Fióti processa Emicida, mas rapper acusa irmão por rombo de R$ 6 milhões na LAB
Briga envolveu até unfollow da mãe dos artistas; Fióti nega acusações


O produtor musical Evandro Roque de Oliveira, conhecido como Fióti, ingressou na Justiça com uma ação cautelar de urgência contra seu irmão e sócio, Leandro Roque de Oliveira, o rapper Emicida. A petição foi protocolada na Vara Empresarial do Foro Central de São Paulo e registrada sob o número 1033120-37.2025.8.26.0100.
No entanto, agora, em documentos obtidos pela Billboard Brasil, Emicida alega um rombo de R$ 6 milhões na empresa ao longo de nove meses.
Na petição original, impetrada em meados de março, Fióti solicita uma decisão urgente para impedir que Emicida continue tomando decisões sozinho à frente da empresa Laboratório Fantasma, da qual ambos são fundadores.
Ele acusa o irmão de bloquear seu acesso às contas bancárias, revogar unilateralmente uma procuração e comunicar, sem aviso, que não poderia mais ter poderes de gestão na empresa.
Fióti diz, no processo, que havia feito um acordo para deixar a produtora, tendo sido surpreendido ao ter seu acesso às contas bloqueado. Os autos, mesmo com pedidos das defesas para tramitarem sob sigilo de justiça, estavam disponíveis para consulta pública.
Segundo a defesa de Fióti, até 2010 cada um dos irmãos possuía 50% das cotas da empresa. Quatro anos após, a Laboratório Fantasma virou Eireli, permanecendo assim até 2024. Foi neste momento que o produtor ressurgiu no quadro societário com 10% das cotas, e Emicida manteve 90%.
No começo de março, Emicida desautorizou uma convocação de reunião feita por Fióti —o que acabou culminando na saída de uma das revelações da Lab Fantasma, a cantora Drik Barbosa.
Na quarta (2), Evandro teve o pedido de reconsideração na sociedade da Lab Fantasma negado.
Emicida acusa Fióti: R$ 6 milhões sacados indevidamente
Por sua vez, Emicida afirma ser o sócio majoritário (90%) e único administrador da empresa, e que Fióti só detém 10% das cotas, sem poder de gestão. Mais grave, acusa o irmão de ter sacado indevidamente R$ 6 milhões da empresa entre junho de 2024 e fevereiro de 2025, sem autorização nem justificativa, o que teria motivado a revogação da procuração.
Relembre-se que, apenas em janeiro e fevereiro de 2025, o Requerente promoveu 4 (quatro) saques que somam a importância de R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais), via pix
de R$ 500.000,00, dois no dia 22 de janeiro de 2025, um em 4 de fevereiro de 2025 e outro no dia 5 de fevereiro de 2025, vejamos os seguintes trechos (fls. 209 e 217) do extrato bancário da Sociedade Requerida:4.1. Como se não bastasse, o Requerido Leandro descobriu que o Requerente também efetuou transferências sem autorização nos meses de junho e julho de 2024, totalizando aproximadamente R$ 4.000.000,00 (quatro milhões de reais), circunstância só identificada no fim de fevereiro de 2025, conforme os seguintes trechos dos anexos extratos de junho e julho de 2024 (fls. 223, 225 e 229)
O rapper também diz que a liminar de Fióti (para bloquear contas e impedir decisões unilaterais) é desproporcional e poderia levar a empresa à falência, prejudicando colaboradores, artistas e fornecedores. Por fim, também argumenta que Fióti já havia comunicado seu afastamento da empresa, e que qualquer comunicação feita por Emicida apenas confirmou essa realidade, sem ofendê-lo.
No processo, Emicida explica que, inicialmente, convidou o irmão para fundar a gravadora em 2010. A divisão dos lucros assim teria ficado após concordância verbal: 70% para ele, 30% para Fióti. Segundo sua defesa, 80% dos ativos da empresa vêm de sua carreira artística, e ele optou por manter a maior parte de seus rendimentos na conta da empresa.
Ele relata que assinou o acordo de separação para não ter mais sua carreira atrelada ao irmão, mas foi surpreendido, em janeiro e fevereiro de 2025, por duas transferências de R$ 1 milhão cada para a conta de Fióti. Mais tarde, uma auditoria interna apontou outras transferências de R$ 4 milhões feitas entre junho e julho de 2024.
Justiça negou pedido de Fióti contra Emicida
No dia 31 de março, o juiz Guilherme de Paula Nascente Nunes, da 2ª Vara Empresarial e de Conflitos de Arbitragem do Foro Central Cível da Comarca de São Paulo, negou o pedido de liminar feito por Fióti. Ele entendeu que não há provas suficientes do risco iminente de prejuízo ou má-fé por parte de Emicida. O juiz destacou que Emicida tem, formalmente, 90% da empresa e é o administrador registrado no contrato social. O magistrado também decidiu que o “Term Sheet” apresentado por Fióti (um acordo de transição) não tem força legal obrigatória, pois é apenas um documento de intenção, não um contrato definitivo.
Em comunicado pelo Instagram, na noite desta terça (1), o produtor negou as acusações e considerou “falsa” as acusações de “desvio” feitas pelo irmão. Na quarta (2), ele teve seu pedido de reconsideração na sociedade com o irmão negada pela Justiça de São Paulo.
Unfollow mútuo e da mãe Dona Jacira
No sábado (28), a Billboard Brasil revelou que os irmãos não só não se seguiam mais no Instsgram, como também Dona Jacira, mãe da dupla, havia deixado de seguir Emicida. Fontes afirmam que há um imbróglio imobiliário entre os dois.
Há, ainda, divergências entre os irmãos quanto à remuneração de Fióti —que recebia um salário mensal de R$ 40 mil e considerava o valor insuficiente.
A disputa está sendo tratada em um processo civil na 2ª Vara Empresarial e de Conflitos de Arbitragem de São Paulo.