Zeca Pagodinho é mencionado em disputa entre Governo e Congresso na crise do IOF
Samba 'Cada um no seu cada um' é da dupla Prateado e Carica


Enquanto o Governo e Congresso disputam a narrativa sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), coube a Jorge Messias, ministro da Advocacia Geral da União (AGU), citar um samba gravado por Zeca Pagodinho para engrossar o caldo do pagode.
Registrado no álbum “Alô, Mundo!”, de 1993, “Cada Um No Seu Cada Um” é de autoria da dupla Prateado e Carica. O samba tem versos resignados e pede que cada qual permaneça em seu canto, evitando conflito de interesses e território.
Cada um na sua onda, cada um na sua prancha
Eu não vou mais no teu barco
Tu não vem na minha lancha
“O respeito à individualidade é uma marca das relações que frutificam. No campo institucional, fala-se em harmonia; no dito popular, “cada macaco no seu galho” traduz bem a ideia de cada um deve cuidar da sua parte, sem invadir o espaço alheio”, tuitou o ministro.
A fala acontece no dia em que o ministro do STF Alexandre de Moraes determinou a suspensão dos efeitos do decreto presidencial que elevou as alíquotas do IOF, e também suspendeu o projeto que derrubou esse decreto, anulando, portanto, todas as medidas relacionadas ao aumento do imposto. Além disso, ele convocou uma audiência de conciliação para discutir o tema.
Entenda a crise do IOF e a disputa entre Governo e Congresso
Moraes pediu um prazo de cinco dias tanto para o Congresso Nacional, como para o Governo Lula, explicarem o que levaram às decisões. Do lado de Lula, para aumentar as alíquotas de imposto. Já dos parlamentares, para suspender os efeitos do decreto que previa a elevação do tributo.
Essa audiência, que já vinha sendo articulada nos bastidores do STF, conta com o apoio do ministro da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, que defende a conciliação como forma de resolver grandes conflitos. A audiência está marcada para o dia 15 de julho, às 15h, no Supremo Tribunal Federal, e tem o objetivo de definir os rumos do IOF.
A equipe econômica do governo, liderada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), anunciou um decreto presidencial que elevou o IOF incidente sobre operações de crédito, principalmente para empresas.
A medida, implementada por meio de decreto presidencial publicado na data, tinha como objetivo arrecadar R$ 20,5 bilhões a mais neste ano e R$ 41 bilhões em 2026.
IOF é um é um tributo federal cobrado pelo governo sobre uma série de operações que envolvem dinheiro, principalmente:
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- empréstimos (como crédito pessoal ou financiamento);
- câmbio (compra de moeda estrangeira);
- seguros;
- investimentos (como compra e venda de títulos).
A medida repercutiu mal no mercado financeiro. No mesmo dia do anúncio, o próprio governo recuou sobre a medida. Ele revogou o IOF mais alto para aplicações em fundos nacionais fora do Brasil. Ou seja, retomou a alíquota zero para esse caso.
O recuo, no entanto, não foi considerado suficiente pelo Legislativo.
Considerada necessária pela equipe econômica para equilibrar o orçamento e buscar o atingimento da meta fiscal deste ano, a proposta sofreu com forte resistência do Legislativo por envolver aumento de tributos.