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Ogoin e Linguini: dupla mineira fez disco em homenagem à TV de ‘antigamente’

Ogoin e Linguini: dupla mineira fez disco em homenagem à TV de ‘antigamente’

Dupla não queria soar óbvia e, ao mesmo tempo, pescar tios e tias com TV Show

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Ogoin menciona os tios e o DVD de “flashblack” que rolava no Natal da família Prado. Linguini tinha medo da vinheta do horário de verão da TV Globo. O encontro do cantor itabirense com o produtor e arranjador (e também DJ e rapper) belo-horizontino foi mais do que um “colé, colé” na porta da Masterplano ou Speedtest, festas queridas dos clubbers mineiros. Terminou em um bromance excitado pelas referências que ambos iam compartilhando —de Janet Jackson a Jorge Vercillo —, culminando em “Ogoin & Linguini: TV Show”, álbum de estreia da dupla.

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“A gente não queria ser óbvio, mas também não queria soar estranho”, reflete Ogoin, revelando um pouco do que “TV Show” deixa à mostra, por meio de um cenário nostálgico sonoro e visual, pronto pra fisgar quem tinha a telinha como companheira inseparável da rotina.

“Quando você escuta, você também vê muita coisa”, complementa Linguini, que vislumbrou o álbum a partir de uma referência que expande “TV Show” para além da nostalgia. “Tem a expressão ‘tempos mais simples’. Às vezes, nem era. Mas buscar essas coisas é uma forma de refúgio momentâneo desse presente maçante”, filosofa.

Antes de serem dupla, ambos desfrutavam da cena noturna de BH— onde Linguini começou a se destacar pelas pancadas na noite eletrônica.

Foi nesse “colé, colé”, como brinca o produtor, que a fome de ambos juntou-se com a vontade de comer. Só faltava uma estética que consolidasse esse bromance. Foi quando o “pluggnb” e o hyperpop do produtor norte-americano lvusm mostrou uma oportunidade.

Música para todas as idades

“É um moleque de 20 anos super oitentista, noventista – eque faz tudo no Fruit Loops [software popularíssimo de composição] . Ali eu vi que era possível um som que reativasse a memória de um senhor de 60 anos usando o que eu tenho!”, desenha Linguini, exibindo a empolgação de quem descobriu um caminho na mata densa que é a música pop brasileira.

Os mais velhos caem na pilha de canções como “Luzes e Flashes” —destaque do álbum com seção de violinos remetendo ao final dos anos 1970. Essa interpolação temporal fica mais clara quando Linguini revira o celular revisitando os links que trocou com o parceiro durante a confecção do álbum.

“Tem ‘Dropping Seeds’ [de 2017, de Tyler The Creator], ‘Control’ [álbum de 1986, de Janet Jackson], ‘A Mile, a Way’ [de 2020, de keiyaAe tem ‘Deve Ser’ [de 2007, de Jorge Vercillo]”, revela, abrindo o cooler de iscas.

Os meninos são como maestros de uma programação pela memória.

“A memória afetiva ajuda muito nessa assimilação do público com algo novo. É uma estratégia muito interessante. Eu falo ‘estratégia’, mas não entenda que foi algo pensado. Mas esse disco vai mostrando surpresas para quem nos rotulava como ‘rndrill’. Hoje em dia, trap é uma coisa que eu não consumo muito. Mas o álbum tem um momento assim com o Abott [uma das revelações também de BH], só que pirando em cima da disco music”, diz Linguini citando “Nessa Noite”, que logo desemboca em uma filha das produções de Pharrell Williams, “Drinks Infames”.

Memórias da TV antiga

As vinhetas que circulam em “TV Show” ajudam a expansão do álbum em uma época difícil para produtores independentes. Desde a capa, a dupla se confunde com um programa de televisão e atmosfera vai além de uma boa sacada. “Tem a vinheta de abertura, tem o barulho da TV ligando, a vinheta do canal… A ideia foi pensar a minha própria memória e ver, porra, a sensação da vinheta do ‘Domingo Maior’! Eu morria de medo da vinheta do horário de verão”.

Esses exemplos não estão em “TV Show” mas, sim, o sentimento coletivo que elas provocam em nossa memória. Quem gosta muito de TV e rádio sabe.

“Eu fui pesquisar pra ver se só eu tinha essa brisa e, não, geral tinha também! Era um arppegiator [sintetizador que dispara arpeggios], me dava uma agonia! Morria de medo! E aí que é a fita: é uma parada pessoal mas, depois que eu lanço, vejo que outras pessoas se identificam e o disco deixou de ser uma coisa minha.”

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