‘Se Essa Bunda For Uma Empresa’, de Chefin, pode causar demissão por justa causa
Hit cita Charlie Brown Jr. e está entre as 20 mais ouvidas do país
Chefin quer entregar seu currículo para tentar admissão na startup da morena e vai marolando em cima do beat de LB Único. Mas não vai dar bom.
Uma das mais ouvidas do país neste momento, “Se Essa Bunda For Uma Empresa” traz um MC desesperado por uma vaga na empresa Bumbum.
Depois de configurar a cena da entrevista de emprego (o escritório é na praia, o Kenner tá nos pés, o gelo no copão, tem também um saxofone de EDM) ele sampleia o conceito e a letra de “Zóio de Lula”, do Charlie Brown Jr., para, enfim, requisitar uma vaga junto à CEO da empresa. Nesta semana, “Se Essa Bunda For Uma Empresa” ficou entre as 20 mais ouvidas do país no Billboard Brasil Hot 100, na posição #17.
Mas será que o RH da empresa Bumbum achou Chefin um bom candidato?
Mas temos alguns problemas: auto-nomeado “Chefin”, o MC demonstra não ter habilidades para executar o escopo da vaga —até porque, rico, bonito e andando na moda (e cheio de top na sua cola), a última coisa que nosso irmão vai fazer é preparar um bom currículo para entregar na loja.
Mas, ainda assim, exibindo alguma humildade, estamos aí vendo Chefin tentando entrar pelo processo seletivo do RH. Mas vai dar ruim.
O primeiro problema do candidato é que ele pede para ser contratado sem nenhuma evidência de competência operacional. Ou seja: não há na letra nenhum portfólio ou entregas anteriores. Apenas autodeclaração de talento. Como dizem os publicitários, é um pitch vazio. Por mais que queira muito, o MC não vai ser contratado pelo que apresentou em 2 minutos e 42 de música.
Se, por acaso, a confiança do candidato resultar em contratação, ainda assim Chefin está a perigo. Afinal de contas, na canção, ele também não se esforça para apresentar nenhum resultado após a conseguir a vaga. Prevista no artigo 482 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a demissão por justa causa fará Chefin, infelizmente, ir de ralo.
Demissão por insubordinação ou ato de indisciplina
“Se essa bunda for uma empresa, pode contratar o Chefin”, pede com confiança o MC.
No entanto, após isso, a canção demonstra um MC que não tem habilidades para jogar. Pelo contrário, é ele quem dá comandos para a CEO da empresa:
Deixa eu te ver e deixa eu te olhar
Vem cá só pra me dar
Pode gemer, pode sentar
Deixa o barco balançar (balança, balança, balança)
No artigo 482, mais precisamente na alínea “h”, se faz explícito que se um empregado, sem qualquer autoridade formal, começa a dar ordens ao CEO ou a interferir de forma indevida na hierarquia da empresa, isso pode:
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Quebrar a ordem e a disciplina interna;
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Representar uma violação de limites funcionais;
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Ser interpretado como desrespeito à estrutura organizacional.
Além disso, o MC poderia ser enquadrado também por egocentrismo e total inaptidão funcional. Em vez de trabalhar, o Chefin dedica-se à observação passiva. Sua estratégia (ou, melhor, plano de ação) é basicamente “ficar olhando” e receber benefícios sexuais sem entregar nada em troca. Na Faria Lima, diriam que ele tem zero KPI, zero meta batida. Apenas contemplação e expectativa.
Rico, novo e chefe
A verdade é que, em 2024, Chefin já estava rico —segundo informa seus holerites musicais. No álbum “Nós Era Duro”, ele diz que a fase de poucas migalhas já estava no passado. “Porque nós é novo, hoje é pra ser na Globo, vergonha pra mídia, isso já proceder” explica, citando a superação de seu envolvimento com rifas virtuais quando foi alvo de operação da Policia Civil do Rio de Janeiro.
“Engordei meu PayPal, agora tô patrão. Vou no Vila-Gemal, quero o Louis Vuitton. Com essa condição, posso comprar um carro, posso comprar um pateque, posso comprar um cordão”, continuava na letra.
Se não empolgar pelas posses, pelos cordões e pela lírica de trapper, Chefin vai ter que arrumar emprego em outra bunda.
