Kanye West em SP: segundo produtores, nazismo foi discutido durante negociações
Empresa responsável pelo show diz que 30 mil ingressos já foram vendidos
A três semanas da data anunciada, o show de Kanye West em São Paulo segue sem local confirmado. O Autódromo de Interlagos — inicialmente reservado — foi vetado pela Prefeitura de São Paulo, que afirmou não compactuar com discursos de ódio e anunciou a devolução integral da taxa de uso do espaço.
Apesar do impasse, a produção insiste que o espetáculo “vai acontecer” e diz negociar alternativas de grande porte na capital.
Após o veto a Interlagos, os organizadores tentam levar o show para o Estádio do Morumbi (administrado pela Live Nation). O Pacaembu chegou a ser considerado, mas não teria datas disponíveis. Existe a possibilidade de Kanye integrar o Festival CENA, na Neo Química Arena (21 a 23 de novembro), com um dia dedicado exclusivamente a ele dentro do evento.
De acordo com a produção, cerca de 30 mil ingressos já foram vendidos até 7 de novembro. Se houver adiamento, o público será reembolsado. A gestão municipal informou que a taxa paga pelo autódromo também será devolvida.
Inicialmente, o desejo dos organizadores era a rapper Nicki Minaj, segundo informações obtidas com exclusividade pela Billboard Brasil. “Foi feito o pagamento para ela e foi devolvido. Ela desistiu. E, então, houve a oportunidade do Ye. Desde o final do ano passado que estamos discutindo a vinda dele”, explicou Gabriel Borges, CEO da Q2 Ingressos, responsável pelo evento.
Antes do veto, a produção planejava um palco inédito no Brasil, com passarela e uma bola inflável gigante que levaria o artista até o público — desenho inspirado no recente show de Xangai. O contrato também prevê a vinda de dois artistas “misteriosos” ao lado de Ye. Nos planos originais de Interlagos, haveria ainda um palco alternativo com MC Livinho, Kayblack, MC Caverinha e Vulgo FK. A organização admite que o pedido técnico é “o melhor que existe —e até o que não existe”, e que fez estudos de viabilidade antes de assinar.
Por que Interlagos foi vetado
A Prefeitura declarou que a autorização foi revogada ao confirmar que o artista era Kanye West, citando como motivo o histórico de falas antissemitas e racistas e a recente música “Heil Hitler”, banida de plataformas digitais. Em resposta, a produção classificou a decisão como unilateral e disse ter planejado força-tarefa para coibir qualquer manifestação de cunho nazista “do público ou do próprio artista” durante o evento.
De acordo com a Q2 Ingressos, a questão foi previamente discutida com o artista.
“Isso foi colocado na mesa de negociação. Para nós era muito importante saber o que ele estava pensando no momento. Nosso foco sempre foi na arte, na música. É um dos maiores artistas do século, com contribuição imensurável e muito pedido pelos brasileiros. A gente acompanhou os pedidos de desculpas dele e, assim, focamos no artista que ele é e na demanda”, ressaltou Gabriel.
Nesta segunda (10), o prefeito Ricardo Nunes declarou que “em equipamento público da prefeitura, ninguém que faça apologia ao nazismo vai tocar ou cantar nem uma palavra. Nós não aceitamos e vamos fazer tudo o que for necessário e preciso para que a gente não permita que ninguém que faça apologia ao nazismo tenha qualquer tipo de atividade aqui na cidade de São Paulo”.
Para quem comprou ingresso
Se o show for adiado, a produção informa que haverá reembolso. Se o local for trocado, os ingressos já emitidos devem permanecer válidos; a organização se compromete a comunicar oficialmente as instruções de acesso, setores e eventuais trocas necessárias.








