Journey é conhecido pelo seu rock suave. O comportamento dos músicos, nem tanto
Grupo americano é uma das principais atrações de hoje do Palco Mundo
Criado por dois ex-integrantes do grupo do guitarrista Carlos Santana –a saber, o também guitarrista Neal Schon e o tecladista Greg Rollie–, o Journey, que toca neste domingo no Rock in Rio, é um dos principais nomes do que se convencionou chamar de AOR (sigla para adult oriented rock, ou seja, rock para um público adulto).
Basicamente, fazem um hard rock mais suave, repleto de baladas e com forte presença do piano. Assim surgiram canções como “Don`t Stop Believin'” (sucesso do seriado “Glee”, onde um grupo de adolescentes recriavam clássicos dos musicais) e “Separate Ways”.
Nas internas, o grupo vive momentos muito diferentes aos das baladas que interpreta no palco. Eles reúnem uma compilação de brigas internas, processos, rebeliões e prisões. A mais recente envolve dois elementos chaves de banda, que dividem o palco apesar dos imbróglios judiciais –são eles Schon e o tecladista Jonathan Cain, que substituiu Rolie em 1980. Em 2022, o guitarrista acusou o parceiro de bloquear seu acesso ao cartão de crédito da banda. A defesa de Cain foi de que Schon teria feito gastos com despesas pessoais (coisa pouca, um milhão de dólares) em algo que era exclusivo dos gastos com o Journey. Em agosto deste ano foi nomeado, pela corte americana, um diretor de fora para administrar a empresa do quinteto.
Schon e Cain tiveram outra briga em 2022 porque o tecladista tocou “Don`t Stop Believin'” num comício em apoio ao então presidente americano Donald Trump –a mulher do músico é uma espécie de conselheira do político. Ele foi acusado de “macular a marca Journey.”
Steve Perry, ex-vocalista e cantor dos principais sucessos do grupo, também tem sua cota de encrencas. Durante o auge do quinteto, nos anos 1980, ele implicou com o baixista Ross Valory e o baterista Steve Smith e mandou que a dupla fosse demitida. Perry –que vem de família portuguesa e se chama Pereira–, que saiu em carreira solo no ano de 1998, processou ainda os ex-companheiros. Ele alegou que estavam lucrando com a venda de produtos que traziam o nome de suas composições –entre elas “Anyway You Want It”, “Wheel in the Sky” e “Open Arms”. A queixa foi retirada.
Lembram de Ross Valery e Steve Smith? Pois eles retornaram em respectivamente em 2015 e 2016. Mas em 2020 foram mandados embora sumariamente porque estariam tentando dar um golpe na empresa e tomar para si o nome Journey. Dean Castronovo, que atualmente é o titular das baquetas, também possui seu quinhão de patifarias. Em 2015, foi preso sob acusação de agressão, estupro, abuso sexual, uso ilegal de arma de fogo e violação dos termos da fiança. Expulso do Journey, ficou detido por quatro anos. Voltou em 2020, substituindo Steve Smith. Dean Castronovo se tornou cristão renascido e largou a bebida de vez.
Com tanta confusão, é de se espantar que eles ainda estejam na ativa. Mas como diz um de seus principais hits, “Don`t Stop Believin'”, ou seja, “nunca deixe de acreditar.”