Oruam critica lei ‘anti-Oruam’ e diz que virou pauta política
Funkeiro enfrenta cruzada da extrema-direita


Oruam foi ao X (antigo Twitter) nesta quarta-feira (12) criticar o projeto de lei que ficou conhecido como “lei anti-Oruam”.
“Eles sempre tentaram criminalizar o funk, o rap e o trap. Coincidentemente, o universo fez um filho de traficante fazer sucesso. Eles encontraram a oportunidade perfeita para isso. Virei pauta política, mas o que vocês não entendem é que a lei anti-Oruam não ataca só o Oruam, mas todos os artistas da cena”, escreveu o funkeiro.
A polêmica envolvendo a lei ‘anti-Oruam’
Na última segunda-feira (10), Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo, disse que, por ter “bom gosto para música”, nunca ouviu a música desse cara. O cara em questão era Oruam e o gênero pelo qual o chefe do Executivo da maior cidade do país não demonstrou muita simpatia era o funk.
Nunes respondia uma pergunta sobre o projeto de lei de autoria da vereadora Amanda Vettorazzo (União Brasil). A proposta de lei diz:
“Proíbe a contratação de shows, artistas e eventos abertos ao público infantojuvenil que envolvam, no decorrer da apresentação, expressão de apologia ao crime organizado ou ao uso de drogas e dá outras providências”.
Na justificativa, a vereadora destaca que “não pode o Poder Público institucionalizar expressões de apologia ao crime organizado ou ao uso de drogas por meio de contratações artísticas em eventos com acesso ao público infantojuvenil”.
Vettorazzo não cita Oruam ou qualquer outro artista, muito menos um gênero musical. No entanto, nas redes sociais, a vereadora divulgou sua cruzada contra “o funk criminoso” afirmando que tem o desejo de impedir que Oruam se apresente –– a própria chamou o projeto de “Lei Anti-Oruam”.
Após ganhar tração na internet, o projeto ganhou “cópias” por diversas casas legislativas do país, incluindo a Câmara dos Deputados.
Um dos grandes nomes do funk/trap nacional, Oruam não é conhecido por músicas que façam apologia ao crime, como sugere a vereadora. Na verdade, seu grandes sucessos, como “Oh Garota Eu Quero Você Só Pra Mim”, música mais ouvida do país segundo o Billboard Brasil Hot 100, versam mais sobre carros, mulheres e coisas que o dinheiro compra.
O fato nessa história é que Oruam é filho do traficante Marcinho VP. No entanto, até a publicação desta reportagem, o Código Penal não criminalizava filhos de criminosos pelo simples fato de serem filhos de criminosos.
Caso haja alguma mudança na lei, esta reportagem será atualizada.