Marcelo D2 explica crítica à ostentação do trap e cobra ‘consciência de classe’
Cantor ressaltou ser seu lugar de fala e exaltou o hip hop
Recentemente, Marcelo D2 criticou excesso de ostentação do trap e falou como isso pode ser uma armadilha. A repercussão de sua fala foi grande, com apoiadores e críticos. Em entrevista à Billboard Brasil durante o Rock in Rio, o rapper e líder do Planet Hemp explicou o que quis dizer.
“As pessoas adoram clickbait. É meu lugar de fala. Eu tenho 30 anos de cultura hip hop, ajudei a construir essa parada no Brasil e no mundo. Dei minha vida por isso, tive muita recompensa, mas dei minha vida. Acho que tenho direito de falar como um cara mais velho que está nesse lugar. Acho maravilhoso o que o trap está fazendo, acho incrível”, justificou.
Sem citar nomes, o músico, porém, cobrou consciência de classe da nova geração:
“Mas acho que tem de ter consciência, não é só no trap, é no brasileiro de maneira geral. Consciência de classe. Não é porque você comprou o carrão e que mora na Zona Sul que você é playboy. Eles vão te olhar como suburbano, neguinho da favela”, explica, relembrando por que não gosta do discurso “a favela venceu”.
“Se um ou outro pula esse muro e vai para o lado de lá, não quer dizer que a gente ganhou. Nosso povo continua lá. A gente tem de defender essas coisas. Acho que é dever de cidadão da gente, que tem voz para isso. A gente foi abençoado e tem o privilégio de estar aqui. A gente tem privilégio e tem o dever de fazer isso. Não pode esquecer de onde veio e isso é fundamental para nossa vida. A gente vai influenciar os outros”, completou.
D2 ainda fez questão de ressaltar o momento do trap no Rio de Janeiro, com sua junção com o funk. Ele ainda falou sobre a influência que a cultura hip hop tem até no pop internacional.
“Eu vejo isso acontecer desde o fim dos anos 1980, quando comecei ouvir rap. Caminhada natural da cultura hip hop. A cultura hip hop dominou o mundo, vê cantores como Billie Eilish, Rosalía, que usam elementos da cultura hip hop. Pop no mundo inteiro tem aquele grave que o hip hop propôs no fim dos anos 1970. A maioria das pessoas não sabe, mas a cultura hip hop está em tudo, na maneira que a gente se veste, fala”, completou.