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Conheça Chico Batera, que tocou com Frank Sinatra, Elis Regina e Chico Buarque

Conheça Chico Batera, que tocou com Frank Sinatra, Elis Regina e Chico Buarque

Baterista de 81 anos consolidou Bossa Nova e MPB no exterior

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Chico Batera posa para foto ao lado de Chico Buarque

Aos 81 anos, Chico Batera tem um currículo de dar inveja a qualquer músico: o percussionista já tocou com Sergio Mendes, Jorge Ben, Frank Sinatra, Ella Fitzgerald, Tom Jobim, Quincy Jones, Elis Regina e está na equipe de Chico Buarque há quatro décadas. O baterista fez parte do time de brasileiros que consolidou a bossa nova e a MPB ao redor do mundo.

“Me sinto sortudo por ter nascido nessa geração e muito feliz de poder estar ainda fazendo música. Todos os ídolos da bossa nova e da MPB falam que sentiram um estalo quando ouviram ‘Chega de Saudade’ [1956]”, diz Chico em entrevista para a Billboard Brasil, sobre a canção de João Gilberto, seminal para o gênero.

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“Eu me lembro exatamente quando eu ouvi pela primeira vez. Eu estudava no Colégio Interno São José, na Tijuca. Me deu um negócio. Eu tinha uns 15 anos, nunca tinha sentado em uma bateria e nem sonhava em ser músico. Pensei: ‘De onde surgiu esse som?'”, conta.

Na estrada

A trajetória de Chico Batera foi resumida em uma autobiografia, lançada no ano passado, “Memórias de um Músico Brasileiro” “As memórias não muito boas eu tentei evitar. E eu também não falo mal de quem morreu, porque a pessoa não pode se defender [risos]”, brinca.

“Minha vivência musical com a Elis foi muito gratificante. Guardo com carinho até hoje os shows que fiz com ela. Os do Montreux Jazz Festival [em 1979], por exemplo. Quando estou desanimado, vou assistir ao show no YouTube. Não foi em vão. Ali o bicho pegava!”, relembra o baterista –assista abaixo.

Percussionista Chico Batera em ensaio de apresentação
Chico Batera (Instagram/Reprodução)

O percussionista ainda analisa a importância da parceria com Chico Buarque para seu desenvolvimento profissional. “Comecei a tocar com ele em 1974, ainda no meio da ditadura militar. Se eu tivesse caído em outro trabalho, sem ser com o Chico, dificilmente teria aprendido o que aprendi. Tive sorte de estar convivendo entre amigos que passavam pelos mesmos problemas, como a censura. Acho que minha mãe rezava muito.”

O amor pela música, inclusive, veio de Dona Dalila. “Meu pai, Zé Maria, não tocava instrumentos, só vivia na matemática. Mas a música também é matemática. Minha mãe era pianista. Ela falava que o piano era o rei dos instrumentos. Nesses 80 anos, teve um show que preparei com Áurea Martins e Chiquinho Brown e que no meio da apresentação tem uma valsa que, com certeza, foi Dona Dalila que soprou”, conta.

“Quando ela morreu, o piano dela veio para minha casa com os livros dos estudos. Durante aquele mês, eu não saía do piano. Fiz uma valsa e outras músicas. Quando passou aquela fase [do luto], eu sentava no piano e nunca mais saiu nada. É uma valsa que só pode ser uma mãe que inspirou”.

Parcerias modernas

O músico dá aulas de percussão para se conectar com as novas gerações e aconselha: tocar piano ou violão é essencial para a carreira de qualquer artista.

“Precisa saber fazer algumas coisinhas no violão, aprender uma música. Quando você está sozinho e dá aquele branco, nada é melhor do que a música. Você esquece dos problemas, das decepções. Se eu tivesse tido outra ocupação na minha vida, sem ser meus batuques, eu não estava aqui tão bem. Eu podia estar aqui tentando, mas iam logo notar que eu seria um cara triste, decepcionado com a vida, e não sou nada disso.”

Recentemente, Chico lançou o single “Atrevida”, com a cantora e rapper Lisa Castro –quem conheceu por indicação do empresário e produtor Geraldinho Magalhães. “Quando ouvi a demo da Lisa, falei: ‘É ela’. Minha intuição provou que eu estava certo, porque ela entendeu toda a história [da música]. Foi um negócio de santo mesmo”, diz Chico.

Para ele, também é importante ter consciência política na trajetória. “Se você não sabe o que está acontecendo no seu país, na sua cidade… A sua arte vai ser um pouco falha”, analisa Chico. “É preciso se manter conectado com a vida.”

Chico Batera
Chico Batera (Divulgação)

Published by Mynd8 under license from Billboard Media, LLC, a subsidiary of Penske Media Corporation.
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