Contratação de orquestras de frevo caiu 82% em Olinda
Entre os Carnavais de 2020 e 2023, o número passou de 400 para 73


Uma apuração do Jornal do Comércio pode ter desvendado um dos motivos que revelam a falta de incentivo ao frevo, principal componente da folia pernambucana e considerado Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. De acordo com o JC, “a diminuição da presença do frevo nas vias principais do Sítio Histórico de Olinda durante os dias do Carnaval tem sido uma percepção recorrente entre foliões”.
A apuração levantou que houve uma redução na contratação das chamadas “orquestras itinerantes” – iniciativa da Prefeitura de Olinda que garantia a circulação de grupos musicais por ruas ociosas, mantendo o frevo vivo enquanto as agremiações não passavam.
Menos frevo no Carnaval de Olinda? Não é impressão!
Contratações de orquestras itinerantes pela Prefeitura caíram 83% entre 2020 e 2023. Em 2024, só houve investimento em cinco pontos fixos. Em 2025, a gestão de Mirella Almeida (PSD) não confirmou se houve incentivo.
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— Emannuel Bento (@emannuelbento) March 15, 2025
Entre os Carnavais de 2020 e 2023, na segunda gestão de Professor Lupércio (PSD), o número de contratações dessas orquestras caiu 82%, passando de 400 para apenas 73. Em 2024, a Prefeitura informou ter concentrado esses grupos em cinco pontos fixos, sem detalhar a quantidade de músicos contratados.
Procurada pela reportagem do jornal, a comunicação da nova gestão, comandada por Mirella Almeida (PSD), não confirmou se houve contratação de orquestras itinerantes neste ano – nem mesmo nos pontos fixos –, afirmando apenas que “o tema será discutido nos próximos meses para o próximo Carnaval”.
O Comitê Gestor de Salvaguarda do Frevo reconheceu que a redução das orquestras itinerantes “compromete a visibilidade do frevo” e cobrou dados precisos sobre o número de apresentações e os recursos orçamentários destinados a elas.
Ainda na reportagem de Emannuel Bento, há a constatação de que “a redução das orquestras itinerantes tem criado um vazio sonoro em algumas vias do Sítio Histórico, abrindo espaço para o protagonismo das caixas de som mecânicas em residências e estabelecimentos” —o uso desses equipamentos é proibido pela Lei Nº 5306/2001, conhecida como “Lei do Carnaval”.
Outro fenômeno que vem crescendo é a multiplicação das baterias de samba. Embora o ritmo também seja um patrimônio brasileiro e tenha uma presença de mais de 60 anos no Carnaval de Olinda, com o Patusco como principal referência, a expansão dessas baterias tem trazido desafios.