Garbage: sem hit, mas com pique
Grupo anglo americano mostra coesão e peso no palco de The Town
Garbage é uma banda de poucos hits. “Only Happy When it Rains”, “I Think I’m Paranoid” e – vá lá – “Stupid Girl” foram sucesso nos tempos em que a MTV tinha uma maior importância entre os jovens. Mas sempre foram respeitados por causa de seu baterista e produtor, Butch Vig, que fez nada menos “Nevermind”, do Nirvana, e “Wasting Light”, dos Foo Fighters.
E meu Deus, tem Shirley Manson, cantora de carisma e uma voz que por vezes emula o grave de Siouxsie Sioux, líder do quarteto pós punk Siouxsie & the Banshees. Musicalmente, fazem um híbrido de punk/pop empapuçado de programações eletrônicas, uma parede de guitarras e um baixo gordo – que se dá o direito até de citar a canção progressiva “Aqualung”, do também progressivo Jethro Tull, ao final de “Vow”.
A apresentação desse sábado em The Town foi corajosa justamente pelo fato do grupo preservar seus cavalos de batalha para a segunda parte do show. Coube a Shirley a missão de segurar a plateia, devota na grade, mas completamente dispersa na parte do fundão. Uma tarefa que ela cumpriu de modo exemplar, andando de um lado para o outro do palco, dando conselhos para a plateia e elogiando o animação do público. “Garbage”, de 1995, e “No, Gods, no Monsters”, de 2021, o primeiro e o mais recente álbuns do quarteto, dominaram o set list, com quatro canções cada.
Os fãs do pós punk, como este que vos digita, ficaram maravilhados com a versão de “Cities in Dust”, de Siouxsie, que reforça ainda mais a conexão, com a eterna dama do pós. Ao final da apresentação, Shirley Manson disse que eles estavam com idade avançada e confessou não saber se o grupo teria pique para mais uma volta ao país. Que eles voltem mais uma vez. Caso contrário, foi uma despedida de ouro.