Em turnê no Brasil, Robb Flynn, do Machine Head, destoa do estereótipo headbanger
Músico questiona o Grammy, que premia o heavy metal longe da cerimônia principal
A quem interessar possa: a matéria a seguir se utiliza de um clichê para combater um velho estereótipo. Headbangers, reza a cartilha do lugar comum, são aqueles seres desmiolados que estão sempre a invocar os demônios nos filmes e séries de terror ou saem provocando acidentes em festas da faculdade. Robb Flynn, vocalista e guitarrista do Machine Head, que inicia nesta semana uma turnê pelo país, não se furta a reclamar dessa caracterização canhestra que é feita sobre o estilo musical que pratica.
“Existe um preconceito sério contra o heavy metal, a começar pelo Grammy. Sabia que o prêmio dessa categoria é entregue em um teatro afastado de onde é realizada a cerimônia?”, questiona?
E aí vamos para outro chavão, aquele no qual afirmamos que os artistas de heavy metal são seres de cabeça aberta e que escutam outros estilos musicais que vão além do “bate-cabeça”. “Eu assisti ao Pearl Jam quando eles ainda se chamavam Mookie Blaylock”, afirma. “Recentemente, me diverti muito num show do Ed Sheeran. Ele é um entertainer nato”, comentou.
O Machine Head é uma das principais bandas da cena de rock pesado que tomou de assalto a Califórnia entre os anos 1980 e 1990. Flynn é o único remanescente da formação original e um ser em busca da agressividade perfeita: cada disco do grupo investe num tipo de sonoridade, que pode ser do thrash metal praticado por bandas como Slayer (“mas os guitarristas deles já confessaram que roubaram muito do meu estilo”, diz Flynn) ao nu metal, que se utiliza de elementos do hip hop.
“Of Kingdom & Crown”, o mais recente lançamento do Machine Head, é inspirado num anime japonês chamado “Attack of the Titan”.
“Meu filho assistia e comecei a ficar fascinado com a maneira que eles desenvolvem a história”, diz o guitarrista. Flynn criou então uma trama num futuro apocalíptico, onde Ares vinga a morte de sua amada, Amethyst, matando a todos que encontra pela frente.
Um dos assassinos dela é Eros, que também tem seu quinhão de demônios para enfrentar. O embate de Ares e Eros é inevitável, mas até isso acontecer o ouvinte é premiado com alguns dos melhores gritos primais e guitarras distorcidas do heavy metal atual.
A turnê brasileira do grupo faz parte de “An Evening With Machine Head”, show em comemoração às três décadas de atividade do grupo (veja o serviço abaixo). São apresentações com mais de três horas de duração, nas quais Flynn conversa com a plateia, toca canções de todas as fases da banda e até convida um ou outro para dar uma canja no palco.
E, claro, o mosh pit (mais conhecido aqui como “a rodinha da porrada”) não é só liberado, como incentivado. “Faz parte da cultura do heavy metal e o público do Machine Head é cordial. Eles até levantam o sujeito que cai entre um chute e outro”, brinca Flynn, ele mesmo um adepto dessa cultura. “Já quebrei umas costelas fazendo isso.” Robb Flynn é doce, mas nem tanto.
Machine Head
Quando: 27 de outubro – sexta-feira
Cidade: Curitiba/PR
Local: Tork ’n Roll
Abertura da casa: 20h
Vendas online: Show Pass
Classificação etária: 18 anos. Maiores de 14 anos entram acompanhados com os pais/responsáveis.
Machine Head 28 de outubro – sábado
Cidade: Rio de Janeiro/RJ
Local: Circo Voador
Abertura da casa: 20h
Vendas online: Eventim
Ingresso solidário: entregue 1 kg de alimento não perecível (exceto sal ou açúcar) no acesso ao evento.
Classificação etária: 18 anos. Maiores de 14 anos entram acompanhados com os pais/responsáveis.
Machine Head – 29 de outubro – domingo
Cidade: São Paulo/SP
Local: Tokio Marine Hall
Abertura da casa: 18h
Vendas online: Eventim
Ingresso solidário: entregue 2 kgs de alimento não perecível no acesso ao evento.
Classificação etária: 16 anos. Menores de 16 anos somente acompanhados dos pais ou responsável legal.