Angústia e esperança: o que mostra documentário de Céline Dion
Documentário foi lançado pelo Prime Video nesta terça-feira (25)


“Um dançarino morre duas vezes: uma quando para de dançar, e essa primeira morte é a mais dolorosa”. A frase da bailarina norte-americana Martha Graham pode resumir o angustiante documentário de Céline Dion, “I Am: Céline Dion”, lançado nesta terça-feira (25) no Prime Video.
A produção de Irene Taylor traz a batalha da cantora de 56 anos contra a rara Síndrome da Pessoa Rígida. O distúrbio neurológico, diagnosticado em 2022, afeta sua capacidade de andar e de usar as cordas vocais para cantar como antes. E não cantar, para Céline, é como a primeira morte.
“Ainda não posso usar a minha voz. Eu sinto muito falta da música. Mas também das pessoas. Sinto saudade”, ela diz em uma das cenas, aos prantos.
“Para nos reencontrarmos, não tenho escolha. Preciso me concentrar na minha saúde agora e ter esperança que vou me recuperar”, acrescenta.
Ao longo dos 100 minutos de documentário, vemos Céline em apresentações, premiações, além dos bastidores do início da trajetória e do auge da fama com milhares de álbuns vendidos ao redor do mundo. Ela ainda relembra a vida com 13 irmãos no Canadá e os sacrifícios dos pais para sustentar a família.

As cenas dos feitos dividem espaço com momentos com os filhos gêmeos, Nelson e Eddy, de 13 anos. Ela também é mãe de René-Charles, 23. Os rapazes são frutos do casamento de Céline com o empresário René Angélil, que morreu em 2016.
Mas não se engane: o documentário é uma prova da resiliência da cantora. Durante as crises, ela é amparada e cuidada pelo time médico que a acompanha –nada é cortado.
Rigidez, dificuldade em respirar e espasmos musculares dolorosos são parte dos sintomas. Um delas é engatilhada, inclusive, após a artista cantar no estúdio pela primeira vez em três anos.
“O sol vai nascer de novo/ A tempestade vai acalmar de novo/ Esse não é o fim/ E você vai amar de novo”, canta Céline, na gravação do single “Love Again”, lançado em 2023.

A cantora deixa o estúdio, atrasada para a sessão com o fisioterapeuta. Durante a conversa, ela sente um espasmo no pé. Seguido de outro, outro e mais outro…
Paralisada e sem conseguir falar, ela chora e agoniza de dor. Minutos depois, medicada, Céline retoma a lucidez. “Seu corpo não aguentou uma carga pesada [de estímulo]”, diz um dos cuidadores.
A cantora questiona, visivelmente frustrada e preocupada. “O que vou fazer? Se não posso ficar estimulada pelo que amo, então quando eu subir no palco, você vai pôr o oxímetro em mim e me virar de costas?”.
Apesar da dor, física e emocional, Céline quer e vai lutar por um final feliz –com um mundo todo na torcida: voltar aos palcos e cantar. O documentário chega ao fim com mais um trecho de esperança do single do ano passado.
“Você pode pensar que seu mundo está acabando, mas não vai/ Você pode pensar que precisa desistir, mas não precisa/ Porque você não precisa mover uma montanha, apenas continue andando”, canta Céline.