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Seu Jorge traz seu espírito agregador para o palco do Festival Turá

Seu Jorge traz seu espírito agregador para o palco do Festival Turá

Cantor e compositor carioca apresenta o repertório do disco 'Baile à la Baiana'

Magary Lord, Seu Jorge e Peu Meurray

Isso o Naldo Benny não conta. Numa festança que Seu Jorge organizou na antiga casa em que morava, no bairro do Pacaembu (São Paulo), ele chamou o rapper Mano Brown, o jornalista e apresentador Pedro Bial e Naldo (sim, o suposto amigo do outro Brown, o Chris) para uma jam session em sua festa de aniversário. A canção escolhida foi “Gostava Tanto de Você”, clássico do repertório de Tim Maia (1942-1998).

“Eu me amarro na voz do Naldo”, diz Seu Jorge, que agora instalou sua moradia e produtora em Alphaville, aquele condomínio dos sonhos localizado na cidade de Barueri. Pois é essa celebração de encontros e ritmos que fazem parte de “Baile à la Baiana”, seu primeiro disco de material inédito em onze anos, cujo repertório –além de outras surpresas, claro– será apresentado hoje no Festival Turá, que acontece no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, numa noite que traz ainda Pretinho da Serrinha ao lado de Criolo, Lenine e Spok Frevo Orquestra e a apresentação final do Só pra Contrariar.

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“Baile à la Baiana”, lançado em fevereiro de 2025, é um trabalho em colaboração com os percussionistas baianos Peu Meurray e Magary Lord. “Eu os conheci através da [cantora e atual ministra da Cultura] Margareth Menezes, que foi a primeira pessoa a me levar para Salvador. Tempos depois dessa visita, eu e Margareth tocamos num resort e ela me apresentou ao Peu e ao Magary”, lembra o cantor e compositor carioca. Seu Jorge rasga elogios à parceria com a dupla de percussionistas. “Precisava desse espírito, precisava das coisas ancestrais de Salvador, que é uma cidade em que 87% da população é preta”, explica.

“Neste álbum, a gente se propôs a unir chula, samba, samba afro, black samba, funk, soul, tudo misturado com essa energia da música do Rio e da Bahia. Eu tive a sorte de estar cercado por músicos incríveis, que entendem essa linguagem e cada um trouxe sua musicalidade pro estúdio. E mais do que um exercício musical, este álbum nasceu de encontros de vida, de amizades, de famílias que se encontram, de histórias trocadas em Salvador e no Rio.”

O trabalho de Seu Jorge, no entanto, vai muito além da pesquisa de ritmos baianos. Há também uma presença forte da música preta brasileira dos anos 1970, em especial o Movimento Black Rio –uma combinação de música e protesto social que tomou de assalto o país naquele período. Seu Jorge chegou a frequentar esses bailes? “Os bailes que eu ia eram diferentes. Eram equipes de som, como a Grand Prix e a Cash Box. As músicas normalmente eram músicas estrangeiras, não existiam muitas composições em português”, explica. 

O trabalho de Seu Jorge equilibra música com cinema. Como ator, ele brilhou em “Cidade de Deus”, de Fernando Meirelles, e “A Vida Marinha com Steve Zissou”, de Wes Anderson. Recentemente, anunciou que irá participar em “Geni e o Zeppelin”, de Anna Muylaert, baseada na canção de Chico Buarque que faz parte de “A Ópera do Malandro”. Mas ele prefere não dar maiores detalhes.

Um dos flertes de Seu Jorge no cinema, contudo, pode dar pistas sobre o que ele vai aprontar no Turá. Durante as filmagens de “Marighella”, de Wagner Moura, ele foi assistir a uma apresentação de Criolo no Circo Voador, no centro do Rio, às vésperas de uma filmagem importante. “Falaram tanto que São Paulo era o túmulo do samba e o cara faz um disco maravilhoso de samba”, elogia Seu Jorge. O pagode, no entanto, demorou até altas horas e ele foi direto para o set de filmagem. Wagner Moura o encontrou dormindo no local em que seria rodada uma das cenas mais importantes da produção. “A gente se estranhou e eu disse que estava tão comprometido com a cena que tinha chegado mais cedo”, diverte-se. Como Criolo faz parte da programação e Alexandre Pires (com quem Seu Jorge fez uma turnê anos atrás) também estará no palco no mesmo dia, é bem capaz que o pagode role solto até altas horas.

“É sempre uma alegria imensa me apresentar em São Paulo, ainda mais em um festival como o Turá, que celebra a diversidade e a força da música brasileira. Vou fazer um show muito especial do meu novo disco, ‘Baile à la Baiana’, cheio de energia e do espírito de ‘gente boa se atrai’. Tenho a alegria de dividir esse projeto com dois grandes amigos, Peu Meurray e Magary Lord, que também estarão comigo nessa noite. Estou muito empolgado e tenho certeza de que será uma noite inesquecível.”

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