Carlos Lyra, compositor, violonista, e pioneiro da bossa nova, morre aos 90 anos
A informação foi confirmada pela família neste sábado (16)
Morreu neste sábado (16), no Rio de Janeiro, o compositor, violonista, cantor, Carlos Lyra. A informação foi confirmada pela família. Lyra havia sido internado no Hospital da Unimed, na Barra da Tijuca, na última quinta-feira (14) com um quadro de febre. Após alguns exames, foi detectada uma bactéria. No entanto, a causa da morte ainda não foi confirmada. Ainda não há informações sobre o velório e enterro.
“É com imensa tristeza que comunicamos a passagem do compositor Carlos Lyra, nessa madrugada, de forma inesperada. A todos, agradecemos o carinho”, comunicou o perfil oficial do músico no Instagram.
O músico, nascido no Rio de Janeiro em 1939, deixa uma única filha, a cantora Kay Lyra, fruto de seu casamento com a atriz e ex-modelo estadunidense Kate Lyra. Carlos morava na capital fluminense, e desde 2004 era casado com sua produtora Magda Botafogo.
Trajetória
Nascido no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro, em 1939, Carlos era o filho mais velho de José Domingos Barbosa, oficial de marinha, e de Helena Lyra Barbosa. Sua jornada com a música começou desde cedo, ao começar a brincar com um piano de brinquedo aos sete anos de idade, e passando, em seguida, para a gaita de boca. Na adolescência, se dedicou ao esporte, e mais especificamente ao salto em distância, no entanto, quebrou a perna em um campeonato da modalidade, o deixando de repouso na cama por seis meses. A época de reclusão serviu para começar sua longa relação com o violão. Ao receber a alta do médico, Carlos já dominava o instrumento. Concluiu o antigo segundo grau Colégio Mallet Soares, em Copacabana, onde conheceu o compositor Roberto Menescal, com quem montou a primeira Academia de Violão, local por onde passaram Marcos Valle, Edu Lobo, Nara Leão e Wanda Sá, entre outros. A dedicação ao ramo musical resultou na desistência de Lyra do curso de Arquitetura na faculdade.
O músico, que escreveu sua primeira canção, intitulada “Quando chegares”, em 1954, teve Geraldo Vandré, que na época se apresentava como Carlos Dias, interpretando sua composição “Menina” no primeiro festival da canção, realizado pela TV Rio. Carlos foi uma figura vital da primeira geração da bossa nova ao lado do parceiro Ronaldo Bôscoli, além de Tom Jobim, Vinícius de Moraes e João Gilberto.
Além de “Menina”, possui canções como “Você e Eu”, “Coisa mais Linda”, “Influência do Jazz”, “Maria Ninguém”, “Minha Namorada”, “Ciúme”, “Lobo Bobo”, “Maria Moita” e “Se É Tarde me Perdoa”, como destaques de sua discografia.
Em janeiro deste ano, um álbum em homenagem aos 90 anos do artista começou a ser produzido, com intérpretes incluindo Caetano Veloso, Djavan, Edu Lobo, Fernanda Abreu, Gilberto Gil, Ivan Lins, Joyce Moreno, Leila Pinheiro, Lulu Santos, Mônica Salmaso, Ney Matogrosso, Paula Morelenbaum, Roberto Menescal e Wanda Sá, Marcos Valle e a esposa Patricia Alvi. O músico João Donato, que faleceu em julho deste ano, deixou uma gravação inédita ao lado de Abreu para o projeto do artista e amigo de longa data.