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Pato Fu reforça a fama de banda pop experimental em disco com orquestra

Pato Fu reforça a fama de banda pop experimental em disco com orquestra

Rotororquestra de Liquidificafu está disponível nas plataformas de streaming

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O quinteto Pato Fu é, dentre as bandas mineiras que mudaram a cara do pop dos anos 1990, aquela que mais flertou com o experimentalismo –tinha canções com diversas mudanças de andamento, vozes distorcidas e até versos em japonês. Mesmo um disco contendo seus principais hits –”Ao Vivo”, de 2002– foi gravado de modo alternativo: num museu de Belo Horizonte, em performance exclusiva para fãs.
A vertente, digamos, peculiar do conjunto mineiro se faz presente em “Rotorquestra de Liquidificafu”, gravado em parceria com a Orquestra de Ouro Preto. São dezessete canções, enfileiradas em 1h10min de espetáculo, e com arranjos que lembram muito mais composições da música erudita contemporânea do que as fusões adocicadas que se fazem presentes em projetos dessa categoria. “As nossas referências em projetos desse tipo são Beatles, claro, e o disco ao vivo do Portishead, que também foi gravado com orquestra”, diz o guitarrista John Ulhoa.

Pato Fu e Orquestra Ouro Preto são um caso de “nunca te vi, sempre te amei’. Mas houve um flerte inicial. Uma década atrás, a cantora e compositora Fernanda Takai se apresentou ao lado do grupo sinfônico no show do álbum “O Tom da Takai”, onde era ladeada pelos bossanovistas Marcos Valle e Roberto Menescal. Rodrigo Toffolo, maestro e diretor artístico da orquestra, por seu turno,  muitas vezes se inspirou em Pato Fu no seus momentos de estudante. “Ele fazia saraus de música erudita e fez de ‘O Hino Nacional do Pato Fu’ a chamada para esses encontros”, entrega John Ulhoa.

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“Quando a tocamos com orquestra, com aquele monte de gente, com aquele sonzão, temos um efeito muito parecido com os tempos do nosso primeiro disco, que era de tocar algo que ninguém está esperando”, prossegue Ulhoa. A avaliação do guitarrista fica evidente em canções como “Rotomusic de Liquidificapum” (que ficou ainda mais experimental graças à intervenção do grupo sinfônico) e “Eu”, onde as cordas substituíram o theremin (instrumento cujos “guinchos” das antenas de metal). “Há tempos que pensamos em projetos desse tipo. O ‘Ruído Rosa’, nosso disco de 2001, tinha essa proposta. Mas preferimos investir o orçamento na mixagem”, que foi feita em Londres, diz Fernanda.

Outro fato notável do álbum está na maturação da voz de Fernanda Takai. Dos trinados doces, quase juvenis, dos primeiros discos de sucesso do grupo, ela hoje trabalha tons mais graves. E certas canções, como “Antes que Seja Tarde”, ganham até novos significados –se antes podia ser encarado como a vida na estrada, hoje fala até melhor sobre a passagem do tempo. “Eu acho que eu canto bem melhor do que o cantava no início do Pato Fu. A gente também sofria muito com falta de monitoração, principalmente minha voz ao vivo”, justifica.
O quinteto mineiro, que além de John e Fernanda, conta com os ótimos Ricardo Koctus (baixo), Xande Tamietti (bateria) e Richard Neves (teclados) completou recentemente três décadas de atividade. E se mantem inabalável, mesmo o sucesso solo de Fernanda Takai rendeu fofocas de que ela poderia sair da banda. “Passados 32 anos de Pato Fu e 16 anos de carreira solo,  acho que não fãs não têm dúvida ninguém tem dúvida, porque se eu quiser sair do Pato já teria saído”, responde.

A cantora e guitarrista usa ainda um estratagema interessante: nos shows do Pato, nada de cantar sucessos da carreira solo. E nas apresentações solo, nada de cantar Pato Fu. “É um limite que a gente tem e que tem dado certo. Então eu não quero quebrar isso eu não eu vou vou tentar permanecer com essa essa diferença que há, né? Entre o que eu canto com a minha outra banda e o que o pato Fu apresenta.”
“Rotorquestra de Liquidificafu” foi apresentado, por enquanto, apenas no Rio de Janeiro e, claro, em Ouro Preto. Há planos de fazer apresentações pontuais em algumas capitais brasileiras. Mas, para isso, é preciso de patrocínio. “O pessoal fala: ‘Ah, tá vendo esse negócio aí ó, vocês não dependem de Lei Rouanet para fazer show legal.’ E eu tenho de dizer que sim, que foi feito com a Rouanet e está explicado cartaz. Porque só assim a gente consegue fazer um show de graça ou que custe 2o reais”, explana Fernanda. “A gente não está ficando mais rico por causa dela, a gente está distribuindo cultura.” Entretenimento com cultura, uma missão que o quarteto mineiro cumpre com louvor.

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