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Com coragem, Coquetel Molotov criou simbiose pop em festival no Recife

Com coragem, Coquetel Molotov criou simbiose pop em festival no Recife

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coquetel molotov 2024

O festival No Ar Coquetel Molotov começou na rádio AM de Recife. E, talvez, esse DNA ainda esteja em sua 21ª edição —que brindou o público com headliners que fizeram shows em horário nobre impossível em outros festivais de proporções similares e com algum gosto pelos artistas menos desejados pelas plataformas de streaming. Nomes como Ventura Profana, Jessica Caitano e Samba de Coco Raízes de Arcoverde, Amaro Freitas, Nega do Babado e Rayssa Dias, Paulete Lindacelva, Nailson Vieira, Ramon Sucesso, Speed Test e Mu540 proporcionaram grandes momentos —inclusive alguns deles tocando na Concha Acústica do campus da Universidade Federal de Pernambuc0.

Pabllo Vittar foi a grande estrela do festival e fez show marcado por sucesso orgânico, fanatismo e drible no som.

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Veja os principais destaques:

Ventura Profana

“As que confiam nas travas são como os montes de Sião: que não se abalam, mas permanecem para sempre”, bradou a baiana e pastora Ventura Profana naquele que foi um dos melhores shows do festival pernambucano. Ministrando a palavra em nome de um Deus que é pelas travestis, Ventura subiu escadas, cantou todo tipo de ritmo com voz impecável —mas também perfomance. Show maiúsculo. “Eu quero viver em paz”, disse ela após o som falhar, mas também para toda as situações que cercam sua vida como corpo em uma sociedade que a estranha.

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Ventura Profana: pastora, ministra de louvor e resistência em um dos melhores shows do ano (Bieco Garcia/Coquetel Molotov)

Paulete Lindacelva

Pernambucana, Paulete não tocava em casa há bastante tempo. Responsável pelo primeiro grande show do palco Kamikaze, ela foi também quem conduziu os momentos desse palco que ainda chegariam em rave alucinante. Mas, com equilíbrio, conduziu uma aula de house passando por clássicos sem nenhum pudor —teve “Funkytown”, do Lipps Inc., “Big Fun”, do Inner City, “I Feel Love”, de Donna Summer— e também por momentos eletrizantes como um número que já costuma fazer que é uma pancada remixando “Chega Mais”, clásssico da Banda Black Rio.

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Depois de anos sem tocar em Recife, Paulete fez aula de house (Allan Rodrigues/Coquetel Molotov)

Amaro Freitas

Outro que jogava em casa era Amaro Freitas. Na Concha Acústica, o trio formado também por Sidiel Vieira (contrabaixo) e Rodrigo “Digão” Braz (bateria) enloqueceu o público que lotou o espaço mesmo com AJULIACOSTA sendo protagonista no palco maior do festival. Criando repetições, camadas e muita pancada, o pianista fez o público bater cabeça e acenar espiritualmente para todas as direções.

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Amassando no piano, Amaro Freitas fez show apoteótico (Hannah Carvalho/Coquetel Molotov)

Nailson Vieira

Com 22 anos, Nailson Vieira é uma das grandes revelações da música de Pernambuco. Vindo de Nazaré da Mata, ele compõe, canta, improvisa, toca trombone e é imparavel em palco. “Só vamos sair daqui se alguém expulsar”, ele brinca gozando uma plateia já rendida. Com uma tuba marcando o grave, ele serpenteou o palco da Concha Acústica com a concorrência de Zaynara (palco Coquetel) e de Mu540 (palco Kamikaze). Quem o descobriu lá viu grandes momentos de brega, forró, coco, tudo.

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Nailson Vieira: só saiu do palco porque tinha programação para ser seguida (Bieco Garcia/Coquetel Molotov)

Speed Test convida Cheadiak, DJ BJ3 e Zoe Beats

A rave do selo mineiro Speed Test chegou em Recife convidando dois da terra: DJ BJ3 e Zoe Beats. Deu certo, óbvio —mas, mais que isso, criou o primeiro umbral do festival. Quem precisava ir do palco Coquetel para a Concha Acústica precisava passar por um grande moedor de cérebros que o trio provocava ao entortar Racionais em jungle, “Casca de Bala” em trance, Linkin Park em torrente de grave.

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O trio Chediak, BJ3 e Zoe Beats (Allan Rodrigues/Coquetel Molotov)

Mu540

Mu540 cresceu, já desfruta de sucesso que o torna headliner para aqueles que esperam ansiosos para completar a vinheta “DJ Mu540, manda pra ela seu filho da puta!”. E não deu outra. Saiu do palco aclamado e criou uma confusão no festival porque interditou a passagem para os outros palcos. Ninguém passava tamanho o bloco sólido de gente balançando latinha de Red Bull, picotando alguma coisa com tesoura, botando dedo na boca de outrem. Coisa bonita que terminou em… reggae.

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O DJ Mu540 no comando do umbral formado no festival (Allan Rodrigues/Coquetel Molotov)

Nega do Babado e Rayssa Dias

O palco Coquetel reservou um momento especial à uma da madrugada: a bregadeira de Nega do Babado e Rayssa Dias fez um troço acontecer na pista do principal certame do festival. A quantidade de corpos rodando, se batendo, roçando era coisa de linda de viver. Autora do clássico “Milk Shake”, Nega não teve um minuto de silêncio da platéia.

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Nega do Babado e Rayssa Dias: bregadeira tomou conta do palco Coquetel (Hannah Carvalho/Coquetel Molotov)

Tati Quebra Barraco

Tati foi recebida no palco Kamizake pelo mesmo umbral que se formou com Paulete, cresceu com a Speed Test e ficou imensa com Mu540. Não é um show revival: o começo já é em 150 BPM e a rajada é impossível de segurar. De “Boladona” a “Tá Ardendo Assopra”, Tati cantou e foi cantada de cabo a rabo como rainha do funk que é. Recife sempre foi uma grande produtora de funks nos anos 1990 e 2000 e recebeu-a como diva.

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Tati Quebra Barraco no palco Kamikaze: entregue nos braços dos pernambucanos (Allan Rodrigues/Coquetel Molotov)

Ramon Sucesso

O DJ carioca de 22 anos tem história de acasos que o fizeram um dos mais requisitados do funk contemporâneo. Ramon Sucesso não é só um meme e àqueles que esperam uma reprodução do hit viral “AI AI AI AI AI AI AI AI AI AI AI AI 🔥🤤😈 SER BANDIDO É BOM DEMAIS 🙅‍♂🚫🎭 OLHA SÓ O QUE ELA FAZ 👀👩🤤 QUANDO VÊ A PEÇA DO PAAAAAAAAI 🔫😈✌🏼 CAI CAI CAI CAI NA ROLA DO PAAAI 🍆🥵💯 CAAAAI CAI CAI NA ROLA DO PAI 🍆🥵💯” viram um DJ que espancou a plateia com o fino dos bailes cariocas —e assim fez-se rave de quatro às seis da manhã.

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Ramon Sucesso iniciando o fechamento de Coquetel Molotov às quatro da manhã (Hannah Carvalho/Coquetel Molotov)

Jessica Caitano e Samba de Coco Raízes de Arcoverde

O que fez Jessica Caitano embolando por sobre o Samba de Coco Raízes de Arcoverde foi momento alto —e bem cedo— do festival. Responsável pela abertura, a dupla deu o tom de tudo o que viria depois: um Estado que não se aguenta em si mesmo e faz muita coisa soar junto. Os repentes, o coco, a poeira que subia: tudo indicava o que contamos acima em cada um dos shows que se sucederam.

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Jessica Caitano e Samba de Coco Raízes de Arcoverde (Hannah Carvalho/Coquetel Molotov)

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