Billboard Brasil analisa The Town 2025: erros e acertos
Avaliação da Billboard Brasil sobre shows, ativações e falhas do festival em SP
A segunda edição do The Town terminou no último domingo (14) no Autódromo de Interlagos, em São Paulo. Em cinco dias de festival, o público teve acesso a diversas experiências e shows de artistas nacionais e internacionais como Travis Scott, Matuê, Green Day, Pitty, Backstreet Boys, Jota,pê, Mariah Carey, Lionel Richie, João Gomes e Katy Perry, entre outros.
De acordo com a Rock World, empresa que organiza o festival, o público total nos cinco dias de festival foi de 420 mil pessoas. A expectativa era de 100 mil para cada um dos cinco dias. O resultado também ficou abaixo do alcançado em 2023, quando chegou a 500 mil pessoas. Apesar da queda, a Secretaria Municipal de Turismo, apoiada por estudo da FGV, informou que o impacto econômico para a cidade foi de R$ 2,2 bilhões. Na primeira edição, a injeção na economia local foi de R$ 1,7 bilhões. A seguir, Billboard Brasil lista acertos da segunda edição, pontos a melhorar, destaques musicais, experiências a ativações de marcas.
O que deu certo no The Town
1 – Circulação das pessoas no festival

A circulação de pessoas foi um dos maiores enroscos da primeira edição do The Town. Este ano, porém, deu para sentir que mudanças foram feitas na espacialidade, diminuindo o alto trânsito de gente em pontos de afunilamento entre palcos e ativações. Com mais espaços entre os palcos e maior intervalo entre os shows, a sensação foi de mais facilidade entre os deslocamentos. Em contrapartida, as pessoas precisaram andar mais – mas isso já é rotina para quem gosta de festivais.
2 – Parque de diversões e brindes

Mirando o modelo do Rock in Rio, o The Town é também um grande parque de diversões com tirolesa, roda gigante e afins (nos aprofundaremos mais no item 6). Além das experiências, o público também disputou os brindes exclusivos distribuídos pelas marcas: a Trident entregou a disputada bolsinha em formato de boca e ventosas para celular; a Pool Jeans levou shoulder bags feitas de jeans reciclado e bucket hats estilosos; a Johnnie Walker apostou em capas para tênis e pins colecionáveis; já a Club Social ofereceu chaveiros, cordinhas de óculos e até lentes fish eye para celular. Brindes que, além de funcionais ou fashionistas, viraram também parte da experiência de colecionar memórias do festival. Ponto negativo: as longas filas para descolar os mimos.
3 – Transporte

O The Town 2025 investiu em transporte para facilitar a chegada ao festival: as estações de Metrô e CPTM funcionaram 24 horas, e a estação Cidade Dutra foi reativada para o Serviço Expresso, ativando um trem com menos paradas por R$ 35 o valor da ida e da volta. Outra novidade foi o The Town Primeira Classe, ônibus executivo com assentos reclináveis e ar-condicionado, que levou o público diretamente a Interlagos a partir de pontos estratégicos de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná. Além disso, o festival contou com o The Town Express, ônibus regulares conectando terminais da capital à entrada do festival, garantindo mais conforto e conveniência para os visitantes.
O que pode melhorar no The Town
1 – Line-up

O primeiro fim de semana, dedicado a rock e trap, teve ingressos esgotados e deixou claro que o público gostaria de mais um dia de festival dentro dos cinco previstos. A música latina marcou presença no último dia, mas o line-up poderia ter incluído mais nomes do gênero. Já para as atrações internacionais, uma boa oportunidade seria trazer os primeiros artistas de K-pop ao evento. Outro ponto negativo: artistas de altíssimo nível, como Geraldo Azevedo e Juliana Linhares, artistas potentes e de gerações distintas, se apresentaram juntos no Palco Factory para pouquíssimas pessoas. Não basta escalar nomes legais, é preciso posicioná-los de forma mais estratégica entre as grandes atrações.
2 – Visibilidade de palco

Especialmente no palco Skyline, a visão se dá pelos telões apenas. O maior palco do The Town pecou por não ter áreas de escape, o que gerou momentos tensos, como o show do Don Tolliver. Um dos grandes nomes do trap mundial, Tolliver precisou interromper o show por 15 minutos para evitar o esmagamento iminente do público que estava junto à grade. Relatos de quem estava na confusão apontaram como principal ponto de tensão foi o fato de não existir áreas de escoamento de público. Além disso, como o palco foi instalado numa área plana do autódromo, a própria altura do palco e as estruturas metálicas que sustentam as caixas de som impediam a visão direta.
3 – Áreas de descanso

Entre muitas caminhadas, havia pouco espaço de pufes e gramado para o público descansar. Dessa forma, o público que comprou ingressos mais simples tiveram que improvisar com cangas e pufes infláveis trazidos de casa. Fica aqui um apelo para uma melhora nesse ponto para 2027, já que a maratona The Town tinha cerca de 12 horas de programação por dia.
4 – Música eletrônica sem palco
Sentimos falta do palco New Dance Order, que trouxe um ótimo line-up de música eletrônica na primeira edição. No lugar dele, foi criado o The Tower, uma experiência com dançarinos e cenografia de um “Dragão”, com espaço para apenas um DJ por noite, encerrando a programação do festival. Destaque para a nossa “artilheira”, ANNA, DJ paulista que tem brilhado em festivais pelo mundo afora.
5 – Área de alimentação
Apesar de ter boas opções, a área de alimentação mais premium não foi suficiente para receber a multidão de famintos que circulou pelo festival. A reportagem testemunhou filas de espera enormes em várias tentativas de se alimentar no Market Square, espécie de praça de alimentação que contou com curadoria de Henrique Fogaça.
Público da Billboard Brasil elege Ivete Sangalo como melhor show do The Town
Em votação feita no site da Billboard Brasil, o show de Ivete Sangalo foi escolhido o melhor do festival com 51% dos votos. O Green Day foi o segundo colocado com 11% dos votos, seguido por Katy Perry com 8%. Veja o resultado, abaixo:
Ivete Sangalo – 51%
Green Day – 11%
Katy Perry – 8%
Backstreet Boys – 7%
Iza – 6%
Junior – 4%
Joelma e convidadas – 3%
Priscilla – 3%
Mariah Carey – 2%
Lionel Richie – 2%
Luisa Sonza – 2%
Ludmilla – 1%
Veja os destaques musicais do The Town 2025
Palco quebrada – Samba, rap e brasilidade

No Palco Quebrada, a experiência foi de proximidade e vibração coletiva. No primeiro final de semana, as novas gerações brilharam com Matuê, MC Hariel e Duquesa, colocando o trap, o funk e o rap brasileiros no centro da cena. O molho ficou por conta dos veteranos, que vieram na semana seguinte: Péricles e Dexter entregaram um encontro icônico do samba com o rap que celebrou a brasilidade de forma visceral. Criolo seguiu no embalo, rasgando o verbo com posicionamento político, inclusive estampado em sua jaqueta em homenagem à deputada Érika Hilton. Belo, embaixador do espaço, encerrou o line-up com gogó de ouro: um repertório memorável que atravessa gerações. Menção especial para a Batalha da Aldeia: com MCs locais e novos talentos mostrando sagacidade, energia crua e pulsante do freestyle.
Palco The One – Rock, pop, brasilidade e soul

The One combinou cenas musicais de alto quilate. Karol Conká abriu os trabalhos, convidando Ebony e AJULIACOSTA – mulheres de rimas afiadíssimas que estrelam a capa do suplemento especial da Billboard Brasil deste mês. Lauryn Hill, nossa senhora da música preta, trouxe a prole dos Marleys, recebeu o especialíssimo Wyclef Jean e nos presenteou com uma dose inesquecível dos Fugees. No dia de rock, Pitty incendiou com clássicos de seu repertório, força, carisma e domínio absoluto do palco. Iggy Pop, por sua vez, fez uma masterclass de punk, mantendo o público em êxtase do começo ao fim. CPM22 não deixou por menos: rock’n roll brazuca e mosh pits (roda punk).

Luísa Sonza atravessou fases de sua carreira com um show catártico, em que se permitiu ser múltipla e livre, com uma pitada rock’n roll. Priscilla Alcantara passeou do gospel ao pop contemporâneo, coroada pelo encontro histórico com a Fat Family em “Jeito Sexy”. Gloria Groove transformou o palco em espetáculo teatral, bastante elogiado pelo público, com hits que ganharam novas camadas e uma pegada circense. Aos 76 anos, o ícone Lionel Richie fez um show apoteótico que colocou até os novinhos para dançar, com direito a dueto com a plateia em vários hits como “Endeless Love”. Ludmilla, por sua vez, navegou entre o baile funk e o r&b, com coreografias explosivas e a presença magnética de Victoria Monét. Já Joelma fez do palco uma celebração à cultura nortista, ao lado de Zaynara, Dona Onete e Gaby Amarantos – três gerações do Pará em plena comunhão.
Palco Skyline – Música global

O Skyline foi o portal que conectou Interlagos com o mundo. O nigeriano Burna Boy inaugurou a sequência com a cadência contagiante do afrobeat, numa explosão de energia que mostrou como sua sonoridade já é universal. Travis Scott, em seguida, transformou Interlagos em um espetáculo de luz, fumaça e beats de trap que reverberaram por toda a plateia. O Green Day entregou a catarse punk-pop, com coros que atravessaram gerações e um público inteiro se jogando no mosh coletivo.

A nostalgia também teve palco: os Backstreet Boys, estrelas da capa da edição 17 da Billboard Brasil, fizeram multidões viajarem no tempo, enquanto CeeLo Green abriu uma pista de dança a céu aberto com grooves irresistíveis. Mariah Carey desfilou sua realeza vocal em hinos que atravessaram décadas do pop e r&b. Do Brasil, Ivete Sangalo reafirmou sua força ao unir axé e simpatia em um show de pura celebração. Katy Perry, com cenografia grandiosa e carisma, trouxe um espetáculo tecnicolor que é a cara da cultura pop. Já Camila Cabello imprimiu intensidade latina e sensualidade em cada gesto. Iza, a Imperatriz, encerra nossa seleção de destaques, com a potência de sua voz, costurando soul, pop e muito reggae, em uma performance arrebatadora que apresentou sua nova era.
Além dos Holofotes

Nos palcos menores do The Town, como o Factory e o São Paulo Square, artistas com trajetórias distintas também entregaram performances memoráveis. No dia 13 de setembro, Stefanie representou brilhantemente o rap nacional, com influências dos anos 90, e o repertório de seu álbum de estreia, “BUNMI”. No mesmo dia, no São Paulo Square, Alaíde Costa e Claudette Soares se uniram à The Square Big Band para uma apresentação que mesclou bossa nova e jazz, encantando o público com a maestria da dupla. Geraldo Azevedo recebeu Juliana Linhares, ambos saudaram o eterno Hermeto Pascoal, em uma apresentação que mesclou frevo, forró e brasilidades, uma dupla que faz jus à música nordestina na vida e no The Town. Rachel Reis, com sua força e potência baiana, entregou um show cheio de gingado e ritmo envolvente. Outro destaque foi a potência de Bur, com sua música visceral que mistura mangue beat, rock e maracatu.
Ativações de Marca e Experiências
- Baile Funk

O funk tomou conta do festival com uma festa animada promovida pelo Club Social em parceria com o coletivo Submundo 808. DJs e dançarinos levaram o público para o coração do baile, enquanto os participantes podiam remixar hits clássicos e interagir com ativações digitais e brindes exclusivos.
- Tirolesa

A tirolesa da Eisenbahn deu uma perspectiva diferente do festival, permitindo que o público deslizasse sobre o espaço e contemplasse Interlagos de cima, combinando adrenalina e diversão.
- Roda-Gigante

A clássica roda-gigante ofereceu vistas panorâmicas do The Town, transformando o passeio em um momento de lazer, contemplação e fotos memoráveis, e se tornou ponto de encontro para quem queria descansar entre shows.
- Karaokê, estúdio de podcast e mais

Diversas marcas criaram experiências para engajar o público: estúdios de podcast, karaokês, games e lounges temáticos. A Vivo trouxe um ambiente inspirado na Amazônia, enquanto a Coca-Cola, com o Coke Studio, ofereceu shows intimistas com artistas como MC Luanna, Day Limns e Carol Biazin, além de um estúdio de podcast dentro do espaço.
- Momentos de descanso e lazer

Além das atrações principais, Porto Seguro montou lounges, lockers e atrações interativas, garantindo que o público pudesse relaxar entre performances, sem perder a energia do festival.
BILLBOARD NO THE TOWN
Este ano, a Billboard Brasil participou do The Town em um momento histórico, marcado pelo maior número de ativações com marcas patrocinadoras. Com Coca-Cola retornou com a curadoria do Coke Studio, em sua terceira edição, reforçando a conexão entre música e experiências únicas; Sprite promoveu uma cobertura especial e curadoria de DJs em ação inédita no metrô; Trident trouxe uma ação exclusiva com Luísa Sonza, uma das maiores artistas do país, enquanto Club Social destacou as mulheres que estão transformando a cena do rap com conteúdos especiais. O Airbnb antecipou a experiência do festival com uma ativação exclusiva pré-evento, e a Eisenbahn garantiu presença com cobertura em tempo real. Já a Diageo, por meio da marca Johnnie Walker, apostou em uma ação que celebra a música.
A performance da Billboard Brasil durante o The Town 2025 reforça sua força como canal de conteúdo musical. Foram mais de 600 conteúdos produzidos, que geraram +55 milhões de visualizações, impactaram +40 milhões de usuários e resultaram em +600 mil interações em diferentes plataformas.
Fique com um dos conteúdos da nossa cobertura que mais deram o que falar; uma entrevista exclusiva com os Backstreet Boys, que terminou com o grupo cantando uma versão da música “As Long As You Love Me”.








