OPINIÃO: O que esperar do mercado de entretenimento
Conteúdo em real time, naming rights de arenas e sustentabilidade estão em alta
O mercado de entretenimento vem incorporando inovações e se readaptando desde que os shows presenciais e eventos ao vivo ganharam impulso, pós controle gradual da pandemia, nos últimos dois anos. O mercado entendeu, nesse tempo, a importância de reforçar a cultura do compartilhamento de experiências virtuais aliada à força do entretenimento ao vivo, criando uma nova forma de conexão com o público.
E esse é um caminho sem retorno: a tecnologia seguirá reforçando a transmissão aprimorada –levando em conta o efeito omnichannel (traduzindo, uma referência às maneiras de se comunicar com o público por diversos canais), em formatos antes nunca imaginados, como jogos e diversas telas, até o varejo online se aliando aos grandes eventos via e-commerce, a realidade aumentada e a realidade virtual, dando espaço às grandes experiências imersivas. Tudo isso torna mandatória nas nossas estratégias de comunicação a valorização do Conteúdo Gerado pelo Usuário (CGU) e o compartilhamento desses conteúdos inéditos em real time.
Isso também reforça a manutenção –e escalada– na relação do entretenimento ao vivo com influenciadores digitais. Eles desempenham papéis significativos em parcerias com as marcas, proporcionando autenticidade e construindo conexões profundas com o público.
Mas há aqui uma grande responsabilidade em via de mão dupla: a veracidade das informações compartilhadas por esses perfis e a responsabilidade das contratantes na pesquisa e valorização de influenciadores que se comprometam com a checagem de dados, que vão muito além da estratégia do #publi. Por isso, a grande discussão sobre a regulação das redes sociais e seus conteúdos impactará direta e indiretamente o mercado do entretenimento, e é um assunto para darmos atenção nos próximos anos. Temos a missão de entender qual é o nosso papel como indústria trabalhando e cooperando para a evolução do tema, tanto pela visão dos players do mercado, quanto dos órgãos reguladores.
Outra regulação que já está em destaque no setor há alguns anos é a dos naming rights. E o assunto segue em ebulição. Já são sete estádios no país que proporcionam visibilidade a marcas no Brasil: Ligga Arena, MRV Arena, Neo Química Arena, Allianz Parque, Casa de Apostas Arena Fonte Nova, Arena BRB Mané Garrincha e o mais recente e comentado nos últimos tempos: o MorumBis.
Além de estádios, outros espaços podem se beneficiar dessa estratégia como casa de shows (Vibra São Paulo, Casa Natura Musical, Qualistage, Teatro Porto Seguro, entre muitos outros). O método oferece oportunidades de negócios ampliadas, melhorando a imagem e fortalecendo a conexão emocional entre a marca e o público, além de contribuir para a sustentabilidade financeira dos espaços.
Há um ponto que também não poderia deixar de fora nesse texto: a crescente importância da sustentabilidade dos eventos e responsabilidade com público frente às mudanças climáticas no mundo. As intempéries têm se manifestado de forma cada vez mais evidente, impactando diferentes setores da sociedade, incluindo a realização de grandes shows e eventos no Brasil.
Além das práticas adotadas pelo setor –que, em grande parte, já acompanham realização de eventos em espaços à céu aberto com monitoramento meteorológico, drenagem de solos, segurança no deslocamento e, em alguns casos, adiamentos ou cancelamentos de apresentações–, é imperativo que os órgãos públicos assumam um papel proativo na regulação de medidas obrigatórias para minimizar esses impactos em grandes eventos, garantindo a aplicação dessas medidas para o bem-estar dos consumidores.
Com regulamentação, a indústria não poderá se isentar de suas responsabilidades legais para garantir uma boa experiência ao público e coloca todos os players do segmento num ponto de partida igualitário nas medidas, provendo uma dinâmica justa em relação aos investimentos em segurança e impacto refletido em preços e medidas oferecidas aos promotores de evento.
Além disso acho importante incentivarmos as práticas sustentáveis nas nossas produções, buscando soluções que reduzam a pegada ambiental. Isso inclui a implementação de tecnologias verdes, como sistemas de energia renovável e práticas de gestão de resíduos, entre outras medidas.
Apesar de ter descrito que essa seriam as tendências que identifico para o nosso mercado em 2024, acho que elas se caracterizam mais como meu desejo para que essas características ampliem o alcance do entretenimento, transbordando as barreiras físicas, democratizando o acesso à cultura e contribuindo para um setor mais dinâmico e resiliente no nosso país.
Vejo um cenário promissor para o nosso segmento ao oferecer oportunidades para empresas, marcas e consumidores em diversos pontos de contatos e espaços, mas que mexe com um grande ativo emocional do público e de nós, promotores: a paixão pelo ao vivo. Afinal, a humanidade é gregária e temos a necessidade de estarmos agrupados, sempre buscando viver “em turma” com nossos pares.
*Dody Sirena, Jorge Sirena Pereira, é sócio fundador da DC Set Group. Natural de Caxias do Sul e nomeado cidadão porto-alegrense, tem residência fixa em São Paulo há mais de 30 anos, mesmo ano em que migrou a sede da sua empresa em sociedade com o amigo e empreendedor Cicão Chies para a capital paulista. Desde 1979, Dody se dedica ao grupo que carrega a inicial de seu nome, uma das empresas pioneiras na produção de grandes turnês internacionais no país e que contribuiu para a inserção do Brasil na rota mundial dos megashows.
**A DC Set Group é um hub de inovação e entretenimento que reúne empresas e iniciativas que transformam paixões em plataformas de entretenimento ao vivo e digital. Fundada em 1979, foi pioneira na produção de grandes turnês internacionais no país e contribuiu para a inserção do Brasil na rota mundial dos megashows. É hoje um dos maiores e o mais completo grupo de entretenimento nacional, formado por sete verticais de negócio (Festivals, Contents, Concerts, Venues, Sports, Tourism, Family). Reúne empresas e iniciativas ligadas à cultura, esporte e turismo. Dentre os principais projetos e participações societárias do Grupo estão os festivais Tomorrowland Brasil e Planeta Atlântida; a Blast Entertainment, que reúne em seu portfólio exposições imersivas de Van Gogh, Banksy, Frida Khalo; o Space Adventure (exposições fixas e itinerantes com itens originais da Nasa); a série de conferências Fronteiras do Pensamento; a gestão do Zoológico de São Paulo e Parque Villa-Lobos; o futuro complexo turístico que levará o Club Med à região de Gramado (RS), a gestão do Cais Embarcadero (Porto Alegre-RS), a Move Concerts Brasil (com turnês como as de Eric Clapton e Iron Maiden confirmadas para 2024), entre outros.