Oasis: veja todas as homenagens feitas durante ‘Live Forever’
Clássico do Oasis vira rito de tributos na Live ’25 Tour
Quando o Oasis subiu ao palco em Cardiff, na reestreia mundial de julho de 2025, ninguém imaginava que “Live Forever”, um dos maiores clássicos do britpop, ganharia um novo significado ao longo da turnê. A faixa, já icônica, tornou-se o ritual oficial de homenagem da Live ’25 Tour, repetido em estádios da Europa, América do Norte, América do Sul e Ásia.
Em cada parada, o momento passou a carregar outra camada de emoção: imagens projetadas nos telões, dedicatórias inesperadas, lembranças de ídolos e vítimas de tragédias recentes. A música foi escrita há mais de 30 anos e se transformou em um memorial cantado por dezenas de milhares de vozes. A seguir, os episódios que marcaram essa jornada emocional.
Homenagens feitas pelo Oasis durante “Live Forever”
1 – A primeira homenagem do Oasis: Diogo Jota emociona Cardiff
Na estreia em Cardiff, em 4 de julho, a banda surpreendeu ao dedicar “Live Forever” ao atacante português Diogo Jota, morto um dia antes em um acidente de carro na Espanha. A imagem de Jota, vestindo a camisa do Liverpool, surgiu no telão durante o refrão, arrancando aplausos e comoção de um público que ainda digeria a notícia. Foi o primeiro sinal de que o Oasis pretendia usar a música como um momento de afeto e memória.
2 – Ozzy Osbourne: Wembley canta por um ícone das trevas
Semanas depois, no Wembley Stadium, o tributo foi para Ozzy Osbourne, lenda do heavy metal, falecido em 22 de julho. Com o rosto de Ozzy estampado no telão, Liam Gallagher dedicou “Live Forever” e, em seguida, “Rock ’n’ Roll Star” ao músico. O estádio inteiro acompanhou em coro, num dos momentos mais marcantes da perna britânica da turnê. Foi uma despedida à altura do pioneiro do rock pesado.
3 – Ricky Hatton: o orgulho de Manchester ecoa em Londres
Ainda em Wembley, outra homenagem tomou conta da arena: o ex-campeão de boxe Ricky Hatton. Sua imagem gigante no telão durante “Live Forever” gerou euforia instantânea. O público celebrava não só um ídolo local, mas também o laço indissociável entre Oasis, Manchester e sua história esportiva.
4 – Minneapolis: um luto coletivo que silenciou o MetLife
Na América do Norte, a homenagem mais forte veio em East Rutherford (NJ), quando Liam interrompeu o show para dedicar a música às crianças mortas no ataque à Annunciation Church and School, em Minneapolis. O estádio ficou em absoluto silêncio nos primeiros acordes. A performance, tensa e emotiva, representou um raro momento de vulnerabilidade coletiva dentro de um espetáculo de rock para mais de 60 mil pessoas.
5 – A apoteose argentina: Maradona domina o Monumental
Na América do Sul, o tributo mais arrebatador aconteceu no Monumental, em Buenos Aires. Quando a foto de ídolo argentino Diego Armando Maradona surgiu no telão, o público explodiu em lágrimas, gritos e cantos. A força simbólica da imagem fez com que “Live Forever” se tornasse, ali, um mini-rito nacional. Foi o tributo que mais viralizado da turnê sul-americana.
6 – Na Ásia, o tributo mais íntimo: Bonehead no palco, mesmo ausente
Já na Coreia do Sul, a homenagem foi caseira. Com o guitarrista Paul “Bonehead” Arthurs afastado para tratar um câncer de próstata, o Oasis colocou no palco um recorte em tamanho real do guitarrista durante “Live Forever”. O telão mostrava o boneco como se estivesse aplaudindo a plateia, gerando risos, aplausos e um carinho coletivo para um dos membros mais amados da formação original. Mike Moore é o substituto de Bonehead. Ele toca com a banda solo de Liam Gallagher desde 2017.
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Veja imagens das homenagens em “Live Forever”


Al cerrar “Live Forever” apareció un homenaje de Liam y Noel a Maradona y la gente respondió cantando por el 10 🫶🏼🇦🇷⚽️♾️ pic.twitter.com/NL3w3RBIyw
— Agustin Mario Gimenez (@agimenez) November 16, 2025
A história de “Live Forever”
“Live Forever” é a terceira faixa de de Definitely Maybe (1994), primeiro álbum da banda. O single conquistou certificação de platina tripla na Inglaterra.
Noel conta no documentário Live Forever (2003) que a música nasceu enquanto tocava uma sequência de acordes ao som de “Shine a Light”, dos Rolling Stones. Ao chegar no refrão, o músico percebeu como a melodia do verso “May the good Lord shine a light on you” encaixava no que estava tocando. O líder do Oasis apresentou a canção para a banda durante um ensaio em 1993. No começo, o grupo não acreditou que Noel tivesse feito a música.
Algumas pessoas já associaram a letra de “Live Forever” a uma homenagem do irmão Gallanguer mais velho à sua mãe, Peggy, e à resiliência da família diante de dificuldades. No entanto, o próprio Noel já explicou em uma entrevista de 2013 (via Far Out Magazine) que a música foi feita para responder o pessimismo do grunge de Kurt Cobain no Nirvana.
Noel comentou que a música “I Hate Myself and Want to Die” do Nirvana tinha uma mensagem que ele não acreditava.
“Naquela época era o meio do grunge e coisa assim. Eu lembro que o Nirvana tinha essa canção chamada ‘I Hate Myself and Want to Die’, e eu reagi com: ‘bem, eu me recuso a pensar assim’. Por mais que goste dele [Kurt Cobain] e tudo, me recuso a pensar assim”, disse Noel.
Os dois maiores compositores do rock dos anos 1990 tinham amigos em comum no Reino Unido e, segundo Noel, os amigos lhe disseram que ambos teriam se dado bem. Ao menos, o obra de Kurt Cobain inspirou o trabalho de Noel.
“Me dei conta de que esse cara, um sujeito extremamente talentoso, tinha tudo o que eu queria”, explicou Gallagher. “Ele era rico, famoso, estava na maior banda de rock and roll da sua época — e escrevia músicas dizendo que se odiava e queria morrer! Meu pensamento era: ‘Bom, eu me amo pra caralho, e vou viver para sempre, cara!’”
Uma análise feita por musicólogos é que “Live Forever” termina em uma tonalidade diferente daquela em que começa. Ela sai de um Sol maior brilhante para um Lá menor mais melancólico. O guitarrista Bonehead conta que a mudança de sonoridade significa que “essa música poderia continuar”, assim como a escolha das pessoas pela vida.
Em 2019, a Radio X fez uma dinâmica com Liam Gallaguer com aas perguntas mais pesquisadas no Google sobre ele e o Oasis. Uma das perguntas mais frequentes era: “Qual é a música favorita de Liam Gallagher do Oasis?” Liam reponder sem pestanejar: “Live Forever”.
O poder de “Live Forever” que atravessa gerações
Em uma turnê marcada por reconciliação, saudade e celebração, “Live Forever” virou mais que um sucesso obrigatório: se tornou um ritual de memória, uma pausa emocional dentro de um espetáculo gigantesco, um espaço onde o público se permite sentir junto. Da morte de lendas do rock ao adeus de ídolos do futebol, passando por vítimas anônimas de tragédias, o Oasis devolveu ao mundo o que o mundo deu à banda: humanidade, comunhão e o desejo universal de deixar algo que permaneça.








