Conheça Gabi Farias, destaque da música contemporânea amazonense
Cantora de 26 anos trabalha em novo álbum após 'Enchente' (2022)


Gabi Farias, de 26 anos, é uma das revelações da música contemporânea amazonense. Vitrine da manauara, “Enchente”, álbum de 2022, traz parcerias com artistas do estado. O disco é uma mistura de música pop e experimental, esbanjando camadas de beats e sintetizadores.
“É um álbum com muitas vozes e muitos arranjos. Queria que a gente voltasse a se sentir unido de alguma maneira, depois da pandemia. Que o disco nascesse de um senso de comunidade, que estava muito abalado”, explica Gabi para a Billboard Brasil.
A cantora foi criada em Itacoatiara, no interior do estado. “Minha avó me musicalizou, sempre cantava e ainda canta para mim. Na cidade, tinha um festival tradicional, com shows e concursos, e isso me apresentou a música de outra maneira.”
Vendo apresentações de Fagner, Alcione e de destaques da região, Gabi decidiu fazer licenciatura e ser professora de música. “Foi algo repentino. Não me arrependo da decisão, foi impulsivo, mas mudou a trajetória da minha vida e a maneira que eu enxergo o mundo, como me expresso.”

O apoio das matriarcas foi essencial para ela deixar o interior do Amazonas para voltar à capital e estudar. “No interior, a gente não tem muito estímulo artístico. Não tinham escolas de música. A gente, sutil e inconscientemente, é incentivado a apreciar as coisas de fora. Quando eu cheguei na graduação, precisei correr atrás de conhecimento que outras pessoas já tinham. Foi um desafio mesmo. ”
Gabi se aprofundou no passado da música amazonense para poder criar o próprio legado. Se encontrou como percussionista e compositora. Seu primeiro EP, “Vazante”, nasceu em 2019. Anos depois, precisou deixar Manaus.
“Sem sair de lá, acaba sendo difícil e não tem muitos recursos. Tive que fazer um movimento mais brusco de saída e de me colocar em um lugar com mais condições. A gente vai se frustrando de não ter onde tocar, de não ter dinheiro e incentivo público. Tem várias problemáticas”, explica.
“Não faz sentido a ideia de que eu preciso estar em São Paulo para mostrar minha música. Infelizmente, a gente precisa fazer esse movimento. Queria que a gente pudesse reverter a lógica”, acrescenta a cantora.
Em 2024, a compositora planeja lançar colaborações e continuar trabalhando no próximo álbum.
“Tem sido uma reviravolta. Os primeiros seis meses do ano é a temporada para entender [risos], depois vira outra coisa. Em 2024, tinha pretensão de participar de projetos e não lançar nada, mas estou nessa fase de pré-produção. Quero fazer mais shows e tocar as músicas que quero por no álbum novo. Gosto de ser fofoqueira e mostrar as canções logo, para ver como as pessoas reagem [risos]. Estou pensando em uma transição do ‘Enchente’ para esse disco novo. Quero trazer novas sonoridades, explorar um lado que as pessoas ainda não viram.”
