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No estúdio com ex: a vida de Evan Dando, dos Lemonheads, em SP

No estúdio com ex: a vida de Evan Dando, dos Lemonheads, em SP

Banda norte-americana se apresenta nesta sexta-feira, no Cine Joia

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Lemonheads 2 Credito Barry Brecheisen

Evan Dando já pode dar entrada no CPF brasileiro. O músico norte-americano, líder dos Lemonheads, não só está em turnê pelo Brasil, como fixou residência em São Paulo –onde toca com a nova formação de sua banda nesta sexta (19) no Cine Joia, com ingressos esgotados. Na sequência, embarca para uma série de 50 shows pelos Estados Unidos, tocando na íntegra os clássicos indies “It’s a Shame About Ray” e “Come on Feel the Lemonheads”, e na Europa. Mas foi na capital paulista também que ele fixou residência ao lado da mulher/noiva, a cineasta Antônia Teixeira, e grava o novo disco de sua banda, o primeiro de inéditas desde 2006 –depois disso, investiu em álbuns de covers, um dos pontos fortes da banda, que a maioria deve conhecer pela popular versão de “Mrs. Robinson”, de Simon & Garfunkel.

“Realmente, este parece um primeiro álbum para mim, porque estou tão inativo há tanto tempo. Então, trabalhar em músicas novas é como se eu estivesse começando de novo”, diz Evan, aos 56 anos e quase 40 de carreira, com os cabelos ainda compridos como em 1993. Na época, ele foi eleito um dos homens mais sexies do mundo pela revista “People” –algo que não combinava muito com uma banda alternativa de rock.

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O músico recebeu a Billboard Brasil no estúdio A9 Áudio, na zona sul de São Paulo, enquanto finalizava uma tela –sim, ele também pinta. É lá que, há um ano e meio, ele vinha gravando sozinho todos os instrumentos de 22 faixas demo, selecionadas de um baú de canções compostas desde 2007. Agora, as novas músicas estão sendo finalizadas sob a produção do brasileiro Apollo Nove, na companhia do baixista Farley Glavin e do baterista John Kent, que completam a nova formação da banda (pela qual já passaram mais de 20 músicos).

“Esta mesa de som pertenceu ao meu antigo sócio, Roy Cicala [1939-2014], que gravou com nomes como John Lennon. Adoro gravar bandas brasileiras, mas é com bandas de rock de verdade que ela engata a quinta marcha”, diz orgulhoso o produtor, durante a finalização de uma das faixas do novo álbum, ainda sem título, previsto para o primeiro semestre de 2025. A faixa, aliás, mantém o peso pop que marcou a banda, que surfou no pós-grunge e emplacou hits como a romântica “Into Your Arms” e a enérgica “Confetti”.

“É um disco sobre a maravilha… sobre a maravilha de estar vivo, é um disco muito alegre”, explica Evan, que enfrentou graves problemas com drogas no passado e agora comemora estar limpo (embora ainda beba álcool) e com os dentes em dia, graças a um tratamento feito no Brasil. A decisão de voltar com os Lemonheads em vez de seguir carreira solo, explica Evan, também tem a ver com o nosso país–pelo qual ele claramente está derretido de amores, basta acompanhar suas redes sociais, onde ele publica vídeos tocando do nada em bares da Vila Madalena ou dando rolê pela cidade.

No estúdio com o ex

“Não importa como [a banda] é chamada para mim, mas acho que é divertido manter o nome. O Brasil foi o lugar onde ressuscitamos os Lemonheads em 2004 [quando vieram pela terceira vez ao país com direito a Evan tocando violão com um homem em situação de rua no Rio]. Sempre houve muito interesse pela banda aqui”, diz o músico, que define Farley e John, seus atuais companheiros, como “sólidos”. Além deles, gravou com Rodrigo Sater, ex-marido e pai das filhas de Antônia, que também empresaria sua carreira. “Ele é um grande guitarrista, talvez até saia em turnê com a gente, eventualmente.”

A chancela que vem com a marca Lemonheads mesclada a um disco de inéditas promete abrir ainda mais os caminhos para Evan e companhia. “Só dá para tocar num sábado à noite em uma cidade de verdade dos Estados Unidos se você tiver um novo disco […] E para nós, americanos, é uma espécie de manta de proteção saber que Roy Cicala armou todo esse estúdio, porque ele era um dos grandes, e soa muito bem dizer que gravei neste lugar.”

Em sua lua de mel com o Brasil, ele diz que pretende pisar em seu país natal apenas a trabalho. “Com certeza está uma bagunça lá [nos EUA], mas já era ruim há cinco anos, dez, 20, 30 anos atrás. Tem sido ruim há muito tempo, um bando de pessoas paranoicas.”

Para ele, o país tropical tem uma “vibe” muito alegre e as pessoas têm facilidade em se relacionar umas com as outras. “O Brasil é como Madri, ou o meio-oeste dos Estados Unidos, ou até como a Escócia, um dos melhores lugares do mundo para se tocar. Enquanto em Manhattan agora você anda pela rua e não pode perguntar nada a ninguém porque todos estão com fones de ouvido, você sabe, lá está todo mundo desligado e aqui ainda não.”

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