Cine quer pagar ‘dívida’ com o público após ‘término por celular’
Sucesso nos anos 2000, banda volta para dois shows de despedida
O ano era 2007, não existia TikTok ou Spotify. My Space, Fotolog e MSN eram as redes sociais do momento. A internet de muita gente ainda era discada e a web como conhecemos hoje estava em seus primórdios. Se agora a dúvida é quem vai estar na próxima capa da Billboard Brasil, antes era quais cantores ou grupos estrelariam os pôsteres das revistas “Capricho” e “Toda Teen”.
Uma banda que sempre marcava presença nas bancas e nos fones de ouvido da época era o Cine. Após sete anos de hiato, o grupo prepara seu retorno aos palcos. Serão dois shows no Replay Festival, que rola no Rio de Janeiro e em São Paulo e tem os anos 2000 como inspiração. Segundo DH, Pedro Dash, Dan Valbusa, Bruno Genz e Dave Casali, essa volta é a forma de pagar uma “dívida” com os fãs, que receberam a notícia do término do grupo como o fim de um relacionamento via celular.
Do fim da banda até agora muita coisa mudou, desde o jeito de consumir música até a tecnologia que eles vão utilizar nos shows. “Éramos uns moleques de Celta, hoje somos uns velhos de Ferrari”, brinca DH no papo exclusivo com a Billboard Brasil, com ares de resenha entre amigos.
O retorno do Cine
Assim como bandas como NX Zero, Restart, o Cine também entrou na onda dos comebacks, porém de maneira mais “sóbria”. Diferentemente de seus colegas de época, eles não andam fazendo muito alarde e a “turnê” de despedida se resume (até o momento) a esses dois shows.
“Foi proposital, desde o começo a gente meio que orquestrou isso, de fazer poucas aparições estrategicamente, também respeitando a vida de cada um hoje”, disse o vocalista DH. “Nossas reuniões começavam às 22h30”, completou.
Depois que se separaram, cada um focou em seus projetos solo, e a maioria foi para trás dos palcos. Dan e Dash fazem parte do trio de produtores Los Brasileros, ao lado de Marcelinho Ferraz. Dave trabalha com os cantores WD, Letícia Hally e Mar.iana. DH foi para as artes plásticas.
O único que ficou, de alguma forma, sob os holofotes foi Bruno, que recentemente acompanhou Di Ferrero, vocalista do NX Zero, em seus shows solo. Além disso, ele se aventurou em um projeto de eletrônica, o Rakka, ao lado Arthur Lucchesi.
Os integrantes do Cine marcaram uma geração com músicas como “Garota Radical”, “As Cores” e “Usurpadora”. Para acompanhar o retorno aos palcos, eles lançaram um único single, “Último Clichê”, nesta quarta-feira (25).
“A ideia de ‘Último Clichê’ foi criar algo lembrando o nosso primeiro disco, mas também tentando trazer tudo o que a gente passou nesses anos”, contaram.
Com idades entre 34 e 39 anos, alguns com famílias formadas e até com filhos (“esses ensaios até 22h com os dois filhos pequeno em casa estão sendo uma loucura”, diz Dash), os músicos garantem que a vontade se reunir sempre existiu, mas, por estarem focados em seus projetos pessoais, nunca dava certo. Amigo de longa data dos meninos e idealizador do Replay Festival, Thiago Amorim foi o responsável por fazer esse encontro acontecer.
“Ele realmente conseguiu juntar geral. Porque a gente falava muito disso, só que cada um estava num corre”, disse Pedro Dash.
Fim da Banda
O anúncio do fim da banda, em 2016, pegou os fãs de surpresa. “A gente anunciou no Instagram”, relembrou Dash. O grupo não vivia seus melhores momentos, e apenas avisou que entraria em hiato, sem dar mais detalhes do motivo da separação.
“Foi um post de Insta, não foi nem um vídeo, foi uma parada meio como término por celular”, contou DH, que, junto com os parceiros de banda, se sentia em dívida com o público.
E os fãs cobraram.
”O Cine sempre teve seguidores fanáticos, tem grupos que nunca largaram a gente, e essa galera sempre ficou brava”, conta DH. “Eles pressionaram muito a gente, mandavam mensagens pedindo um show de despedida, e o festival vai ser essa oportunidade”, disse Dave.
