Racionais MCs: Unicamp aprova título de doutor honoris causa ao grupo
Obra do grupo faz parte de leitura obrigatória para vestibular da universidade


A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) aprovou nesta terça-feira (28) o título de doutor honoris causa para o grupo Racionais MCs.
Segundo o Conselho Universitário (Consu), o quarteto formado por Mano Brown, Ice Blue, Edi Rock e KL Jay “dialogam com o pensamento social brasileiro”.
“O pedido tem vínculo com uma série de mudanças sociais importantes das quais a Unicamp faz parte desde meados dos anos 2010, e em particular 2017, quando neste Conselho Universitário foi aprovado um parecer favorável às ações afirmativas para estudantes pretos, pardos, indígenas e oriundos de escola pública”, diz Mário Medeiros, professor do Departamento de Sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCH).
O título de doutor honoris causa é a honraria máxima da universidade. Ela é concedida para quem de maneira notável, contribuiu para o progresso das ciências, das letras ou das artes.
“Os Racionais MC’s extrapolam a fala do gueto, sem abandoná-lo. Não se restringem à crônica cotidiana, mas a revelam. Interpretam o Brasil a partir de outro lugar, por tempo demais percebido como objeto de reflexão e não como sujeito da própria reflexão”, diz trecho do documento de proposição assinada pelos professores Jaqueline Santos, Omar Thomaz e Daniele Vieira.
Dede 2018, a livro “Sobrevivendo no Inferno”, que reúne as letras do álbum homônimo, integra as obras que são de leitura obrigatória para o vestibular da Unicamp.
Além disso, no ano passado, Ice Blue, KL Jay e Mano Brown participaram de uma aula aberta na universidade. A aula integrava a disciplina “Tópicos Especiais em Antropologia IV: Racionais MCs no Pensamento Social Brasileiro”.
Título para Mano Brown
No início de novembro, Mano Brown recebeu o título de doutor honoris causa pela Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB).
Durante a solenidade para entrega do título, o rapper integrante do Racionais homenageou sua mãe, a baiana Ana Soares (1951-2016).
“Voltar à Bahia e receber esse título é muito simbólico porque minha mãe saiu daqui humilhada, se sentindo a pior pessoa de todas”, afirmou.