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A meia-idade do Terno Rei parece guiar fãs na luta contra a solidão

A meia-idade do Terno Rei parece guiar fãs na luta contra a solidão

Juntos há 13 anos, a banda vive a meia idade enquanto arrebata novos fãs

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Qual é a primeira imagem que qualquer um mais grisalho tem à cabeça ao ver o Terno Rei no palco? Sim, aquela banda carioca, barbuda. É difícil não associar. Enquanto a banda paulistana soltava “Vento Na Cara”, no segundo dia do Festival Se Rasgum, que aconteceu no mês passado, em Belém, um coro acompanhava-na em uníssono — vindo de rostos ainda pouquíssimos marcados pela vida.

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Fãs da banda Terno Rei se abraçam em momento catártico do show no Festival Se Rasgum (Adriely Ferreira)

“Essa música está no meu status [ferramenta de compartilhamento do WhatsApp] desde 2018″, gargalha nervosa a bióloga Kimberly Silva, ainda vivendo a excitação pós-show. “Tem um trecho que diz ‘quando estou aqui, estou inteiro’ e eu acho que isso traduz o que eu quero sentir”, diz.

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A banda se apresentaria depois da dobradinha de Keila e Deize Tigrona e da banda norte-americana Thus Love. Mesmo assim, e em um dia esvaziado do festival, os fãs se amontoaram nas grades, como se preciso fosse. A cena só foi desfeita porque o guitarrista Greg Maya apareceu por ali, distribuindo canetadas de autógrafo e poses para fotos.

“O público de Belém é o que a gente mais comenta. É especial. E é muito emocionante sentir o que passa no coração dos fãs. Acaba emocionando a gente e contribuindo para o show. Você olha dá ali de cima e rola de ver uma pessoa chorando ou muito feliz…”, reflete o vocalista Ale Sater, de 33 anos, entre a excitação e o cansaço de malas prontas para retomar a agenda da banda.

Na platéia, o pós-show é marcado por personagens esfuziantes. Diego Bastos Elias, de 20 anos, estuda para concursos e quando recebe o pedido para explicar a banda, abre um sorriso. “Mano, é uma coisa especial. Os caras sentem algo na vida e traduzem algo que aconteceu em música. É incrível. Eu tava triste! E eu virei outra pessoa, mano! Comecei a suar, a adrenalina subindo pro cérebro. Experiência única. Quero muito que eles venham de novo, sou muito grato pela música que eles fazem. Eles alcançaram a minha mente de forma especial. Eu choro no meio do show, é uma sensação que não tem outra”, diz o fã que também cita Phill Veras e O Terno como bandas prediletas.

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O fã Diego Bastos posa após ver os ídolos capazes de transformá-lo “em outra pessoa” (Yuri de Castro/Billboard Brasil)

A publicitária e doceira Leila Braga, de 35 anos, é orfã de Los Hermanos e encontrou a Terno Rei após uma indicação do marido, que nem é tão ligado assim nos paulistanos. “É a mesma vibe… Eu gostei deles por causa dele [diz apontando para o cônjuge, Bruno Cruz, guitarrista da banda paraense Turbo]. As letras são um máximo. Nos meus dias tristes, são eles que me alegram”, afirma.

Enquanto o público filosofa após um show elétrico em Belém que fala sobre solidão e desencontros em meio ao concreto de São Paulo, a banda vai passando por uma “idade complicada”. Ale continua a brincadeira de refletir no pós-show. “Filosofando aqui, é aquela idade em que fica mais difícil sentir as coisas pela primeira vez. Você já conhece muitas coisas. Ou acha que conhece”.

Em um show em que todos na platéia pareciam ter sido iluminados pelo quinteto, pergunto o que, de fato, pode ser capaz de acabar com esse clima.

“Viajar muito é f…”, diz Bruno Paschoal, também guitarrista da banda. “Agora que a gente tá mais velho… É um bagulho que dá uma machucada. É uma eterna espera. Você tá sempre esperando: passagem de som, show, aeroporto. Mas depois que acontece, vale a pena”, diz. Ale complementa: “Temos uma equipe muito f…, mas se eu fosse pensar que me tira o humor é rolê do dia inteiro. Hotel, check-in, passagem, hotel de novo… é uma parada tipo Tim Maia, saca? Perguntaram pra ele ‘o que você pensa depois do show?’. Aí ele responde ‘eu penso em matar o técnico de show!’ [gargalha]”

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