Por que você deve conhecer o rock radiofônico do grupo Triumph
Trio canadense tem sua discografia lançada em CD pela Hellion Records
Em maio deste ano, a Rogers, empresa canadense de comunicação, escolheu um tema local –e até certo ponto diferenciado– para a transmissão das partidas de hóquei. A canção é “Lay it on the Line”, do Triumph, grupo surgido há 50 anos em Mississauga, cidade nos arredores de Toronto.
Heróis da cena local, Gil Moore (bateria e vocais), Rik Emmett (guitarra e vocais) e Mike Levine (baixo) são um tanto desconhecidos das plateias atuais. Isso porque eles encerraram suas atividades em 1992 e pouco foram tocados em rádios ou programas de televisão dedicados ao chamado “classic rock”. Mas isso está para mudar.
Primeiro porque acaba de ser lançado “Magic Power: All Star Tribute to Triumph”, onde diversos roqueiros celebrados –entre eles Dee Snider e Sebastian Bach, ex-vocalistas de Twisted Sister e Skid Row, além de Nancy Wilson, guitarrista do Heart – prestam tributo ao cancioneiro do grupo. Segundo, há rumores de alguns shows de reunião, embora Emmett esteja sofrendo de artrite e câncer de próstata. No dia 06 de junho, eles se apresentaram no Rogers Festival, evento organizado pela companhia de comunicação.
O Triumph é um dos melhores segredos para serem descobertos por quem gosta da mistura de rock pesado e melódico. O trio surgiu da união das bandas Abernathy Shagnaster (liderada por Moore e Levine) e do ACT III (que trazia Rik Emmett nas guitarras) para criar um grupo com influências do hard rock e do rock progressivo. Em 1975 lançaram seu disco de estreia, inicialmente lançado apenas no Canadá, mas que chamou atenção das rádios americanas.
O trio lançou, entre 1977 a 1984, discos que são considerados essenciais para quem deseja conhecer um rock pesado e melódico. Curiosamente, esses discos estão sendo lançados no país pela Hellion Records. Com vocês, o melhor do Triumph.
In The Beginning (1976) (Hellion Records)
O disco de estreia de Gil Moore (bateria e vocais), Rick Emmet (guitarra e vocais) e Mike Levine (baixo) é uma bela coleção de canções calcadas no hard rock, mas ainda se trata de uma banda à procura de identidade. Mas há momentos interessantes, como a balada “24 Hours a Day” –que chegou a ser lançada na edição em vinil do disco seguinte, “Rock & Roll Machine”.
Rock & Roll Machine (1977) (Hellion Records)
Segundo disco do trio canadense, “Rock & Roll Machine” foi lançado nos Estados Unidos misturado ao disco de estreia. É um excelente guia para a música do Triumph por causa da faixa-título, que traz o vocal rasgado de Moore ao lado do solo longuíssimo de Emmet. O sucesso foi a releitura para “Rocky Mountain Way”, do guitarrista Joe Walsh.
Just a Game (1979) (Hellion Records)
Terceiro disco de Gil Moore, Mike Levine e Rik Emmett e que traz um flerte maior com o rock americano. Méritos de Emmett, que criou as baladas rock “Hold On” e “Lay it on the Line”. Moore brilha em “Movin’ On”, a canção que abre o disco, e “American Girls”, que traz uma citação a “Star Spangled Banner”, o famoso hino americano.
Progressions of Power (1980) (Hellion Records)
O disco mais pesado do trio canadense (e o favorito deste redator que vos escreve). Começa com “Live for the Weekend”, uma paulada cantada por Gil Moore, que também arrasa na canção seguinte, “I Can Survive” –uma balada, o território mais confortável de Emmett. Outra beleza do disco é “Nature’s Child”, um blues heavy de respeito.
Allied Forces (1981) (Hellion Records)
É o disco que apresentou o Triumph para o público brasileiro. “Culpa” da faixa-título, cujo clipe, onde eles apareciam dentro de um videogame, se tornou popular nos programas de TV dedicados ao rock. Aqui existe uma simbiose entre o rock pesado e as baladas, representada em canções como “Fight the Good Fight” e “Magic Power”. E “Say Goodbye” é um belo exemplo de como o rock pesado tem apelo pop.
Never Surrender (1982) (Hellion Records)
Por conta do sucesso de “Allied Forces”, o trio se trancafiou no estúdio novamente para entregar mais um trabalho. “Never Surrender” costuma dividir os fãs e a crítica, no entanto tem um arsenal de grandes rocks –a faixa-título e “Too Much Thinking” e “When the Lights Go Down”, essas duas últimas cantadas por Gil Moore. O sucesso os credenciou para serem uma das atrações do U.S. Festival, que reuniu Ozzy Osbourne, Judas Priest, Scorpions e Van Halen.
Thunder Seven (1984) (Hellion Records)
Aqui, o grupo começa a dar sinais de cansaço por conta do excesso de gravações (praticamente um disco por ano!) e turnês. Outro fator é que o hard rock, que era predominante no início dos anos 1980, foi trocado por melodias que cabiam mais no dia-a-dia das rádios. O Triumph embarcou nessa e trouxe um disco morno –ainda que “Follow Your Heart” esteja entre as melhores músicas do trio.
Stages (1985) (Hellion Records)
Como o próprio nome diz, trata-se de um disco ao vivo. O repertório foi capturado de performances em várias cidades dos Estados Unidos e Canadá, entre 1981 e 1984. Há também duas faixas de estúdio, “Mind Games” e “Empty Inside”. É uma boa introdução à energia do Triumph ao vivo.
Sport of the Kings (1986) (Hellion Records)
Como foi escrito, o hard rock passou por mudanças… As canções tinham de ter um apelo mais pop, houve ascensão de grupos como Ratt e Poison, que carregavam na maquiagem… O Triumph passou por uma mudança musical severa, mas emplacou uma canção nas paradas, “Somebody’s Out There”, da lavra do guitarrista Rik Emmett.
Surveillance (1987) (Hellion Records)
O trio desiste de querer agradar o gosto médio do público americano –e acima de tudo preencher as expectativas da gravadora– e apresenta um de seus discos mais pesados. Steve Morse (que há pouco tempo estava no Deep Purple) faz o solo de guitarra em “Headed for Nowhere”). “Surveillance” marcou a despedida do guitarrista Rik Emmett do grupo.