Billboard Brasil elege os melhores lançamentos da semana de 15 de dezembro de 2023
Marabu, Ogoin e Linguini, DJ Tonias e Anitta estão entre os destaques
A dupla Ogoin e Linguini criou a armadilha perfeita para não só cativar os incautos, mas também para que a própria dupla mineira pudesse ver mais camadas no debute “Ogoin & Linguini: TV Show“. Em certo ponto do álbum, a impressão é de que você deixou passar alguma época televisiva muito legal cuja trilha está se desenrolando em seus ouvidos. O projeto audiovisual embala as aventuras de uma dupla criada a beats noturnos de Belo Horizonte e que, agora, espalha as influências do grime, drill e do garage em deliciosas faixas que alguns vão insistir em chamar de “rndrill”. Na dúvida da nomeclatura, viaje com “Sideral” ou com “Luzes e Flashes”.
O paulistano Marabu é algo a mais. Parte integrante do delírio coletivo transformado em realidade que é a Nebulosa Selo, o rapper une a habilidade do parceiro Levi Keniata à própria de canetar versos com influências pouco óbvias. Em “DIMALOKA, Vol.1: Denso“, ele conceitua a “malokeiragem” como uma filha elegante da malandragem. Outros panos, outros planos, outras refs, outros jets, como diz o próprio em “santana 2000”. Em “rua escura”, em que divide vocais com Ôbigo, palmeia as ruas de São Paulo com a habilidade de quem sabe versar e marolar em qualquer ritmo espalhado pela capital. Em 2020, ele lançou um dos melhores álbuns recentes do gênero, “FUNDAMENTO“. Cai dentro.
DJ Tonias já chamava a atenção no Soundcloud. Não demorou muito para o boato de que era codinome de Maffalda, ídolo de toda uma geração clubber que aprendeu, com ele, a fórmula de um pop agressivo e sensual feito no Brasil. “Em Sofá Da Sala”, ele abusa da malemolência de MC 2Jhow para fazer o que sabe de melhor: música pop brasileira — a mesma que se acostumou a fazer para Pabllo Vittar.
Anitta, às vezes, parece estar na lua mesmo. Mas quando recebe boas companhias, a viagem para fora da realidade é um acerto. Não foi assim com a fraca “Monstrão”. Mas com “Joga Pra Lua”, o objetivo de fazer um hit pro verão foi concluído. Não sabemos se a música sustenta a pose até lá, mas a primeira impressão é algo um pouco distante das distrações recentes lançadas por ela. O tamborzão de Dennis DJ parece ter encontrado a fórmula para levantar qualquer música que começa meio parecida com todas que existem. Não se sabe até quando, mas tá funcionando.
Apesar de todos os olhos estarem voltados para a Série Especial do Carnaval do Rio de Janeiro, há aqui um incentivo para você conferir o álbum da Série Ouro, a segunda divisão da folia carioca. Se o destaque na divisão principal é o chiclete “Samba-Enredo 2024 – Pede Caju Que Dou… Pé de Caju Que Dá!” da Mocidade Independente de Padre Miguel, na Série Ouro é “Ilú-ọba Ọ̀yọ́: A Gira Dos Ancestrais”, da Império Serrano. O “Reizinho de Madureira” vai buscar o título da Série Ouro fazendo uma grande louvação aos orixás em forma de xirê. “Ilú-ọba Ọ̀yọ́” era o nome de um grande império que ocupava os locais onde hoje estão situados Nigéria, Togo e Benin, na África Ocidental. Com a diáspora, esse império criou no Brasil as bases do candomblé.
Nany People e Padre Fábio de Melo uniram forças para remixes de músicas de Natal. O EP natalino “Para Não Ser Triste” traz a colaboração do DJ Gudi e do produtor musical Ricardo Severo.