Por que você deveria ver um show de Erykah Badu
Ícone do R&B cantará em São Paulo e nos festivais Afropunk e Rock The Mountain


Erykah Badu confirmou três shows no Brasil: se apresentará no Espaço Unimed (São Paulo, no dia 6) e nos festivais Rock The Mountain (Itaipava, no Rio de Janeiro, no dia 8 de novembro) e Afropunk (Salvador, no dia 9). Ícone da música negra contemporânea, a cantora e compositora tornou-se um dos maiores nomes e influências do R&B a partir de seus dois primeiros álbuns, “Baduizm” (1997) e “Mama’s Gun” (2000). Se você ainda não descobriu em seu íntimo um forte motivo para comparecer nas apresentações, aqui vão alguns pontos para você entender a animação em torno de mais uma visita da cantora ao país.
Essa é a quinta vez de Erykah por aqui. Aos 53 anos de idade, 25 anos de carreira e cinco álbuns lançados, Erykah é uma das mais prestigiadas artistas do movimento neo soul que surgia no final dos anos 1990.
Ao lado do cantor D’Angelo, formatou novas direções para o gênero, explorando novas formas (comerciais e experimentais) de transformar o hip hop. Muitos apontam a obra subsequente dos anos 2000 da cantora como a expressão mais afrofuturista da música pop.
Erykah Badu continua no auge
Sem novos álbuns desde 2010 (quando lançou “New Amerykah Part Two [Return of the Ankh]”) e 2015 (quando lançou a mixtape “But You Caint Use My Phone”), Erykah sempre foi requisitada em sua versão ao vivo. E, mais do que isso, continua roubando a atenção dos headliners em festivais que marca presença. E
m 2023, por exemplo, a New Sounds Magazine relatou que a banda Jungle, escalada como a principal do festival All Points East, em Londres, foi surrupiada pela norte-americana. “Erykah está dançando em minha cabeça por dias. Fantástico!”, exclamou o jornalista Benedict Pignatelli após o show.
Em 2022, o “Guardian” deu quatro estrelas para a apresentação dela no Royal Festival Hall, também em Londres. A nota não foi máxima porque, como relatou a crítica, atrasos são frequentes na carreira da cantora.
“No ‘mundo Badu’, tempo é relativo, irrelevante. Pode demorar horas para que ela chegue ao palco”, pontuou a crítica Kate Hutchinson. No entanto, a jornalista também diz que “desde o último lançamento, uma mixtape aclamada, que saiu há quase uma década, seus shows ao vivo são a pista mais próxima de quem ela é: uma mulher que olha para frente. Aqueles que esperavam uma viagem de volta ao seu álbum clássico –que vendeu milhões quando foi lançado em 1997 e ganhou dois Grammys– podem ter ficado decepcionados. Badu não está interessada em entreter com nostalgia óbvia”.
Voz e visual afrofuturista
Chamada de “Queen Mother”, Erykah sempre escreveu com mão forte a narrativa de uma mulher negra que fugia dos estereótipos impostos pela indústria da música e pela sociedade em geral.
Além da caneta, Badu inovou com seu visual nos clipes, remixando a moda hip hop e introduzindo uma vibe “bruxona” ou xamânica em suas perfomances, deixando óbvio que a mulher negra é a chave para a renovação do mundo.
Desde 1997, sua obra embalou, junto com as teorias de Mark Dery, forças fundamentais para que novas portas, linguagens e práticas se abrissem no pensamento pop negro dos anos 2000. Artistas como Janelle Monáe são devotas de sua obra.
O público (carente) brasileiro
Não é mesmo a primeira vez de Erykah no Brasil, é verdade. Mas sua primeira vez por aqui foi aos 26 anos, lá em 1997, na 12ª edição do extinto Free Jazz —que daria lugar ao também extinto Tim Festival, hoje transmutado em C6 Fest.
Depois de 13 anos de hiato, em 2010, voltou para São Paulo e Rio de Janeiro. Depois, voltou a São Paulo em 2013 e 2019. Mas, apesar disso, a carência do público brasileiro é grande —principalmente de parte do público que a acompanha como, de fato, uma das artistas mais ousadas do mainstream.
Com shows marcados para o Rock The Mountain e, principalmente, para o afrocentrado Afropunk, as apresentações tendem a ter um sabor especial de reencontro e identidade.