Entre críticas e sucesso: como Gica se tornou um fenômeno no pagode
Os vídeos da cantora pelas redes acumulam bons números e grandes discussões
Giovana Ribetti, a Gica, é um dos nomes mais comentados do pagode na atualidade. Tendo como “incentivadores” nomes como Pretinho da Serrinha, Thiaguinho e o atleta Neymar, a cantora se destaca num gênero dominado por homens.
Com apenas 21 anos, ela ainda tem muita dificuldade em entender o processo no qual se tornou destaque.
“Foi tudo muito rápido mesmo. Em 2021, meu empresário sugeriu que eu me tornasse uma cantora, que investisse nisso. Depois, o Neymar gravou um vídeo meu e tudo mudou”, disse, em entrevista para Billboard Brasil.
O vídeo em questão é da regravação da música “Lágrimas Vão e Vem“, que faz parte da primeira edição do projeto “Pagode da Gica“. Em dezembro do ano passado, a cantora lança a terceira edição do seu pagode.
A voz de Gica
Gica é nascida e criada na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro. Como sua mãe era professora de uma escola particular, ela conseguiu bolsa para estudar “no asfalto”.
Desde a infância, ela se destacava como percussionista e instrumentista. E sua carreira sempre foi trilhada nesse caminho, com direito a convite para se apresentar no antigo “Caldeirão do Huck”, da TV Globo.
Mas há cerca de dois anos, Gica passou a assumir a frente dos palcos, cantando. Se desafiando para além da percussão, uma zona segura para quem domina esse campo, sua voz é um tema de críticas.
Porém, a cantora parece lidar muito bem com a questão. Durante a entrevista, ela ainda questiona sua assessoria de imprensa se “pode falar”, antes de falar o que pensa.
“Hoje, eu não sou a melhor cantora do Brasil, tenho muito o que evoluir. Eu não estou satisfeita com a minha voz. Mas tenho 21 anos, faço aula de canto, busco evolução”.
Com os bons números dos seus projetos “Da Rocinha Para o Mundo” e “Pagode da Gica“, ela chamou a atenção da produtora GR6, que agencia os principais nomes do funk em São Paulo. Gica acumula 1 milhão de ouvintes mensais e seu principal sucesso, um pot-pourri do seu primeiro projeto audiovisual, tem 8,6 milhões de plays no YouTube.
Com uma grande capilaridade pelas casas de show, a empresa conseguiu bombar a agenda da pagodeira, que roda as principais casas do Estado.
Gica e as redes
A qualidade vocal da cantora, aliás, é motivo de debate recorrente nas redes sociais. Volta e meia aparece um vídeo da cantora na timeline – boa parte dos vídeos, seguido de críticas.
Com a terapia em dia, a pagodeira diz que dificilmente acompanha o que fala dela na internet. “Converso muito com os artistas maiores, tipo o Thiaguinho, e eles sempre falam que devo evitar”.
Porém, o grande motivo do seu detox foi como as críticas afetavam sua própria impressão do trabalho. Segundo ela, é importante ter essa noção, mas que muitas pessoas não conseguem ser justas na avaliação.
“Sei que fujo de um certo padrão. Sou uma mulher branca no pagode. Mas também tenho uma história, e não falo isso como desculpa, não. Mas acho importante dizer de onde vim e como o samba e pagode fazem parte da minha vida. Eu amo cantar, eu amo tocar”.