Você está lendo
Alheia à ‘crise do loló’, Raphaela Santos faz brega luxoso e sem nóia no Recife

Alheia à ‘crise do loló’, Raphaela Santos faz brega luxoso e sem nóia no Recife

Cantora empolgou multidão no Marco Zero e viu platéia resistir à chuva

Avatar de Yuri da BS
raphaela santos marco zero recife

A paulistana Raphaela Santos tinha um desafio a sua frente na virada da quinta (27) para a sexta (28), em pleno inicio de Carnaval pernambucano: fazer com que foliões, descontentes com a atual qualidade do loló (o lança-perfume —ou “sucesso”, na gíria local), pudessem dançar juntinho bregas marcantes e embarcar em outra viagem. Cerca de 30 minutos após show absurdo de Ney Matogrosso, a cantora —que veio para o Recife aos 14 anos— mostrou porque o Marco Zero ficou lotado a sua espera.

Logo no começo, antes de pronunciar a primeira nota, a “Favorita” encheu o palco de sombrinhas e caboclos de lança (a lança, não o lança) e fez brilhar os olhos de uma folia que, a todo tempo, pede menos brigas e mais harmonia em momentos de catarse coletiva. Saboreando pedradas novas e clássicos absolutos do brega, vozes entoavam uma a uma, em coro que era formado por quem lotava o Marco Zero mais próximo ao palco e também por aqueles que estavam mais distantes, bem distantes.

VEJA TAMBÉM
Marcelo Rubens Paiva agredido

“Alô! Voltei, Recife. Foi a saudade que me trouxe pelo braço”, dizia Raphaela ao abrir seu show com “Voltei, Recife”, hino do Carnaval pernambucano. Todo mundo que estava ali pelo brega romântico foi, de quebra, presenteado com uma artista que sabia onde estava pisando. Enquanto vendedores de lança-perfume tentavam conquistar a confiança de uma plateia hipnotizada, Raphaela ia disparando baladas bregas (“Quem É O Louco Entre Nós”, “A Lua”), batidões sertanejos (“Barulho do Foguete”) ou sertanejos românticos (“Apaga Apaga Apaga”).

Antes da favorita, aquela noite havia iniciado com o frevo da orquestra do Mestre Lessa que embalou o Escuta Levino, uma das mais bonitas manifestações de rua de Recife —que incluí os passistas do Grupo Guerreiros do Passo, que evocam o frevo dos anos 1940 e 1950. Iniciando na Praça Maciel Pinheiro e avançando até o Bairro do Recife, o bloco foi empurrando os foliões até o Marco Zero, onde encontraram Ney arrebatando no palco e, posteriormente, Raphaela Santos.

E aí, com carisma, roupas lindas (ela vestia um conjunto prateado, que brilhava como o público ensopado por uma breve chuva que chegou) e vozeirão, a cantora fez casais dançarem lento e rebolado, enquanto solteiros cantavam a plenos pulmões a dores de sucessos como “Nosso Primeiro Beijo”, sucesso de Gloria Groove ou do clássico “Opinião”, da Banda Lapada.

Sem loló de “boa qualidade”, coube a Raphaela Santos a missão de causar euforia e alguma tontura no final de uma noite tão agitada.

Mynd8

Published by Mynd8 under license from Billboard Media, LLC, a subsidiary of Penske Media Corporation.
Publicado pela Mynd8 sob licença da Billboard Media, LLC, uma subsidiária da Penske Media Corporation.
Todos os direitos reservados. By Zwei Arts.