Por que show de Lulu Santos é o melhor da música pop no Brasil
Músico carioca se apresentou neste segundo dia de Rock in Rio
Órfã da rede anteriormente conhecida como Twitter, perguntei para os meus seguidores do Bluesky: o que vocês esperam ver num grande show de música pop? O que não pode faltar?
As respostas foram várias, mas não diferiam muito entre si. Setlist calcado em hits, presença de palco, storytelling, uma banda afiada, cenografia, figurinos… “Sentimento de comunhão com a plateia, mas sem ser excessivamente plástico a ponto de apenas parecer cópia xerox do álbum. Precisa ter autenticidade”, disse Raphael Pinheiro.
“Aquela sequência de chuva de hits que te deixa sem fôlego, uma atrás da outra”, argumentou Cristiane Boechat. “Música boa pra cantar/dançar/emocionar e grandiosidade em todos os sentidos”, completou Matheus.
Pois o artista brasileiro que sempre entregou e segue entregando isso tudo –e mais um pouco– é Luiz Maurício Pragana dos Santos. Ou melhor, Lulu Santos –mas pode chamar de Lux, como ele afirma ao fim de seus shows, enquanto chove glitter pra todo lado.
Aos 71 anos, Lulu segue sendo um dos maiores hitmakers do Brasil, daqueles caras que atravessam gerações, passam de pai para filho e até para netos. Ao contrário de muitos mega-artistas da era do streaming, que fazem enorme sucesso com um público específico, mas cuja existência tantos outros ignoram, arrisco-me a dizer que não há no Brasil quem não saiba quem é Lulu ou tenha ouvido uma música dele.
Ao vivo, clássicos como “Tempos Modernos”, “Como uma Onda” e “Assim Caminha a Humanidade” (e muitos outros) que ele apresentou na abertura do Palco Mundo neste segundo dia (14) de Rock in Rio, ganham ainda mais peso, com uma banda afiadíssima formada por Tavinho Menezes (guitarra), Jorge Ailton (baixo e vocais), Robson Sá (vocais e percussão), Hiroshi Mizutani (teclados) e Sergio Melo (bateria).
No palco, os músicos que acompanham Lulu fazem muito mais do que apenas interpretar –brilhantemente, em arranjos talhados para fazer pular multidões– esses e outros sucessos. São parte do espetáculo, interagindo com Lulu e esmerilhando nas coreografias. Vocais? Luiz Maurício, Lulu ou Lux entrega. Participação de fanfarra? Tem, na figura dos músicos da Sinfônica Ambulante. Chuva de papel picado? Também.
É humanamente impossível ficar parado num show de Lulu –por mais que o público da Cidade do Rock estivesse bem… pressão baixa, mas vou creditar essa ao calor inclemente de Curicica. Pois não dá para ficar parado nem mesmo quando ele toca baladas como a belíssima “Mais uma de Amor”, dos versos “Se amanhã não for nada disso/ Caberá só a mim esquecer/ O que eu ganho, o que eu perco/ Ninguém precisa saber”, em que o público balançou os braços de um lado para o outro e cantou de olhos fechados e mãos no coração.
Lulu e sua trupe entregam hits muito bem executados, figurinos –sim, mesmo que não pareça, tudo ali é claramente pensado de forma meticulosa–, cenografia caprichada (assinada por Karen Araújo), iluminação cuidadosa, coreografias, storytelling e aquilo que não pode faltar em nenhum show de verdade: música boa.