Milton Cunha, ícone do Carnaval do Rio, relembra fase difícil como prostituto
Apresentador deu detalhes sobre trajetória em entrevista
Milton Cunha, carnavalesco e apresentador muito querido nas redes sociais, abriu o coração ao falar sobre sua trajetória até virar figura importante do Carnaval no Rio. De Belém do Pará, enfrentou a homofobia dos próprios pais e se mudou para a cidade carioca nos anos 1990.
“[Uma vez] eu sentei na poltrona que só meu pai podia sentar. Não tinha ninguém em casa, liguei a TV. Vi o Clóvis Bornay [carnavalesco] com a barba cheia de purpurina. Só senti a costa da mão do meu pai [no rosto]. Eu voei da cadeira”, contou Milton no “Histórias de ter.a.pia”, no YouTube.
“Eu estava em outro universo, não vi a ameaça chegando. Em um segundo, você está naquele encantamento, a pluma, o brilho. No outro, você está ali no chão sangrando. Qual é o problema estar tão hipnotizado? O desafio era sobreviver. Ficar no sapatinho, sem perder o prumo de quem tu és. […] Eu não queria ser metade. Eu queria ser inteiro.”
Milton também morou em Sardenha, na Itália. Ele desabafou sobre ter sido garoto de programa.
“Era chatíssimo, porque eles mandam em ti, eles mandam no teu corpo e você faz na hora que eles querem. Achei que isso era justamente tudo o que eu tinha lutado a vida inteira. Eu dizia que ia juntar dinheiro e ir para Ibiza.”
Em 1993, Milton conheceu Anísio Abraão David, presidente de honra da Beija-Flor, escola de samba de Nilópolis, no Rio de Janeiro. Foi ele quem deu a chance do paraense de trabalhar pela primeira vez no Carnaval.
“Eu dormi psicólogo e acordei carnavalesco, substituindo Joãozinho Trinta e Maria Augusta”, disse. Milton trabalho na agremiação de 1994 a 1997, conquistando o terceiro lugar em dois desses anos.