Quantas pessoas trans acima dos 30 anos você conhece? Talvez essa pergunta, por si só, não soe importante para alguns. Talvez, se você pensar mais sobre ela, entenda o quão essencial é. O Brasil é pelo 14º ano consecutivo o país que mais mata pessoas transexuais e travestis no mundo, de acordo com o relatório divulgado em janeiro do ano passado pela Antra Brasil (Associação Nacional de Travestis e Transexuais).
Na maioria dos casos, as mortes têm requintes de crueldade, vitimando jovens de 18 a 29 anos. Estabelecendo, assim, um limite para essas pessoas viverem. Passar dos 30 anos, pelo menos para as pessoas trans, ainda é um desafio. É contra essa expectativa que a Billboard Brasil quer falar.
E, em parceria com a agência Lew’Lara\TBWA lança a lista Over 30, que celebra a vida, a resistência, o ativismo e a excelência de 30 pessoas trans, travestis e não binárias que chegaram e passaram dos 30 anos, na quarta edição da revista.
Além das três cantoras que estampam a capa –Mel, Pepita e Raquel–, a lista tem mais 27 pessoas que se destacam em áreas de atuação diversas e que representam tantas outras pelo Brasil. Janeiro é o mês da visibilidade trans, período em que todos os anos a comunidade LGBTQIA+ promove ações pela representatividade, pela garantia de espaço e, claro, contra a violência.
A infância de Mel Gonçalves não foi fácil, mas a arte esteve sempre ali, por perto. Especialmente a música. Mais conhecida como Candy Mel, a cantora viu os holofotes do cenário musical brasileiro se voltarem para ela em 2011. Foi quando lançou a música “Shake de Amor”, versão de “Whip My Hair”, de Willow Smith, com a Banda Uó. Ela fez parte do grupo entre 2010 e 2018 e, com ele, colecionou conquistas e prêmios, misturando o pop a outros ritmos. Leia mais aqui.
Priscila Nogueira, 40 anos, mais conhecida como Pepita, nasceu e foi criada no Rio de Janeiro, cidade em que surgiu também o funk –gênero que a tornou conhecida no universo da música. Ficou famosa primeiramente na internet, por suas frases de efeito e pela presença constante nas figurinhas de WhatsApp. Assim, tornou-se uma das poucas travestis a furar sua bolha e alcançar o grande público. Veja a entrevista na íntegra.
“Eu não estou segura, não! Estou morrendo de medo.” É o que diz a cantora e empresária Raquel, 35 anos, que volta neste ano aos palcos brasileiros com seu primeiro álbum solo, “Raquel à Venda!”, que será lançado no primeiro semestre. A cantora começou sua carreira musical no trio As Bahias e a Cozinha Mineira, grupo que nasceu em 2011, produzindo uma MPB visceral, que colecionou indicações e prêmios importantes da música. O grupo acabou em 2021, abrindo novos caminhos para a música de Raquel. Morrendo de medo, mas cheia de coragem, a artista embarca agora no projeto que marca um momento importante de sua vida e uma mudança em busca de seu lado erótico. Leia mais aqui.