Tá em crise, The Town? Chama a Ivete Sangalo
Cantora baiana estreou no 'horário nobre' e trouxe carisma de volta ao festival
A noite fria de 14 graus foi a primeira coisa que Ivete Sangalo mencionou no principal palco do The Town, neste sábado (13) em São Paulo. Apesar do palco (com estética próxima da realizada pela TV em reality shows como BBB somada a intervenções de IA), Ivete foi elegante e festeira em sua estreia no horário nobre do festival da família Medina. Anteriormente, a maior cantora do pop brasileiro só havia sido convidada para os horários vespertinos do Rock In Rio —sempre com shows elogiados e, muitas vezes, com mais carisma e música do que atrações internacionais superestimadas.
Em 2025, antes de Mariah Carey no palco Skyline, Ivete só precisou ser, então, ela mesma com algumas doses de esperteza, sample de Michael Jackson e “Axel F” (canção que faz cama para o o sucesso do personagem Crazy Frog), e sucessos, muitos. Primeiro bloco teve “Acelera Ar” (2010), “Festa” (2001), “Abalou” (2005), “Tempo de Alegria” (2013) e “Sorte Grande” (2003), culminando em uma escolha duvidosa pelo hit “Ai Ai Ai (Banho de Chuva)”, de Vanessa da Mata.
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Ela discorda, porém. Diz que é deselegante achar que os shows vespertinos são menos importantes que os noturnos. “O artista não pensa nisso”, ela garantiu em entrevista após o show. Também disse que as pessoas confundem “mensagem com palavras”, ao ouvir que só trap mencionou explicitamente pautas políticas no festival.
Ivete Sangalo aquece o ‘frio’ The Town com um dos melhores atos do festival
E, então, surgiu a artista que maceta hits também nesta década. Veio “Energia de Gostosa” (2025) e “Macetando” (2023), esta última um dos pontos altos do set —mesmo com a tática fria de deixar a voz de Ludmilla soando no playback. O bloco ainda teria a arrochadeira “Cria da Ivete” (2023) que atualiza também os vocábulos de uma musa do axé que cantava o amor romântico em épocas de Banda Eva. “Tem gente que senta pra beber, aqui nós bebe pra sentar”, cantou em uníssono o The Town em clima de revoada baiana.
De repente, tava geral no chão rebolando. Coisa rara nesta edição do festival, fraca no carisma. Na reta final, com “Me Abraça” (1995), “Beleza Rara” (1999) e “De Ladinho” (1999), a sensação era de algum calor em um festival, este ano, ainda mais apático e frio.
Sofrendo com uma suposta “falta de headliners”, o The Town acabou se rendendo a um show que, por anos, relegou aos horários inferiores do Rock In Rio. O movimento, mais uma vez, parece forçado por circunstâncias mercadológicas e, assim, injusto com uma artista que, há muito, possui um dos melhores shows do Brasil.
Além disso, Ivete acaba confirmando que atualizar-se e meter-se em trends não significa um desapego à música brasileira. Ao contrário de divas do universo pop, a baiana insiste na base que a fez uma das maiores estrelas da música brasileira. Estão lá, por todo o show, uma cozinha que bate samba-reggae, funk, pagodão, arrocha.
Durante a escassez de vitórias da Seleção Brasileira, Galvão Bueno costumava gritar “Ta em crise? Chama o Chile!”. Agora, o The Town parece lambem fazer uso do bordão: se tá em crise dos headliners, chama a Ivete que ela resolve.
Veja fotos do show de Ivete Sangalo no The Town











