Não é notícia dos anos 1990: prefeito de Criciúma quer censurar show do Planet Hemp
Banda vai se apresentar em evento de skate na cidade


O prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro (PSD), sugeriu cortar a luz de parte da cidade caso haja discurso de apologia às drogas em um evento com show do Planet Hemp.
Acontece neste sábado (23) no município catarinense o STU (Skate Total Urbe) National. Segundo a própria administração municipal, em release sobre o evento, “falou em circuito brasileiro de skate, o STU National, difícil não o associar logo a Criciúma”.
Durante o evento em Criciúma, serão realizados shows do Planet Hemp, Criolo, Dandara Manoela, Beto Cardoso e do DJ Tamenpi.
A banda carioca, que tem como vocalistas Marcelo D2 e BNegão, é conhecida até mesmo fora do Brasil pela defesa da legalização da maconha.
Em vídeo divulgado na manhã desta quarta-feira (20), o prefeito de Criciúma disse que o STU acontecerá no Skate Park da cidade, um local “para família” e que, caso algum episódio de apologia às drogas ou qualquer coisa que “mexa com conteúdo sexual”, a energia será cortada.
Com um funcionário da Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc) ao lado, ele garantiu que a promessa será cumprida.
“O Gilberto [funcionário da Celesc] está aqui, com o alicate na mão, para cortar a energia. Pode faltar energia para TV, rádio, internet, para os bares, não importa. Esse local construímos para receber famílias de bem”, afirmou.
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No entanto, a banda já está preparada para o evento –e não deve mudar seu discurso.
“Se você mora em Santa Catarina e curte Planet Hemp nosso show no STU sábado promete ser animado. Se fosse você, não perderia por nada!”, escreveu o produtor Daniel Ganjaman, na sua conta do X (antigo Twitter).
A Billboard Brasil entrou em contato com a prefeitura de Criciúma e com a produção do STU para entender se houve alguma conversa sobre as apresentações. A administração municipal disse, por meio de nota, que não vai comentar o caso. A produção do STU não retornou o pedido de posicionamento. O espaço segue em aberto.
A caravana que já passou…
Mesmo antes de lançar seu primeiro álbum, “Usuário”, de 1995, as letras da banda já repercutiam pela discussão sobre legalização da maconha.
O ápice da tensão entre o Planet Hemp e as autoridades aconteceu em 1997, quando o grupo foi preso em Brasília por policiais ligados à Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes da Polícia Federal.
A detenção do grupo gerou comoção social e repudio de grande parte da classe artística. Os integrantes ficaram presos por cinco dias.