São mais de 40 anos de carreira. Desde “Like a Virgin” até “Music”, Madonna vem marcando gerações com sua voz, irreverência, influência na moda, coragem de enfrentar temas polêmicos e de se posicionar de forma incisiva sobre aquilo em que acredita. Sem medo, colocou o dedo na ferida da igreja, levantou a bandeira LGBTQIA+ quando poucos abraçavam a causa e se mostrou ao mundo, não só como veio a ele, mas de muitas outras formas.
Nascida em Michigan, nos Estados Unidos, em 1958, Madonna alcançou o mundo ainda na juventude e conquistou o Brasil na mesma intensidade com que ganhou fãs no mundo todo. Como o furacão que é, ela se enfiou nas rádios, nas novelas (como “A Gata Comeu”, de 1985) e nos corações de pessoas anônimas e de artistas.
Desde o Recife de Johnny Hooker, que a tem como grande referência, até a Cidade Maravilhosa de Luis Lobianco, que passou a infância grudado em uma fita K7 com músicas da rainha. O desapego com os limites que o etarismo impõe às mulheres se tornou inspiração para Sarah Oliveira.
Inegavelmente, Madonna influenciou cantores, atores e também quem vive fora dos holofotes. Chegou às ruas de Manaus, onde Maria Solange dançava ao som de “Holiday”, numa época com poucos motivos para celebrar. Era dependente química, e a mesma rua que fazia de palco também era seu lar. Foram os olhos atentos de Madonna que pavimentaram o caminho para um recomeço.
Uma nova vida, para esquecer os dias ruins. Uma vida inteira para, finalmente, festejar.
Viva Madonna.
Daniela Mercury, cantora
“Se Madonna fosse brasileira, diríamos que ela é antropofágica: quer engolir o mundo. Nunca foi clichê, compõe, produz, escolhe os próprios caminhos. Ela faz o que ela mesma pensa, o que ela constrói, o que ela gosta e sente. Acho que é por isso que ela emociona e transmite tanta força. Madonna é uma superintérprete, não deixa você se dispersar nos shows, e isso é raro, principalmente em shows grandes, cheios de tecnologia. Ela consegue ser o centro das atenções, chamar todo mundo para a voz dela, para o que diz, para o que faz. Isso diz muito da personalidade dela.”
Sarah Oliveira, apresentadora
Quando eu nasci, em 1979, Madonna já era um ícone. Comecei a entender a importância dela nos anos 1990. Porque Madonna é o próprio ícone de tudo. O ícone fashion, o ícone transgressor para a mulher, o ícone para a comunidade LGBTQIA+. Acho incrível como ela abriu a cabeça do jovem dos anos 1990 e dos anos 2000. No clipe de “Hung Up”, eu não sei quantos anos ela tinha, porque a idade não quer dizer nada. Isso eu acho muito interessante. A Madonna tinha todas as idades dentro dela. Ela subverte isso. Para nós, mulheres, é um exemplo maravilhoso.
Luis Lobianco, ator
Poucos artistas com tanto a perder se colocaram em risco tantas vezes quanto Madonna. Ela me ensina que ser artista, muitas vezes, é justamente não atender às expectativas que criam para nós. Quando veio ao Rio pela primeira vez, eu tinha 11 anos, e minha mãe não me deixou ir ao show. Para me sentir parte daquilo, gravei a transmissão e assistia o dia inteiro. Aquele show foi um escândalo! Era muito arrojado falar de sexo, desejo e erotismo. Ninguém nunca tinha feito aquilo. Eu sou o resultado das imagens e das provocações da obra dela.
Johnny Hooker, cantor
O show em Copacabana vai coroar a maior artista do mundo. O impacto de Madonna não se limita às artes. Ele está na moda, no comportamento. Ela pariu um novo mundo. Um mundo onde ser você mesmo é legal. Onde as pessoas passaram a falar sobre sexo e a desconstruir tabus. Um mundo mais laico, onde os dogmas da igreja podem e devem ser discutidos. Ela fez o que os artistas mais geniais fazem. Se Madonna não tivesse parido esse mundo, estaríamos mais caretas. Não tenho palavras para agradecer essa gênia. E acho que vai demorar muito tempo para termos uma artista dessas de novo.
Maria Solange, estudante e montadora
Conheci Madonna por meio de uma prima, aos 14 anos. Escutei “La Isla Bonita” e me apaixonei. Aquela loira me impactou demais. Mas o maior impacto foi quando ela me notou. Em 2020, eu estava dançando “Holiday” em um bar, quando ainda era usuária de drogas, e ela compartilhou o vídeo. Hoje, eu trabalho, estudo, e estou há quatro anos limpa. Por causa dela, consegui muita ajuda e apoio para me manter no tratamento contra a dependência química. Graças a Deus e a Madonna, eu estou livre e cheia de sonhos. Um deles, claro, é conhecê-la pessoalmente.
Rafael Soler, esteticista
Quando conheci Madonna, ainda não havia assumido que era gay, e foi amor à primeira vista. Me senti representado por ela. Ela foi inspiração para expressar quem eu realmente sou. No ano seguinte, deixei finalmente de me odiar por quem eu era e me assumi para minha mãe. Para isso, usei “Express Yourself”, em que ela canta sobre o quão importante é você se expressar. Não consegui ir ao show da Madonna em 2012, mas em 2013 eu fui para Nova York e acampei na frente da casa dela. Não consegui vê-la, mas só de estar ali, perto dela, me senti honrado.