O dia em que Ozzy virou inimigo número um da Sociedade Protetora dos Animais
Conhecido degustador de pombas e morcegos, o cantor inglês destroçou uma granja


John Michael Osbourne (Ozzy, para os fãs de rock pesado) nunca foi bom da cachola. Mas no tocante à sua relação com os animais, ele chegou a níveis extremos. Se o fato de ter decepado a cabeça de duas pombas a dentadas (que fez de propósito) e mordido o cocuruto de um morcego (que garante ter sido por acidente), o autointitulado Príncipe das Trevas cometeu atos que o colocariam como persona non grata em qualquer entidade de defesa de animais.
Uma das vítimas prediletas de Ozzy são as galinhas. Não que ele tenha sido particularmente cruel com elas. Contudo, nos anos 1970, quando essa história aconteceu, o vocalista estava tão alucinado pelo excesso de drogas e álcool que foi capaz de cometer a atitude a seguir.
Quando morava nos arredores de Londres com sua primeira mulher, Ozzy construiu uma granja. Ele achava que a criação de animais poderia ter um efeito calmante no estresse causado pelo excesso de turnês. Só esqueceu que, de tempos em tempos, tinha de alimentar os animais. Quando esses fizeram um barulho insuportável por conta da fome, o cantor foi visitá-las com uma espingarda calibre 12 em vez de milho e ração. Ele passou a atirar nos animais até que não sobrasse um vivo para contar a história.
“A cena era assustadora: Ozzy tinha matado todas as galinhas que criava com uma espingarda, abatendo-as como um maníaco”, escreveu o baixista Geezer Butler no livro “Into the Void: Minha Vida no Black Sabbath e Além” (lançado no país pela editora Belas Letras). Butler lembra de outras peripécias do vocalista envolvendo animais. “Ozzy trabalhou num matadouro e sempre teve uma tendência cruel quando se tratava de animais, muito antes de arrancar cabeças de morcegos. Mas, ao ver todas aquelas galinhas mortas, não pude deixar de sentir pena do Ozzy. Ele estava claramente vivendo em um mundo de dor”, resume o músico.

Uma das hipóteses desse comportamento – além, claro, da infância e adolescência marcadas pela pobreza extrema e pela violência– esteja no fato de seu primeiro emprego ter sido num matadouro. Ozzy era encarregado de exterminar as vacas. “Não foi porque eu estava matando animais. Era porque quando terminasse a matança, você poderia ir para casa. Chegava lá às seis da manhã e, dependendo de quanto gado tinha que matar, às vezes voltava para casa três ou quatro horas depois. Então você teve o resto do dia de folga. Isso foi melhor do que trabalhar das nove às cinco em um escritório”, declarou ele em sua autobiografia, “Eu Sou Ozzy”.
O cantor de “Sabbath Bloody Sabbath” nem sequer perdoou as formigas. Durante uma turnê com o grupo de hard rock Mötley Crüe , nos anos 1980, ele fez uma aposta com os integrantes do quarteto de quem tomaria a atitude mais bizarra. Ozzy ganhou a aposta depois de “cheirar” uma fileira de insetos como se eles fossem alguma droga aspiradora. As galinhas voltaram na pauta do cantor no início dos anos 2000 –onde, aparentemente, passou por um período de sobriedade. O vocalista conta que naquele período sofreu com os coiotes, que invadiam sua casa em Los Angeles para matar seus cães de estimação. A solução encontrada foi colocar cabeças de galinha envenenadas com anti-congelante para afastar a matilha. “O problema é que meu vizinho viu as cabeças e achou que fosse algum ritual satânico”, declarou Ozzy num podcast.
Dia 5 de junho ele se reúne novamente com seus companheiros de Black Sabbath (o baixista Geezer Butler, o guitarrista Tony Iommi e o baterista Bill Ward) para uma derradeira performance do grupo. Espera-se, dessa vez, que nenhum animal seja machucado durante o show.