Como a música transforma vidas
Artigo debate o papel da música no cotidiano das pessoas
Você já ouviu alguém falar que estava triste e as coisas melhoraram quando colocou uma música para escutar? Ou ficou sabendo do caso de pessoas que afirmam que a música já salvou suas vidas em um momento de depressão? É isso mesmo, a música é capaz de transformar vidas e isso acontece todos os dias, com milhares de pessoas em todos os cantos do mundo. Não é à toa que o famoso ditado perdura por décadas: quem canta (ou toca), seus males espanta.
E não é só achismo não! A sabedoria desse antigo ditado popular é comprovada por estudos acadêmicos. Aprender a tocar um instrumento musical ou cantar tem efeitos positivos para o humor, alivia o estresse, a ansiedade e a depressão. Além disso, refina a capacidade do cérebro de perceber e interpretar sons e imagens, fortalecendo a percepção sensorial, o que pode ser utilizado em diferentes momentos da vida e em qualquer idade.
Aqui na School of Rock, rede de ensino musical do qual faço parte, e hoje é a maior rede de escolas de música do Brasil e do mundo, temos uma série de exemplos que mostram o quanto as pessoas estão enxergando na música uma terapia. Para se ter uma ideia, identificamos um aumento de 15% de jovens de 10 a 14 anos procurando aulas de instrumentos de 2023 para 2024. Desses alunos, 25% citaram a ansiedade e depressão como uma das razões para iniciar a sua jornada musical.
Entre adultos, a procura foi ainda maior em todos os sentidos e no mesmo período, o crescimento foi de 33%, sendo que 65% mencionaram o interesse por uma atividade eficaz para diminuir o estresse e a ansiedade. Os números mostram a realidade que vivemos hoje e como a música pode colaborar para melhorar a qualidade de vida das pessoas.
O aprendizado musical também melhora o que a ciência chama de processo multissensorial, fundamental para dominar qualquer atividade, como andar na rua, procurar alguém em meio a uma multidão ou simplesmente navegar na internet. Então, sim, é verdade! Tocar um instrumento desenvolve a coordenação motora, principalmente durante o crescimento.
E não para por aí. Tocar um instrumento ou cantar pode amenizar sequelas neurológicas decorrentes de doenças degenerativas e acelerar a recuperação de lesões físicas originárias de Acidente Vascular Cerebral (AVC), por exemplo. E, como mostrou um estudo da UFMG, a música também teve impacto na rotina de crianças com TDAH (Transtorno de Deficit de Atenção com Hiperatividade), mostrando que elas ficaram mais interessadas e assertivas nas atividades quando estavam ouvindo música.
Outro ponto que eu gosto muito de falar sobre o poder de transformação da música é a socialização!
Aprender a trabalhar em equipe, ouvir o outro, levar em consideração as outras opiniões, fazer amizades, ter discussões, defender o seu ponto de vista perante outras pessoas são só algumas das tantas habilidades que podemos desenvolver quando temos uma banda. Ter uma banda ensina muito sobre socializar e trabalhar em grupo. O aprendizado musical com o ensaio em grupo contribui muito para a criatividade e expressão junto com mais pessoas! Independente da idade, você aprende a confiar nos outros e também entende que os outros confiam em você.
É muito interessante ver tantas vidas sendo modificadas por meio do ensino musical e perceber que tocar e cantar realmente pode fazer a diferença no mundo! Seja qual for a motivação para tocar ou cantar, é uma ótima oportunidade de expressar o estilo pessoal, achar a sua identidade, fazer amigos, aliviar o estresse e, quem sabe, dar os primeiros passos para uma grande carreira musical. Uma coisa eu tenho certeza, você consegue!
* Fernando Quesada é músico, produtor musical, professor e sócio-diretor da School of Rock Brasil, Portugal e Espanha.
