídia ao mundo fonográfico. “Fiquei extremamente admirado com o olhar disruptivo que ela trazia para interpretar os ambientes e cenários, de uma maneira que costurava muito bem a arte, a moda e a ciência”, diz ele.
O primeiro trabalho que assinaram juntos foi o vídeo de “Rainha da Favela”, sucesso de Ludmilla. Na produção visual, além de trazer sua própria história, a cantora também saúda e reverência a corte de mulheres que abriram para ela as portas do funk. “Ali, ela trouxe propostas incríveis com maestria, conectando muitos artistas da cena e incorporando signos fundamentais para construir a narrativa”, ressalta Felipe.
Depois disso, Nídia Aranha não parou. Entre seus principais projetos estão a direção criativa e artística dos álbuns “AFRODHIT” (2023), de IZA, e “Lady Leste” (2022), de Gloria Groove, além de shows emblemáticos de Ludmilla em festivais e a codireção do especial “Amigas”, da Globo, que homenageia as mulheres no sertanejo.
Um dos projetos mais marcantes e desafiadores de sua carreira foi a apresentação de Lud no The Town em 2023, que contava com um enorme cofre dourado de três toneladas com portas automáticas de onde a cantora descia até “pousar” no palco. “Foi bem complexo, porque era algo que ninguém tinha feito antes”, conta a carioca em entrevista à Billboard Brasil. “Foi uma das cenografias mais complicadas de construir.”
Mais uma prova de que a música vai muito além do aspecto sonoro. “A música é uma poderosa ferramenta de expressão, mas, quando combinada com imagem e vídeo, ela se transforma em uma força capaz de invadir e redefinir novos territórios de discurso.”