Mania de Rita: nossa maior roqueira revive no cinema, no teatro e em discos
Dois anos depois de sua morte, cantora se mantém presente no showbiz brasileiro
Em “Ritas”, documentário de Oswaldo Santana e Karen Harley sobre a maior roqueira do país, Rita Lee (1947-2023) filosofa a respeito de sua “xará”, Santa Rita de Cássia –que é conhecida por seu a padroeira de causas perdidas e da família. Ela toma para si a data de nascimento da religiosa –22 de maio, para sermos mais precisos–, mas não quer abrir mão de suas características capricornianas.
Este tipo de confissão é que faz do documentário, que estreia hoje nos cinemas brasileiros (claro que estrear no dia de Santa Rita está longe de ser uma mera coincidência) uma experiência saborosa. A espinha dorsal é uma entrevista que ela, a maior roqueira e popstar brasileira de todos os tempos, deu em 2018. Paulistana do bairro da Vila Mariana, Rita incursionou desde cedo pelo rock’n’roll e participou de pelo menos duas bandas seminais do showbiz brasileiro. Ela foi dos Mutantes, de 1966 a 1972, e do Tutti-Frutti, de 1973 a 1978. Dona de personalidade forte, Rita Lee nunca aceitou o papel de mocinha bem comportada que a Philips, sua primeira gravadora, tentou lhe colocar. No meio de uma reunião com os diretores da companhia, ela os mandou para “aquele lugar” e investiu no universo do rock. Assim nasceu o disco “Fruto Proibido”, de 1975, um marco do gênero no país.
“Ritas” é contado sob o ponto de vista que a cantora tem dos fatos –o que, para este que vos escreve, não é problema algum. O filé do documentário, no entanto, está nas cenas de arquivo –entre elas apresentações ao lado de Gilberto Gil, Tutti-Frutti e duetos com Maria Bethânia e João Gilberto–, além de momentos de intimidade. Como quando mostra matérias sobre ela em revistas, sua coleção de bricabraques de James Dean, David Bowie e de inúmeros santos ou mostra Roberto de Carvalho, marido e parceiro de todas as horas, “atuando” como jardineiro na chácara do casal.
“Rita Lee: Mania de Você”, em cartaz na plataforma de streaming HBO Max, atua como uma produção complementar. Feito inicialmente para retratar a história da cantora, ele passou por um baque com a descoberta do câncer de Rita, em 2021. Mas traz uma pesquisa biográfica de respeito, inclusive com depoimentos do guitarrista Luiz Carlini e do baixista Lee Marcucci, ex-companheiros de Tutti-Frutti, além de Roberto e dos filhos.
“Ritas” e “Mania de Você” são apenas alguns dos exemplos de como a maior roqueira e popstar do país se mantém presente no nosso dia-a-dia. Abaixo, como Rita Lee brilha no teatro e na indústria musical.
RITA LEE, UMA BIOGRAFIA MUSICAL
Protagonizado por Mel Lisboa, o espetáculo traz um retrato da trajetória pessoal e musical de Rita Lee. É um dos sucessos de 2024, tendo atraído mais de 60.000 pessoas. Em cartaz no teatro Porto Seguro, em São Paulo.
DISCOGRAFIA SELECIONADA RITA LEE
Rita Lee & Tutti Frutti – Fruto Proibido (1975)
É um dos grandes discos do rock brasileiro e traz canções que se tornariam clássicos em seu repertório. “Ovelha Negra”, “Agora só Falta Você”, “Esse Tal de Roque Enrow” estão entre os destaques desse clássico.
Rita Lee & Tutti Frutti – Babilônia (1978)
Último disco da cantora ao lado do grupo Tutti Frutti. Traz “Disco Voador”, primeira parceria dela com Roberto de Carvalho. A faixa-título e “Miss Brasil 2000” se tornaram clássicos de seu repertório.
Rita Lee (1980)
O disco que a transformou na maior popstar do país. Tem “Lança Perfume”, “Baila Comigo”, “Caso Sério”… Clássico.
Rita & Roberto (1985)
O casal flerta com o pós punk e o movimento new wave e faz um de seus melhores trabalhos. “Vírus do Amor”, “Yê Yê Yê” e “Vítima”, que parece trilha de filme de suspense de Alfred Hithcock, estão entre os destaques.
Balacobaco (2003)
Um dos últimos trabalhos do casal, traz “Amor e Sexo” (baseada numa crônica de Arnaldo Jabor) e diversos outros pop saborosos. Foi reeditado em vinil duplo, nas cores verde e amarelo.
A Marca da Zorra (2023)
Registro de uma performance de 1995 de Rita Lee e Roberto de Carvalho. Chega finalmente ao vinil, num caprichado projeto gráfico. Um repertório de hits, com arranjos mais pesados e uma abrangência que vai de Mutantes aos mais recentes sucessos da dupla.
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