‘Toxic’, que completa 20 anos, foi rejeitada duas vezes antes de Britney Spears
Faixa é um dos maiores sucessos da carreira da cantora norte-americana
Os jovens usariam, hoje, a palavra “surto”. Foi exatamente um surto, para muitos ouvintes, o primeiro contato com “Toxic”, de uma Britney Spears cuja roupagem inocente mixada à safadeza parecia ter conhecido a fórmula perfeita neste que é o segundo single de “In The Zone”, quarto álbum de estúdio da cantora.
Mas o dicionário também traz a palavra “epifania”. E assim foi. Mesmo. Britney canta carregando suspiros (e muito auto-tune) nos primeiros versos, passando por um falsete no pré-refrão. A combinação dos elementos anteriores desemboca num refrão que moldou o que era pop para toda uma geração vidrada no programa “Disk MTV”, parada diária de videoclipes da extinta Music Televison Brasil.
Neste sábado, o clipe de “Toxic” completa 20 anos, e a Billboard Brasil separou algumas curiosidades sobre esse clássico. A música completou duas décadas em novembro passado.
A fórmula tóxica
A fórmula de “Toxic” trazia elementos interessantes que fascinavam o ouvinte, obrigando-o a uma segunda audição — coisa que, você sabe, é algo desejado e, nem sempre, ou quase nunca, alcançado por quem luta para atrair o ouvinte.
Uma canção de 1981, tirada de um filme indiano de Bollywood, chamada “Tere Mere Beech Mein” trouxe à “Toxic” um dos riffs mais emblemáticos da música pop na década de 2000. Você pode ouvir nos segundos 6 e 26 do vídeo abaixo:
Os produtores Bloodshy e Avant pegaram Bollywood e misturaram com surf music e um baixo meio funky sintetizado. Doideira que soou a coisa mais natural naquele ano de 2003.
A letra de ‘Toxic’
Mais de duas décadas depois, “Toxic” soa melhor do que muitas canções atuais ao expôr uma tentação como tema. A letra é de Cathy Dennis. Você pode não ter esse nome em mente, mas Cathy foi uma prodígio da música pop do final da década de 1980. Descoberta ainda adolescente, a cantora emplacou um hit, “C’mon and Get My Love”, em 1989. Mas foi a partir da década de 2000 que ela transformou-se em uma profílica compositora.
Antes de “Toxic”, atenção, ela escreveu “Can’t Get You Out Of My Head”, sucesso de Kylie Minogue e, atenção novamente, “I Kissed a Girl”, de Katy Perry. Ou seja: sabia muito.
E tem mais! Para apresentar a canção ao selo Jive, a cantora e compositora mandou uma demo maravilhosa da canção com vocais dela e de Emma Holmgren, outra ghost writter de Britney. A gravadora achou a demo tão boa que usou a voz de ambas na versão final de “Toxic”.
Uma canção rejeitada
Britney, nem de longe, era a favorita para abocanhar “Toxic”. O primeiro nome que a canção perseguiu foi Janet Jackson — que nem quis ouvi-la. Então, por causa do sucesso de “Can’t Get You Out Of My Head” e da dobradinha Cathy/Kylie, foi oferecida à cantora australiana. Mas a gravadora dela, à época a Parlophone, rejeitou a faixa que em nada se parecia com os hits de R&B e de eletro-pop do começo dos anos 2000.
A coroação de uma diva
Britney sempre atraiu olhares de todos os tipos, como costuma ser a vida de uma popstar de seu tamanho. Sua voz, obviamente, era alvo de hate já que, ao vivo, a cantora não era um dos maiores gogós que já passaram pela música. Mas um vazamento trouxe certo alívio para os fãs de Britney. Foi quando uma outra versão demo de “Toxic” caiu na net.
Apesar de você já ter se acostumado com a faixa, ela tem um uso exagerado de auto-tune — algo que, inclusive, faz a voz de Britney soar de um jeito não só corrigido, mas roboticamente pop. Ao contrário da expectativa de muitos, a versão “não-tunada” soou bem e rendeu elogios.
E, enfim, o clipe de ‘Toxic’
Uma obra de arte completa, nos anos 2000, tinha que ter um videoclipe icônico. Mais do que isso, o videoclipe de “Toxic” é uma expansão lisérgica-sexual-visual da canção. É como se uma coisa não existisse sem a outra. Dirigido por Joseph Kahn, o clipe faz Britney encarar papéis fantasiosos, desde uma sexy aeromoça a uma personagem do longa-metragem japonês “Akira”.
No meio disso tudo, a cantora aparece em um macacão transparentíssimo cravejado de diamantes e, depois, em um emborrachado outfit de Mulher-Gato. Quem estivesse passando e não parasse para assistir, ganhava o certificado de pessoa mais “nem aí” de todos os tempos.