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Bob Marley 80 anos: veja 10 canções que explicam o legado da lenda do reggae

Bob Marley 80 anos: veja 10 canções que explicam o legado da lenda do reggae

Entenda como o cantor e compositor jamaicano se tornou símbolo da liberdade

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BobMarley

Robert Nesta Marley, conhecido internacionalmente como Bob Marley, faria 80 anos hoje. Nascido na província jamaicana de St. Ann, o cantor, compositor e guitarrista foi o maior porta-voz do reggae, estilo que aprofundou a mistura dos cantos dos piratas e dos escravos que chegaram à ilha, juntamente com o jazz e o rhythm’n’blues, vindos através das rádios americanas sintonizadas pelos jamaicanos.

Bob Marley acrescentou ao gênero –que tem como característica principal o peso do baixo e o eco da bateria– um pouco do sincretismo religioso e letras combativas. Era adepto da filosofia rastafari, que pregava a volta dos negros para a África e acreditava que o imperador etíope Hailé Selassié era nada menos do que Deus (na verdade, Hailé foi um tirano que preferia alimentar seus leões de estimação com filé mignon a dar comida para o povo). Era um pacifista, mas que andava com uma turma pesada, que ameaçava fisicamente quem não tocasse os discos de sua banda, Bob Marley & The Wailers. 

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Por outro lado, poucos astros tiveram sua mensagem tão assimilada quanto Marley. As questões políticas e sociais que levantou em letras como “I Shot the Sheriff”, “Get Up, Stand Up” e “Crazy Baldheads”, entre tantas outras, o transformaram num símbolo da luta contra o autoritarismo. A ponto de na África do Sul, dominada pelo apartheid, as faixas mais políticas de seus discos serem riscadas pelas autoridades locais. Marley, na parte musical, cruzou o reggae com soul, disco e até punk rock. E agora, um guia básico de audição do Rei do Reggae (com algumas surpresas em meio a hits incontestáveis).

“Concrete Jungle”
Faixa de abertura de “Catch a Fire”, de 1973, a principal porta de entrada para o reggae. Bob se aliou ao produtor e empresário Chris Blackwell, que sugeriu uma sonoridade mais polida para atrair as plateias internacionais. O solo de guitarra, por exemplo, é de Wayne Perkins, músico que participou de discos dos Rolling Stones. Mas a mensagem continua forte.

Pai de diversos filhos, Bob Marley brilhou nos palcos
Pai de diversos filhos, Bob Marley brilhou nos palcos (Pete Sill/Divulgação)

“I Shot the Sheriff”
“Burning”, de 1973, foi o segundo e último disco de Bob Marley a trazer os vocais de Peter Tosh e Bunny Wailer. A dupla partiria para a carreira solo, incomodada com o excesso de atenção dada a Bob. “I Shot the Sheriff” foi gravada pelo guitarrista Eric Clapton, que ajudou a projetar o reggae internacionalmente. Um relato poderoso sobre a má vontade da polícia local em relação aos rastafaris.

“No Woman, no Cry”
Um dos hinos do cantor e compositor jamaicano, “No Woman no Cry” é um dos destaques de “Natty Dread”, disco que marca a estreia do grupo vocal de apoio I-Threes. Ela tem uma história curiosa: Bob é o verdadeiro autor da canção, mas “deu” os direitos delas para Vincent Ford, amigo dos tempos do gueto. O cantor tinha assinado um contrato leonino com o cantor e empresário Johnny Nash, no qual tinha de repassar boa parte de seus direitos autorais para o americano. Preferiu então recorrer a um dos “parças” a perder dinheiro.

“Get Up, Stand Up”
Um dos pontos altos de “Live!”, disco gravado em Londres no ano de 1975. Há muitas outras versões desse canto de guerra, mas nada supera esse momento. A seção rítmica formada por Aston Family Man” Barrett, e seu irmão, o baterista Carlton Barrett, estão em ponto de bala e Bob estende o seu “don’t give up the fight” até a exaustão, acompanhado por uma plateia ensandecida.

“War”
No dia 4 de outubro de 1963, Haile Selassie, imperador da Etiópia, fez um discurso virulento no qual chamou atenção para as desigualdades sociais. “Até que a cor da pele de um homem/ Não tenha mais importância do que a cor dos seus olhos/ Eu digo guerra…”, dizia uma das partes mais virulentas da palestra. Treze anos depois, Bob musicou a fala do etíope e transformou um dos carros-chefe de seu repertório. 

“Waiting in Vain” e “Turn Your Lights Down Low”
“Exodus”, de 1977, é o disco internacional de Bob Marley. Vítima de um atentado na Jamaica –no qual ele, sua mulher Rita, e o empresário Don Taylor– foram feridos a bala, o cantor se mudou para Londres, onde se encantou com a disco music e o movimento punk. O disco marca a estreia de Junior Marvin, guitarrista que ajudou a dar um sabor pop nessas duas belas canções de amor –em especial “Waiting in Vain”, que traz um solo jazzístico de guitarra

“Punk Reggae Party”
Um dos reflexos mais imediatos da passagem de Bob Marley pela Inglaterra foi perceber o quanto seu discurso foi absorvido entre os punks. Encantado principalmente com a versão que o grupo The Clash fez de “Police and Thieves”, do cantor Junior Murvin, Bob então fez uma canção na qual cita o Clash, The Damned e The Jam. Curiosidade: os Wailers foram substituídos por instrumentista com uma pegada mais reggae/pop, entre eles o baterista Drummie Zeb (do Aswad) e o guitarrista Stephen “Cat” Coore e o tecladista Michael “Ibo” Cooper (ambos do Third World).

“Africa Unite”
“Survival”, de 1979, é um disco furioso, motivado pela turnê de Bob Marley & the Wailers pelo continente africano. As canções falam da independência do Zimbabwe (antiga Rodésia), comentam o atentado que ele sofreu na Jamaica (“Ambush in the Night”) e da necessidade de se encontrar uma solução para os problemas do mundo (“So Much Trouble in the World”). “Africa Unite” é a canção mais forte, na qual Bob prega a união dos povos do continente. 

“Redemption Song”
Sim, poderia ser “Could You Be Loved”, faixa reggae/funk/disco, certamente influenciada pela turnê de Bob Marley & the Wailers com o grupo The Commodores. Mas “Redemption Song” é uma espécie de testamento do astro jamaicano, que sentia o câncer correr seu corpo –que se estendeu para o cérebro e pulmões. Essencialmente acústica, traz uma letra na qual ele reflete sobre liberdade de expressão e luta contra todo tipo de opressão.

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